Herdeiras da Trama

<< Pg. VI >>

No coração da cidade, Leyla, Shura e Tashi se reuniram em seus objetivos, determinados a encontrar o livro que revelaria a missão de Leyla, quando  aflorasse seu verdadeiro poder ao completar seus dezoito luzeiros.

À medida que se aproximavam da lateral do  prédio, a tensão do desconhecido pulsava em seus corações. A moça, com sua sensibilidade aguçada, guiava o grupo, enquanto Shura, nervoso, expressava suas preocupações e, Tashi, confiante na liderança da amiga, tentava manter os ânimos de todos calmos.

- Estamos nos aproximando do ponto de entrada. - Sussurrou Leyla, sua voz mal passando de um sussurro audível, enquanto consultava o mapa em suas mãos trêmulas. - Fiquem alertas.

Seus companheiros assentiram em silêncio, seus olhos brilhando com uma mistura de excitação e nervosismo. O Intermediário estava presente, mas ficaria distante para não ativar o alarme de segurança mágico.

-Posso ao menos saber como você conseguiu esse mapa? - Perguntou Leyla ao homem misterioso.

-Você descobrirá com o tempo que as amaldiçoadas contam a Eras com aliados e inimigos ferozes. Prometi a alguém que daria a minha vida para acabar com essa maldição. Garota, teremos muito tempo ainda para essa conversa. Agora, vão! - Respondeu ele com arrogância, fazendo Leyla acatar suas palavras, pelo menos naquele momento.

Enquanto os jovens se moviam pelos estreitos e sinuosos jardins laterais que levavam à entrada secreta da biblioteca, a garota sentiu uma sensação estranha percorrer sua espinha.

—O que foi? - Sussurrou Shura, olhando ao redor com cautela. Leyla, seus olhos fixos em uma parede de pedra desgastada, murmurou para si mesma, guiada por sua intuição. - É aqui.

-O que você quer dizer? - Perguntou Tashi, buscando entender. -Não sei explicar. Apenas sei que é aqui.

Com um gesto decidido, viu a amiga pressionou uma pedra saliente na parede, revelando uma passagem estreita. Seus companheiros olharam com admiração e surpresa.

-Eles nunca esperarão isso. - Disse Tashi, com um toque de admiração em sua voz. -  Bem, nos perceber será inevitável, precisamos ser rápidos. Fiquem atentos, até aonde eu pode apurar, eles usam ilusão aqui, para voltar procurem qualquer ponto de luz, o esquisito nos dará dez minutos para iluminar aquela janela. Estão vendo? - Todos concordaram com a cabeça. - Então, vamos.

A passagem estreita os conduziu a uma câmara escura e abafada, onde estantes altas de madeira se alinhavam em fileiras intermináveis, repletas de livros antigos e poeira. Dois sentinelas caminhavam pelos corredores enquanto conversavam.

Leyla avançou cautelosamente, seus olhos vasculhando cada prateleira em busca do artefato tão desejado. E então, em uma das estantes mais distantes, ela o viu, um livro antigo, encadernado em couro gasto pelo tempo, suas páginas amareladas pelo passar dos séculos.

Com um movimento rápido e preciso, a predestinada alcançou o livro, sentindo um arrepio percorrer sua pele ao tocá-lo. Ela olhou ao redor, certificando-se de que nenhum dos sentinelas os havia seguido até ali.

Com um gesto rápido, Leyla deslizou o livro para dentro do bolso do seu casaco, sentindo o peso do conhecimento proibido contra seu corpo. Um sorriso de triunfo brincou em seus lábios enquanto ela se virava para seus companheiros, seu olhar transmitindo a urgência de sua missão. - Conseguimos. - Murmurou ela, seu tom cheio de determinação. - Agora, vamos sair daqui antes que sejamos descobertos.

Enquanto a garota e seus companheiros se preparavam para sair da biblioteca real, os sentinelas como era de se esperar,  perceberam uma leve vibração no ar, indicando a presença recente de alguém, e notaram uma discreta alteração na disposição dos livros, sinalizando que alguém havia mexido ali há pouco tempo.

Essa descoberta fez com que os sentinelas intensificassem sua vigilância e vasculhassem os corredores em busca dos intrusos. Provavelmente julgavam ser um grupo de delinquentes ou casal de namorados, não cogitaram nenhum roubo importante, pois, nem livro sagrado ou importante ficava ali a vistas de todos, apenas em bibliotecas privativas muito longe dali.

Os jovens se viram encurralados em um labirinto de corredores escuros, com cada passagem parecendo levar a um beco sem saída. Os sentinelas, embora não os vissem, lançaram feitiços na direção do grupo, atingindo Tashi com uma rajada mágica que o fez cambalear. Os sentinelas lançavam feitiços em sua direção, criando barreiras mágicas e ilusões para dificultar ainda mais a fuga.

Shura com a sua mente ágil procurava incansável a rota de fuga enquanto seus amigos lutavam para se manterem à frente dos ataques dos sentinelas. Eles se esquivavam dos feitiços com dificuldade, seus corações batendo descontroladamente enquanto buscavam desesperadamente uma saída.

Mas os sentinelas não desistiam facilmente. Com cada passo que os jovens davam em direção à liberdade, mais obstáculos surgiam em seu caminho. Ilusões de labirintos em constante mudança os confundiam, enquanto rajadas de energia mágica os empurravam para trás.

A respiração da moça se tornou ofegante enquanto ela liderava seus companheiros através do caos, sua determinação alimentando sua força e sua vontade de sobreviver. E então, finalmente, eles avistaram a janela lateral, uma fenda de luz na escuridão que os guiava para a liberdade.

Com um último esforço, Leyla e seus amigos correram em direção à janela, ignorando os feitiços que os perseguiram. Com um salto audacioso, eles atravessaram a abertura e emergiram para a noite, o ar fresco da liberdade acariciando seus rostos enquanto eles escapavam dos sentinelas e desapareciam nas sombras da cidade.

Porém, a sensação de urgência ainda os envolvia, pois sabiam que as serines, chamando por sentinelas de toda a região, poderiam transformar sua fuga em uma perseguição implacável.

Correndo pelas ruas da cidade, Leyla e seus companheiros mantinham-se alertas, cada sombra e cada ruído os fazia estremecer de medo. Eles sabiam que não estavam fora de perigo ainda.

Enquanto isso, os sentinelas, cientes da intrusão na biblioteca, organizavam-se em busca dos fugitivos. Com suas capas escuras e artefatos mágicos, eles vasculhavam a região, determinados a capturar os intrusos, para que servissem de exemplos.

Enquanto isso, o grupo chegou  ao lugar combinado, uma antiga casa abandonada nos arredores da cidade. Ofegantes e exaustos, Leyla e os demais adentraram o local, trancando a porta atrás deles e se preparando para um merecido descanso.

No entanto, sabiam que não podiam baixar a guarda. Os sentinelas ainda estavam lá fora, procurando por eles, e a batalha estava longe de terminar. Mas, por enquanto, pelo menos, estavam a salvo, e isso era tudo o que importava.

- A primeira etapa foi completada. Você tem certeza que precisamos entrar no jardim do castelo para passar pela garganta de kiadgara? - Perguntou Shura ao Intermediário.