mike.
── Puta merda! ── A garota exclamou, rindo. Eu a olhei, com puro ódio. Ela era tão boba... ── Limpa logo isso aí, antes que o nosso chefe reclame.
Eu bufei, e pensei em uma maneira mais rápida de limpar o balde de sorvete no chão. S/N ria disso;
── Para de rir, idiota ── Falei, enquanto pegava aquela pasta grudenta com as mãos. O shopping estava começando à lotar, e conseqüentemente, pessoas chegariam aqui.
Era verão, ninguém precisava ir à escola. E os pais, estavam ocupados demais fazendo greve pelo capitalismo estar tomando poder em Hawkins.
── Wheeler, isso é nojento ── A garota dizia, sentada no balcão. Eu a olhei, incrédulo. Ela pareceu sacar, visto que tinha descido no mesmo instante.
Aquela garota, era com certeza, a maior coisa que eu odiaria naquele verão.
── Se é nojento ou não, fiz merda e preciso limpar
── Eu falei, tentando não demonstrar muita raiva.── Okay ── Ela ergueeu as mãos para o alto, em sinal se rendimento ── Você nunca trabalhou antes, não é? O que te fez vir?
Eu a olhei. Aquela tinha sido a primeira vez que eu ouvi algo que não era um xingamento ou sarcasmo, vindo dela.
── Preciso de uma grana pra comprar um nitendo novo ── Dei de ombros, fazendo força para carregar o sorvete. Vi que ela tinha cruzado as sobrancelhas. ── O que foi agora?
── Sei lá ── Ela coçou a nuca. ── Achei que seus pais eram ricos.
── Meu pai era ── Expliquei. ── Mas ele resolveu se casar com a minha mãe.
Ela tossiu.
── Por quê disse isso? Sabe que foi machista, não é?
Revirei os olhos.
── Eu não fui ── Rebati, meio ofendido.
── Ah, foi ── Ela enfatizou, chegando mais perto. ── Você poderia não ter citado ela nisso. Até parece que só ela quem gastou todo o dinheiro dele.
Mordi os lábios, eu odiava não ter argumentos para isso. As mulheres naquela época, estavam fervendo de raiva pelo sistema opressor.
── Foi mal ── Nem ferrando que eu começaria uma batalha sobre isso.
Ela não disse mais nada, apenas virou a cabeça se sentindo vitoriosa.
Limpar tudo aquilo não demorou tanto. Assim que eu joguei fora, escondido, é claro, todo aquele sorvete de amendoim, limpei o chão, e quem visse, não falaria nada.
── É... acho que você poderia limpar o meu quarto de graça ── S/N mumurrou, enquanto me via passar pano.
Eu nunca tinha feito isso. A olhei.
── O quê? Por quê?
E eu também nunca entrei no quarto de uma garota.
── Porquê você limpou muito bem? ── Ela respondeu, como se fosse o óbvio.
Acho que eu estava viajando. E aquele emprego me deixava maluco.
continuo?