Hanyang, 1828

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A máquina soltava fumaça.

E antes que Yeo Reum pudesse fazer algo, seu ouvido zuniu e tudo ficou branco. Seu corpo encontrou o chão, mas o chão sumiu também.

Ela parecia estar desaparecendo, virando fumaça no meio da vastidão branca. Fechando os olhos, decidiu aceitar o que estava acontecendo, não importasse o que aquilo fosse.

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     QUANDO ME VI APAIXONADO POR YEO REUM, soube que o resto de minha vida seria difícil. Porque Kim Yeo Reum nunca me pertenceu, de fato. Nunca pertenceu a Hanyang ou então Chosŏn. E eu, como wangseja e tendo os melhores seuseung-nim, deveria ter notado isso quando a primeira coisa que Yeo Reum, vestida em peças que eu jamais vira na vida, fez quando deparou-se comigo naquela floresta foi se atirar no chão e pedir perdão e por sua vida enquanto desmanchava-se em lágrimas.

— Tenha piedade de mim, seja-jeoha! Por favor! — ela implorou, ainda jogada em minha frente. Abaixei-me em uma distância segura para alcançar e suspender seu rosto. Lágrimas escorriam pela pele pálida e seus olhos eram vermelhos. — Eu não sei o que aconteceu, eu não deveria ter vindo parar aqui. Por favor, seja-jeoha, poupe minha vida!

Meu dever como futuro jusang de Chosŏn era acabar com aquela situação ali mesmo, mas aquela moça despertou-me a curiosidade de uma forma jamais vista. Suas vestes, o cabelo livre do kwimit-meori, tudo. Yeo Reum era uma criatura diferente de todas as que eu já tinha visto.

O pano que envolvia seu pescoço foi a coisa que mais me intrigou; era bonito, mas incomum. Me afastei e olhei para trás, buscando por qualquer sinal de Seok Im, meu escudeiro, que parecia ter sumido por entre as árvores da densa floresta.

— Levante-se, agasshi — ordenei. Yeo Reum prontamente se levantou. — Essa é uma caçada real. Você não deveria estar aqui.

— Me perdoe, jeoha — ela praticamente balbuciou, abaixando o rosto. — Não era minha intenção estar aqui. Se você apenas permitir, posso dar meia volta e ir embora.

Dei um passo à frente e ela se encolheu, pisando em um galho. Me ocorreu o desejo de deixá-la cair, era petulante de sua parte apenas estar em uma área proibida e ela merecia um castigo por isso, mas segurei seu braço e a mantive em pé. Yeo Reum suspirou, aliviada. Desci meus olhos por suas vestes nada comuns.

Eu nunca tinha visto nada igual àquilo.

— Você não parece ser daqui. — soltei-a. — É de alguma outra província ou nação?

Yeo Reum negou com um murmúrio contido.

— Não, jeoha. Sou da terra em que nossos pés estão pisando. Seul.

Ergui as sobrancelhas, ainda mais curioso. Do que aquele ser estava falando? Por que era tão esquisita na forma como se vestia e não parecia ser uma de nós, mas me tratava com tamanho respeito e possuía uma pronúncia tão perfeita?

— Seul?

Ela abriu a boca, mas ponderou.

— Hanyang, devo dizer.

Desde o primeiro momento, Yeo Reum demonstrou ser encantadora e cheia de virtudes, sobretudo sagaz e com um rápida raciocínio. Não pude deixar de entrigar-me cada vez mais com respeito a sua pessoa e fui intimamente forçado a não expulsá-la de minha presença da única forma que isso poderia ser feito.

Jeong: A Scarf and A Time Traveling Queen | Byun Baekhyun ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora