𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮 𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻 • acotar

𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 55

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐸𝓈𝓉𝑒𝓁𝒶

Fiz uma nota mental que depois de tudo isso passar, eu irei me aposentar. Não tenho idade nem aparência para isso, mas o trabalho que a senhorita Lua me dá assim que pisou o pé nesse mundo e quantidade de vezes que ela fez meu coração parar já é um motivo plausível para tirar férias de cem anos.

Lucien havia sumido durante horas e eu já estava irritada, por isso andava de um lado para o outro naquela biblioteca. Mas quando ele voltou, eu não tinha palavras para descrever certamente a cena. Lucien estava sujo de sangue com a roupa surrada e ferimentos em alguns lugares do corpo. Apesar de seu estado nada destacava mais que seu olhar.

Eu estava imóvel e no momento sozinha naquela mansão. Jurian, Vassa e a falsa Lua tinham saído para a Estival. Eu fiquei por causa do plano da carta.

Lucien caminhou até o centro da biblioteca onde tinha duas poltronas próximas e passei a reconhecer o cheiro que vinha dele. Era de Beron, o sangue era de Beron. De imediato meus olhos se arregalaram. Aquilo não era possível, ele não podia...

- O que você fez?

Pelo seu estado, a alternativa dele ter matado Beron estava na minha cabeça apitando.

Lucien estava com uma expressão que não sabia mais o que significava. Mas um arrepio passou entre minha espinha.

- Você sabia, não é?

- Sabia do quê? - franzo o cenho.

- Que eu era filho de Helion.

Não precisei responder, apenas o meu silêncio era o suficiente.

É óbvio que eu sabia. Mas demorei bastante tempo para perceber, entretanto não deixei aquilo quieto. Lembro da primeira briga minha e Helion que foi sobre aquele assunto. Mesmo depois de tudo que Helion havia me dito para se explicar, eu não entendia como ele podia ser daquele jeito.

E o que eu fiz? Fiquei quieta.

Não comentei nada mais sobre aquilo com ele, mas era óbvio a semelhança, que quem não havia percebido era totalmente cego. O nariz, o sorriso e até o tom de voz quando ficavam tensos era o mesmo. Uma mísera cópia de pai e filho.

Lucien também não disse nada, apenas se retirou indo ao banheiro tirar aquele sangue das mãos. E mesmo quando voltou com papel e a caneta, não disse nada, apenas me entregou e disse que sairíamos cedo daqui assim que localizarmos a Lua.

Porém enquanto escrevia fiquei mais inquieta. Me perguntava se ele havia matado Beron. Ele seria capaz disso? Ser considerado um assassino de um Grão-Senhor pesaria na qual aquilo poderia causar sua morte.

Mas fiz o de sempre. Respirei fundo e me convenci que tudo estava acontecendo como o previsto. Em certo momento Lucien ia descobrir. Eu havia avisado a Helion que isso aconteceria.

Assim que localizamos Lua no mapa, vimos que ela estava Sob a Montanha, então fomos até lá antes do sol nascer. O silêncio era pesado e não fazia questão de quebrá-lo. Quando paramos em uma das aberturas que levavam para o nosso objetivo, Lucien usou magia para me camuflar e me tornar invisível, com isso conseguiria tirar Lua de lá sem deixar rastros ou ser vista.

Enquanto ele iria garantir que saíssemos. Sob a montanha tinha várias entradas e saídas, mas também muitos labirintos que podem te confundir. Assim que entrei precisei passar por algumas celas que normalmente no reinado de Amarantha a mesma mantinha alguns prisioneiros aqui, Feyre foi uma delas.