CAPÍTULO 13

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Bom, confesso que trabalhar com ele depois de ontem estava sendo muito estranho. Mal conseguíamos olhar para a cara um do outro. Ele estava fazendo todo o trabalho sozinho, me deixando sentada no chão durante todo o período.

── Olha, isso não vai rolar ── Falei, enquanto me levantava do chão e limpava a minha bunda, pelo chão empoeirado do shopping.

Ele me olhou, e cruzou as sobrancelhas. Eu não sabia o que ele iria dizer.

── Do que 'cê tá falando? ── Ele perguntou, calmo.

── Eu não quero fingir que aquilo não aconteceu ── Respondi, vendo que ele mantinha os seus olhos em mim.

O shopping estava movimentado, e de longe eu poderia ver que estavam chegando mais clientes. Eu tinha que voltar para o caixa.

── Eu também não quero ── Ele falou, sendo franco.

Seus pés se mexiam, ansioso. Eu também não parava de mexer nas minhas próprias mãos.

── Mike, eu não quero que você pare de se importar comigo ── Eu disse, tentando não deixar que meus olhos lacrimejassem.

Ele era importante para mim. Muito importante.

Mike soltou um sorrisinho, e quando ele iria falar algo; o sininho tocou. Era alguém querendo sorvete.

Limpei os meus olhos, que estavam prestes à encherem de lágrimas e limpei a minha mão no meu avental vermelho.

── Eu preciso ir ── Falei, enquanto ele ficava me encarando. E mesmo de longe, eu podia sentir os seus olhos sobre mim.

[ ... ]

── Vem cá, você não cansa de tomar sorvete, não? ── Mike perguntou para Erika, incrédulo, como se aquilo não fosse a nossa fonte de renda, o nosso trabalho.

Erika estava com duas amigas.

── E você não cansa de ser chato, não? ── Ela retrucou, me fazendo rir. Mike me olhou de canto, cruzando os braços.

── Eu? Chato? Haha ── Ele debochou, entregando o potinho de baunilha para ela. ── Você viu o Lucas em algum lugar?

── Não? Ele é o meu irmão, não o meu cachorro ── Mike cruzou as sobrancelhas, balançando a cabeça.

── Você é maluca.

── Tá estereotipando que eu sou raivosa? ── Ela argumentou, enquanto tomava o sorvete. E Mike colocou as mãos na cabeça, como se aquilo fosse o fim do mundo.

── Eu não disse nada disso! ── Sua voz saía quase como um pedido de socorro. ── Olha, vem aqui mais tarde pegar um sorvete de graça.

Ele estava com um sorriso estampado no rosto, parecendo falso, e Erika parerecia tranquila. Muito tranquila.

── Então, meninas, vão querer mais alguma coisa? ── Os interrompi naquele clima, e as outras me olharam, balançando a cabeça. ── Tá! Então um ótimo filme para vocês! Tchau!

E elas foram, andando iguais. Olhei para o Mike, que estava bufando.

── Garotas me deixam maluco!

Levantei a sobrancelha, vendo que estávamos quase voltando ao normal.

── Olha, S/N, voltando àquele assunto... ── Ele pegou em minha mão, fazendo com que meu coração palpitasse. ── Eu não queria que acabasse assim, não mesmo. Ainda nem começamos nada, eu sei. Mas... Mas eu gosto de você, S/N, gosto mesmo.

As palavras dele saíam rápido, ele parecia quase sem fôlego.

── Toda vez que eu durmo, penso em você ── Ele continuou. ── Não tem absolutamente nada que eu faça, que eu não lembre de você.

Aquelas palavras estavam me deixando surpresa. E a única quem tinha errado, era eu.

── Pode parecer estranho, eu sei... E eu nunca conheci alguém com você, S/N.

Soltei um sorriso fraco.

── Olha, eu queria poder mudar isso ── Respirou fundo, tomando ar finalmente. ── Queria poder mudar a forma como você me vê.

── Mike, eu também gosto de você ── Admiti, em voz alta, pela primeira vez na minha vida. ── E seu jeitinho, fez com que eu... Com que eu me apaixonasse por você.

Ele riu, como se estivesse aliviado. E eu soltei um sorrisinho.

── Bom, você é a primeira garota que eu gosto, então...

Peguei em sua camisa e o puxei para perto. Fiquei na pontinha dos pés e senti os seus lábios pela primeira vez. Quente e com sabor de chiclete de menta. Minha boca começou a arder por conta do sabor, mas isso não foi suficiente para pararmos o beijo.

E acabamos esquecendo que estávamos em frente ao balcão, onde qualquer pessoa que passasse, poderia ver. Rápido me afastei, vendo que ele estava paralisado. Olhei em volta, nenhum conhecido por perto.

O olhei de volta, e ele estava do mesmo jeito, só que tinha um sorrisinho entre seus lábios.

── Mike?

Ele saiu de um transe, me encarando.

── Oi?

── Você tá legal? ── Ri, achando engraçado a forma como ele tinha ficado.

── Eu... Eu tô ── Sua voz estavam desconcertada, e suas bochechas coradas.

── Relaxa aí, cara ── Bati em seu ombro, fazendo com que ele soltasse um sorrisinho. ── Esse foi só o primeiro.

Dei uma piscadinha, e o vi mexer no cabelo, para disfarçar o quanto ele estava tímido.

𝐬𝐭𝐚𝐫𝐜𝐨𝐮𝐫𝐭, mike wheelerOnde histórias criam vida. Descubra agora