Sei Lá Ainda

1 0 0
                                    

Dentro do carro meu irmão só perguntava de tempos em tempos se eu estou bem. Nos faróis, pegava na minha coxa e apertava transmitindo força, dizendo sem palavras: "Sou seu sentinela".

Quando chegamos em casa com o carro na garagem. Antes de sair do carro.

- Victor?

Olhei para ele esperando mais um choro. E vi ele elevar seu braço e descer com toda a força que fazem ele conseguir treinar com mais de 30 kilos todos os dias. E o som foi da minha coxa sendo espalmada. Minhas células gritaram de dor e eu junto.

- Aiiiiiii – Gritei 3 vezes.

Sai do carro mancando e ele sorrindo. Vendo minha dificuldade, me pegou no colo.

- Você é tão fraco maninho.

- Doeu pra burro! – Fiquei passando minha mão por seu cabelo marrom um pouquinho claro. Há algum tempo ele mesmo pintou seu cabelo de loiro me arrancando gargalhadas geniais e, com a vergonha, cobriu de volta ele mesmo, mas sobrou uns fios.

- Eu merecia isso, seu besta!

Entramos na porta lateral da casa e seguimos para dentro da casa e vendo a tv ligada e meu pai no sofá azul marinho gigante mais parecia uma cama do que um sofá.

- Oi pai! – Disse Jony.

- Oi filhos... foi tudo bem na sessão?

- Sim – Eu respondi.

Ele se levantou e veio ao nosso encontro, serio. Se posicionou como um pai deveria ser.

- E o seu pedido foi negado?

Ainda no colo do meu irmão fortão encarei o chão resignado.

- Ótimo!

Me deu um beijo na testa. E como num passe de magica meu pai me fez cocegas sendo ajudado por meu irmão. Rimos os 3, unidos os 3.

Meu pai é o Owen Hunt nessa cidade ele não é tão importante socialmente, mas no Brasil e mundo inteiro ele é o inventor do tecido mais confortável e tecnológico do mundo. Conseguiu inventar um tipo de tecido que não molha, não fica desconfortável e tem alguns sensores relacionados a saúde. E com essa proposta comanda uma empresa bilionária com diversas fabricas pelo mundo. Nunca entendi o porque de estarmos numa cidade pequena ao invés da metrópole. Seu rosto assim como meu psicólogo mostra notas da idade, cansaço, mas está um senhor conservado e muito bem. O que confere o aspecto de cansado é suas rugas poucas, mas compridas. Sua elegância mora ai junto com suas atitudes morais e éticas tanto na vida, como no trabalho. Ruivo, pele branca, mas já bronzeada pela idade. Se fosse mais novo teria a mesma pele do meu irmão. Algumas sardas típicas de ruivos. Uma barba desenhada e fina contornando seus traços e também ruivas opacas. Já tinha alguns fios brancos ali. Seu corpo? Com uma pancinha, mesmo com camisa já dava para ver essa barriguinha aparecendo. Diferente do meu irmão que tem um tanquinho no lugar de uma barriga, consigo fazer umas ondinhas na barriga do meu pai. Ele era saudável, comia saudável. Mas o trabalho lhe sugava muito e nos últimos dias está pouco se importando com comida e sim comigo.

- Bom, vou pro meu quarto jogar Dragon Age Inquisition!

Subi as escadas, entre e fechei minha porta. Sabia que eles iriam falar de mim. Abri a porta bem devagar e consegui ouvir bem baixinho. Já que meu quarto tenho total visão da sala lá embaixo. Meu quarto é de frente a escada de conceito aberto.

- Pai, não sei se ele está bem!

- O que o psicólogo disse da outra vez?

- Ele disse que aparentemente ele não tem nenhum trauma. Disse que o Victor é um ser impar. Precisa de terapia sim como qualquer um, mas trauma ainda não achou.

- Ainda né? – Ouvi meu pai mudar de posição. Coisa típica dele – Ele precisa ir nessas sessões até esquecer aquele Treinador imbecil. Como eu tenho vontade de...

- É pai eu seu. Uma ligação conseguimos isso, mas...

- É errado! – Completou meu pai.

- Queria ter visto isso vindo! – Ouvi meu irmão chupar o nariz. Começando a chorar.

- Filho, você, eu e seu irmão não são culpados de nada. O Neil é o monstro aqui. Não é só porque aconteceu uma vez com seu irmão que irá acontecer de novo. Entendo sua preocupação com seu irmão, eu também estou. Nesse momento ele precisa muito da gente, mas você não precisa carregar essa culpa, meu menino.

Choro, choro e mais choro foi o que eu ouvi.

- Vem cá – Meu pai o abraçou. Meu irmão abraçou de volta - Você tem um abraço forte demais sabia?

- É, eu seu pai – Não afrouxou. Parece que meu irmão precisava desses abraços.

Fechei a porta e deslizei por ela preocupado com algo que naquele momento não conseguia ver.

"Eagora? Como seguir? Mas eu parei? Eu estava parado no meio do meu caminho? Neilfoi tão impactante assim na minha vida que estava em pausa e nem percebi? "

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Aug 06, 2022 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Quando o Pôr-do-sol não é lindoWhere stories live. Discover now