Kimchay - A Noite no Clube (Cena com final alternativo)

Capítulo único

Bebia o líquido de gosto forte a contragosto, ainda que tenha sido eu quem tivesse procurado por aquilo. A dor existente em meu peito, a desilusão gerada por alguém que nunca imaginei que pudesse me atraiçoar e enganar me tornava inconsequente... Eu tinha noção que estava saindo dos limites. Mentir a Porsche para sair com meus amigos para beber não era sensato, mas... Quem se importa? Eu amo meu irmão, porém percebo como ele está atolado em seu trabalho, além que, agora, estava se relacionando com o P'Kinn e por isso ele realmente não percebia como estava machucado... Estou tão quebrado, queria chorar em seus braços até ao amanhecer, contudo, não faria isso. O que lhe diria, afinal? Iria lhe contar que havia me apaixonado pelo traste do Wik, que é Kim, que também é o irmão mais novo da família Theerapanyakul? Conhecia Porsche como ninguém, isso seria o suficiente para causar o caos no seu relacionamento com Kinn e não queria isso. Desde que tenho recordações, foi ele que sempre cuidou de mim, trabalhando todos os dias sem descanso. Porsche merecia ser feliz e não seria eu a estragar isso.

– Hey, Chay! – Olhei para meu amigo, piscando vagarosamente – Tire essa expressão do rosto! Estamos no clube do meu pai, ninguém vai checar sua identidade! – Brincou, me fazendo sorrir contido e forçado. Ainda me mantive em silêncio, olhando para meu copo.

– Ouvi dizer que você teve seu coração quebrado. – Uma de nossas amigas proferiu e eu mantive uma expressão neutra, ainda que meu coração tenha falhado uma batida – Quem fez isso?

Não respondi. Apenas engoli o restante do conteúdo existente no meu copo, respirando fundo. Logo em seguida, meu copo voltou a ser cheio, já que tínhamos algumas garrafas sob a mesa. Sentia-me fora da minha zona de conforto, odiava estar ali, porém, também odiava estar em casa, sozinho, relembrando de todos nossos momentos juntos. Odiava relembrar quantas vezes saímos juntos, quantas vezes dormimos em minha casa, quantas vezes trocámos mensagens um para o outro... No fim, era tudo apenas uma grande e impiedosa mentira.

– Ele está machucado de verdade. Até me fez colorir o cabelo dele! – Senti uma mão em meus fios – Me fez o trazer para beber... Se o Porsche descobrir...

– Ele não vai descobrir. – O entrecortei sem muito ânimo, voltando a beber um pouco mais. Tive que me segurar para não fazer uma careta pelo gosto amargo que a bebida trouxe para meu paladar – E eu não quero mais falar disso.

– Tudo bem! – Levantou as mãos em rendição, abrindo um sorriso ladino – Vamos nos divertir e beber juntamente com nosso amigo, certo? – Todos assentiram e pegaram em seus copos – Saúde!

Após brindarmos, fiquei encarando o copo por momentos, até ser cutucado por um de meus amigos. O olhei por momentos e, sem hesitar, levei o copo até meus lábios e engoli todo o líquido. A bebida era bastante forte, podendo sentir minha garganta levemente arranhada, e dessa vez não consegui evitar de fazer uma careta. Como podia haver gente que bebia casualmente?!

Quanto mais Kim vinha em minhas memórias, mais eu bebia. Queria realmente esquecer que tinha sentimentos por ele. Havia muitas coisas envolvidas, como ele pertencer à máfia, porém, eu... Eu estava disposto a perdoá-lo, a encarar isso como algo descomplicado, ainda que fosse algo demasiado complexo, no final de contas. Eu passaria por cima de tudo para tê-lo comigo... Mas aquele Kim, aquele Kim por quem me apaixonei não existia. Tudo um disfarce para enganar um idiota como eu. Como pude me deixar iludir...?

(...)

Não sabia quanto havia bebido, no entanto, minha visão se encontrava um tanto quanto desfocada e a cabeça com uma sensação pesada. Com muita dificuldade consegui me levantar do sofá, mas acabei com a bunda de novo no assento quando um dos meus amigos, provavelmente o único que se encontrava um pouco mais sóbrio, me puxou de volta pelo pulso. O vi tirar de dentro de um bolso da jaqueta um saco transparente com fecho adesivo que continha umas pequenas balas lá dentro. Não era preciso ser muito inteligente para saber o que era aquilo.