𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 56

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Mas logo reparei que havia corpos de feéricos mas nenhum Ceja. Quando estávamos no centro do salão percebi o quão silencioso estava o lugar. E senti algo bastante errado.

- Faz quanto tempo desde que a Invernal foi atacada? - pergunto ainda segurando firme a espada olhando em volta.

- Antes do sol aparecer, era umas quatros horas da manhã. - diz Estela.

Passei a me perguntar como aquele lugar estava tão silencioso. Aquilo não estava certo. Cejas não agem em silêncio, sempre fazem barulhos. Ou conversando entre si, ou comendo, ou lutando com a presa. Sempre emitem um tipo de som.

Passei a caminhar e desviar dos corpos sem cabeça procurando onde seria o caminho para a torre mais alta. Sugeri que nos separássemos para facilitar as coisas e mesmo não sentindo nada no momento, percebi o receio no rosto de Lucien. Respirei fundo e sorri antes de dizer silenciosamente: Eu voltarei. Prometo.

Ele forçou um sorriso torto me olhando com o cenho franzido, mas acenou e seguiu em outra direção.

Agora estava sozinha.

Passei por cômodos e corredores vazios. Via sempre corpos mas nenhum sinal de Ceja e de seus rugidos. Até que depois de subir várias escadas, percebi que estava pisando em sangue. Era o violeta mais intenso que já tinha visto.

Conforme seguia o rastro de sangue, mais murmúrios eu escutava. Mantive minha espada próxima enquanto me aproximava da porta escorada. Então consegui ver, a pele lisa como seda do rei, mas meus olhos se arregalaram quando o mesmo se virou. Ele estava comendo os outros subordinados que estavam submissos à ele.

Aquilo era plano daquela loira e logo me passou uma ideia que fez meu estômago embrulhar.

Ela estava fazendo isso para fortalecer os monstros para a guerra. E pouco a pouco os líderes de cada espécie ficariam cada vez mais fortes, mas como ela descobriu essa maneira é que me perturba.

Mas essa dúvida logo foi deixada de lado quando o rei me olhou com aquele rosto sem nariz e sem orelhas. Ignorei o frio nas costas e dei um passo abrindo a porta que rangeu em resposta. Ele me olhava paralisado enquanto dava mais um passo. Os outros subordinados estavam me encarando sem nenhuma feição analisando cada passo meu. Imagino até que estão escutando meu coração disparado no peito.

Olhei em volta e vi que estávamos em um quarto infantil. Pelo que eu saiba, Kallias e Viviane não tem filhos, mas talvez estejam esperando um.

Fiz a porta se fechar e trancar. Eu precisava acabar com aquilo aqui para não correr o risco de nenhum deles fugirem.

Aquele silêncio entre eu e o rei era insuportável, porém logo acabou quando ele silenciosamente mandou os subordinados agirem. E foi nessa hora que percebi que a barreira que criei deu certo.

Eu os partia ao meio sem pestanejar, jogava inúmeras adagas nos olhos deles antes de cortar suas cabeças. O estado em que estava ficando o quarto infantil era deplorável - sinto que irão ter que mudar até o papel de parede para tirarem o cheiro de sangue dos Cejas.

A porta estava tentando ser arrombada à alguns minutos. Reconheci que era Lucien apenas com o seu rugido que percorreu em cada centímetro de meus ossos mas ignorei pois tinha alguém para matar.

O rei, com raiva de eu ter acabado com seu lanche e consequentemente seus aliados, passou a vir na minha direção com passos que tremiam o chão. Eu sabia que aquela mulher estava ciente dessa cena, não tenho dúvidas que ela está vendo isso sentada em seu trono raspando as unhas no apoio do braço.

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