Universidade St. Juniper

1.08: Gabriel Owen Dinozzo

Universidade St. Juniper, Nova Orleans, Estados Unidos

24 de agosto de 2025

Ao contrário das ruas de St. Juniper e dos blocos de salas, que estavam agitados com a movimentação de estudantes, o prédio da diretoria permanecia silencioso. O barulho dos passos ecoava pelo corredor, o som dos tênis de solado emborrachado reinava soberano. Caleb engoliu em seco, não imaginava que o centro administrativo fosse tão vazio. Ou então todos trabalhavam no profundo silêncio, como se não existissem.

Ao contrário da decoração, ele se vestia inteiramente de preto: camiseta, jeans e All-Stars de cano alto, com exceção da camisa de manga curta de listras verticais, em tons de laranja, preto e branco. A cor extravagante era a sua preferida, depois do preto, pois remetia à sua dupla ascendência divina: as sombras do seu avô e os horizontes de sua avó.

Ele seguiu as instruções do memorando até se deparar com o final do corredor, encontrando uma antessala. Havia uma porta prateada no fundo, sem muitos adornos, apenas a placa de madeira de lei com as informações revestidas em tinta branca: Diretoria da Universidade St. Juniper

Ao lado direito, oito poltronas quadrangulares de chenile branco, as quais algumas já estavam ocupadas. Napoleon Atwood, Nicklaus Conway, e seu velho "amigo", Sebastian Williams. À esquerda, uma mesa de mogno longa, abrigando um computador e algumas pastas organizadas, tendo atrás de si um rapaz branco, com cabelos loiros despenteados, barba e olhos claros.

— Você deve ser Caleb Zobrist Bishop, da Kappa Ômega Mi. Está no horário. Aguarde um momento, a diretora logo irá chamá-lo.

O moreno se acomodou na penúltima poltrona, ao lado de Leon, pois sabia que estar próximo de Sebastian tornaria as coisas piores.

Estavam encrencados, imaginou, pois Perséfone cumpriu sua promessa e informou Têmis sobre os ocorridos da noite passada. Foi acordado por um pergaminho alado, exigindo sua presença na sala da diretoria antes do início das aulas; com isso, deixou a irmandade logo que o sol nasceu.

Caleb estava física e mentalmente bem, a benção de Apolo foi efetiva em sua saúde, pois no mínimo deveria estar enfrentando uma ressaca daquelas. Ele fez uma prece diante do sol, ao deus que salvou sua pele. O Bishop sempre se sentiu próximo do deus da Luz, ainda que nunca tivesse o conhecido cara a cara, e agora estava grato por tê-lo por perto na noite passada.

A porta da diretoria se abriu, e Paulo deixou o interior da sala, sob o olhar predatório de Nicklaus. O filho de Éris se encolheu e passou rápido por ele, mas ao avistar Leon e Caleb na sala de espera, sentou-se entre os dois.

— O quão ruim foi? — Leon perguntou.

— Na verdade, foi tranquilo. Bem... graças a ele.

Com a menção de Paulo, Caleb voltou seu olhar para a diretoria, e quando Nick entrava na sala, Aidan deixava o local. Observou os olhos negros indecifráveis, como uma incógnita. Os traços asiáticos pareciam ainda mais reforçados naquela manhã, e a forma como seus lábios se comprimiam em uma linha reta fizeram Caleb se arrepiar.

Assim como Paulo, Aidan era filho de Éris. Theo contou ao garoto ao chegarem no quarto, mas, por algum motivo, o Hwang transparecia uma aura pacífica, difícil de entender. Sua calmaria era intrigante.

— Vai fazer essa cara abobalhada logo de manhã, Zobrist?

Os olhos de Caleb foram de Aidan para Sebastian, indignado pelo comentário.

— Qual é o seu problema, Williams? Ninguém pediu sua opinião!

— Alguém já te disse que você fica deplorável quando encara as pessoas feito um cachorro sem dono? Sério, é vergonhoso.