Lírios de Sangue

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- Lembra - se disso, meu senhor?

- Lembro - me de tudo sobre você, minha cigana. Absolutamente tudo.- Entreguei em suas mãos a flor e a vi fechar os olhos cheirando e se deliciando com o aroma. Meu pau se contorceu de saudade em minhas vestes.

- Agradeço o gesto, meu soberano.

- Mardok. - Kassandra encarou - me intrigada com o cenho franzido.

- Chame - me pelo nome que me deram em meu nascimento. Mardok. - A cigana abriu e fechou a boca algumas vezes confusa.

- Será como quiser, meu se... Mardok. - Sorri por ela não ter rejeitado - me.

- Sentes fome? - Perguntou - me delicada e pela primeira vez em muito tempo Kassandra tocou meu braço e guiou - me até a cadeira próxima a sua. Comemos em silêncio. A vi cheirar a flor que te dei uma e outra vez enquanto encarava - me indecisa do que estávamos fazendo.

- Um dia... Um dia olhará para mim novamente com amor?- Perguntei fazendo - a encarar - me com os olhos mais expressivos e lindos que já vi arregalados, assustados, incertos.

Levantei aproximando - me dela e beijei seus dois olhos. Ajoelhando - me diante da nuri e deitando minha cabeça em seu colo.

- Nunca ajoelhei - me por nada. - Mas sempre o farei por ela.

Suspirei pelo contato tão próximo, senti suas pequenas e hesitantes mãos acariciando meus cabelos. Fiquei algum tempo assim desfrutando do seu abrigo. Então levantei os olhos memorizando cada parte do seu rosto.

Nada mais fazendo sentido ao meu redor a não ser Kassandra e seus olhos, Kassandra e seu regaço, Kassandra que me amou apesar de tudo, apesar de mim...

- Kassandra... Eu daria tudo, o meu império para ver novamente um sorriso de amor e alegria seu...

- Não! - Ela levantou - se negando e eu a retive abraçando - a por trás. Segurando - a no lugar, atando - a mim.

- Estar com você me faz sonhar, eu nunca, nunca sonhei antes, eu desejava e possuía, mas nunca, minha cigana, nunca havia sonhado com algo antes de você... Você é o meu primeiro sonho, meu único sonho.

- Pare, por favor... - Ela sussurrou.

- Eu preciso te falar tudo, antes... Antes que eu não possa mais. - Kassandra virou - se enfrentando - me com seus olhos. Ela depositou uma mão em minha face e fechei os olhos sentindo a afeição do gesto.

- Kassandra ofertaria a ti mil impérios para que fosses feliz. Darei - te minha vida e minha morte. Tu és senhora da minha existência. - Levei minhas mãos às sua bochechas e consumi seus lábios com tudo de mim.

- Uma vez amou - me com tudo de ti, agora amo - te com tudo de mim. Amaremo - nos juntos em algum momento, minha cigana? - Encostei nossas testas em desalento.

- Espero que sim, allat, espero que as areias do tempo tragam o amor que sentias por mim novamente aos olhos teus. - Beijei sua testa delicadamente.

- Darei - te, meu amor, o meu último suspiro.

...

Sai do quarto atordoado pelas emoções controversas que estar com Kassandra me acometia e fui ao encontro dos meus soldados encarregados de encontrarem aquela prostituta que ousou incutir mentiras no meu circulo pessoa e ainda perturbar Kassandra em um momento de fragilidade.

A vagabunda da Aurya havia sumido como fumaça ao vento. Quando eu colocasse as minhas mãos naquela mulher sem amor a vida, ela imploraria para morrer.

Da guerra ao AmorWhere stories live. Discover now