No azar, Na Saúde E Na Doença.

03

Por Cassandra

Ok.

Eu já fui melhor em tomar umas, mas reconheço que não era como antes, na quarta bebida eu já estava em meu limite, mais idaí? Era minha folga amanhã e simplesmente eu não estava com cabeça para pensar no amanhã em que eu teria que me deparar com a realidade de ainda ter um emprego que mais explorava do que se ganhava, e do aluguel atrasado, ou pior de tudo, ter que dizer para minha mãe que eu falhei em manter tudo em ordem e nós coloquei naquela situação quando eu deveria ter sido mais esperta e sábia, e ter que encarar seu olhar decepcionado era o que fazia meu estômago se revirar....

Reconhecendo a linha depressiva que meus pensamentos corriam eu encarei a cerveja com raiva por ela não estar fazendo seu devido trabalho em apagar meus problemas, ingeri mais um gole da cerveja, e olhei para minha amiga Amber terminar de limpar as lágrimas,- ela sempre foi a bêbada chorona ,- e suspirar pela décima vez.

- Melhor ?.- pergunto estendendo o guardanapo para ela que assentiu agradecida.- Sua chefa é uma vadia.

- Não acho que ela seja, é um insulto para as vadias. Ela está mais para o satanás em pessoa.

- Pelas coisas que você me contou sobre ela, talvez o próprio diabo foi expulso de seu trono e ela pegou a coroa.

Amber estremeceu ao lembrar de sua chefa sem coração, arrogante, maldosa, que por mais quê o salário fosse bom, ter que olhar para cara dela, escutar seus gritos e chilique que havia piorado na última semana a estava levando ao limite.

De acordo com Amber, Merlinda Groover era mesquinha, que não tinha dó de seus funcionários, dava metas impossíveis e prazos de entrega que faziam todos basicamente morar na empresa. O setor administrativo estava no limite para cumprir com as exigências, e desde o mês passado quando Merlinda tinha saído para um almoço com o presidente da empresa matriz a mulher virou o demônio quando voltou quebrando coisas de seu escritório e xingando por horas, até que depois saiu e mandou alguém limpar a bagunça em 30 minutos e se não encontrasse o lugar limpo, haveria demissão.

- É como se ela estivesse descontando sua raiva e frustração no primeiro que aparecesse.- Amber sussurrou olhando em volta como se estivesse com medo de invocar a megera.- Não sei o que rolou no almoço, todos sabem que aquela você sabe quem , é apaixonada pelo presidente, a Mylli do RH disse que talvez ela recebeu um belíssimo pé na bunda e agora estava com dor de cotovelo.

- Vocês deveriam gravar esses absurdos e processar essa doida. E fazer ela pagar uma indenização mais do que merecida por danos morais.- eu falei tirando meus amendoins da casca e logo em seguida os comendo, vi o rosto da Amber ficar pensativo parecendo considerar a idéia, mas logo em seguida franzir o nariz como se tivesse chegado a uma conclusão nada agradável.

- Ontem a Lizz a assistente de Merlinda foi demitida por justa causa, hoje na cafeteria da empresa eu encontrei a Mylli e perguntei o porquê, afinal Lizz era a mais antiga ali naquela empresa, e tinha aguentando o diabo diretamente por mais tempo que todos nós já que ela acompanhava você sabe quem em suas viagens e reuniões, a Mylli disse que tinha quase certeza que a desgraçada descobriu que Lizz estava juntando provas para processar a empresa e mostrar para o presidente o que Merlinda fazia. E agora eu tenho a impressão que estamos sendo vigiados, ouvidos ou até seguidos ..- Amber olhou mais uma vez por cima de seus ombros.- Talvez ela tenha mandado grampear os celulares dos funcionários ou....

Okay, ou era o estresse no trabalho, ou o álcool fazendo o efeito nada desejado na minha querida amiga.

Afastei o álcool por precaução, e observei minha amiga respirar fundo como se tentasse se acalmar.