Desamor

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"Dolor qui non loquitur, corde ingemiscit donec frangatur"(A dor que não fala, geme no coração até que o parte)

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"Dolor qui non loquitur, corde ingemiscit donec frangatur"(A dor que não fala, geme no coração até que o parte)

— William Shakeaspeare

Mardok

Sem rumo...

Como um covarde assim que ouvi os gritos de Ninsina sai do palácio não aguentaria ficar ali por muito tempo. Não me sentia eu! Sentia – me vazio, como se algo tivesse sido arrancado de mim, me dilacerando de dentro para fora. Trinquei meus dentes cavalgando sem rumo. Sem destino.

Kassandra chegou e se apossou da minha vida, se tornou o meu destino e sua traição me arrancou as vísceras. A forma como Ador a tocava, a falta de medo dela, a intimidade compartilhada não poderia ser um engano. E agora... E agora uma criança.

Uma criança que eu nunca quis. Um bastardo que poderia ser ou não meu, odiava a sensação de não ser o único a desfrutar do seu corpo, de não ser o único amado por ela. Na verdade diante do que vi deduzi que nunca fui seu amado. Eu queria destruir e aniquilar. Queria devastar por isso me afastei, não queria usar de força com ela. Uma vez prometi que não usaria mais de violência com ela e diferente dela eu cumpria as minhas promessas. Mas meu primo...

Ah, Ador, eu arrancarei seus olhos, para que ele nunca mais possas vê – la, arrancaria seus dedos que ousaram tocar o que era meu, o castraria e depois o deixaria se afogar no seu próprio sangue isso tudo na frente da imoral Kassandra. Traiçoeira.

A violência picava o meu sangue. Direcionei escuridão para um lago aos arredores da cidade. Havia cavalgado sem parar e o meu cavalo fiel de guerra dava sinais do degaste. Observei a paisagem desértica ao redor, e reconheci que inconsciente acabei vindo ao lugar que mais me dava paz na minha infância.

Afastado de tudo, uma região acidentada e perigosa, sentei em uma pedra sentindo meu corpo doer... Era noite e o breu que começava a cobrir o firmamento fazia o mesmo com a minha alma já perversa, já condenada. Olhei para o céu repleto de estrelas um corpo sem vida e cheio de rachaduras foi o que me restou. Porque tudo parecia que tinha morrido ao meu redor? Eu lutei desde menino para ser o senhor dessas terras. O princípio e o fim do Império Assírio. O Soberano mais temido e eu consegui.

Mas por que eu sinto que tudo se perdeu? As conquistas, as cidades, nada me parece mais importante, nada parece se encaixar. Eu sinto – me despedaçado como se nada do que eu já fiz ou faça daqui para frente realmente me importe ou faça alguma diferença. Kassandra arrancou tudo que tinha de mim, ela levou embora junto com a sua deslealdade os meus últimos resquícios de alma e eu deixaria de uma vez o demônio assumir. Eu não precisava ser amaldiçoado por ela eu já nasci o sendo. '

"ASSASSINO! TE AMALDIÇOOU POR TODA A ETERNIDADE!"

Lembrei das palavras da traiçoeira cigana me amaldiçoando a plenos pulmões. Vadia, me traiu, humilhou – me, acabou com meu orgulho e tens a coragem de condenar – me. Eu a faria sofrer, infelizmente me tornei um fraco e não conseguiria dá – la como prostituta para meus soldados, porém ela ficaria presa, retida, se preciso fosse amarrada a minha cama como um animal, era assim que eu deveria tê – la tratado desde o começo.

Da guerra ao AmorWhere stories live. Discover now