— Boa noite para você também, Lupin.

— Hum, eu não queria atrapalhar, a diretora Minerva pediu para avisá-lo sobre o discurso de homenagem amanhã.

— Certo, hoje o luto e amanhã comemoramos — o homem respondeu amargo, deboche pingando os lábios.

— Está piegas? — A provocação saiu antes mesmo de sentir a frase se formando em sua mente.

— O suficiente para fugir dos meus alunos e vir beber durante a semana. — Snape arqueou a sobrancelha em deboche, arrancando um sorriso fino de Remus, que não esperava a resposta franca e até leviana.

— Eu pretendia me afundar em Firewhiskey, mas infelizmente ministro o primeiro horário dos calouros da lufa-lufa — Lupin lamentou, se escorando no batente da porta.

— Meus pêsames.

— Eles não são tão ruins.

— De fato. — O sonserino bebeu mais um gole farto da taça. — São horripilantes.

— São novos, nós também éramos energéticos nessa idade. — Estalou a língua no céu da boca, a defesa era uma meia verdade, aquela turma era péssima mesmo, mas não deixaria Snape sair como certo ao julgar os alunos de uma casa rival.

— Fale por você e seus amigos grifinórios.

— Eu lembro de um certo sonserino bem empolgado e animadinho com as aulas de magia, principalmente se envolvessem duelos e poções — Remos ditou em tom de deboche, arrancando um bufar junto de um revirar de olhos de Snape.

— Tolice!

— Você era fofo, todo sabichão e fazendo drama com sua capa. — Lupin ergueu as mãos no ar as abrindo e fechando como se apertasse algo, esse algo em sua mente eram as bochechas gorduchas do pequeno Severus, ele que não usasse de legilimência agora.

— Está engraçadinho hoje.

— Ao menos tentando, falava sério sobre o firewhiskey. — Fez uma careta franzindo o nariz, como gostaria de afogar as mágoas em álcool.

— Não sei sobre se afogar, mas talvez uma taça de vinho não o mate-

— Está me chamando para beber contigo, Severus? — interrompeu um tanto em choque.

— Talvez. — Severus pegou sua varinha transfigurando um dos itens da sua mesa em uma nova taça, a servindo em seguida.

— Não me farei de rogado — o grifinório respondeu ao adentrar o escritório, sentando na cadeira à frente de Severus, o homem deu um sorriso fino. —  Não sou muito bom nisso, afinal.

— Mantenha a boa educação e as vestes, Lupin. No mínimo — o homem de cabelos negros satirizou antes de beber um bom gole do líquido alcoólico.

— Você entendeu, Severus — Remus respondeu resignado com as bochechas rosadas, o que fez Snape sorrir com deboche para aquilo, a última vez que vira Remus corado fora na adolescência. — Crueldade.

Ambos sorriram cúmplices antes de beberem o conteúdo de suas taças ao mesmo tempo. O silêncio que recaiu não era confortável, tal qual não era cômodo, porém ele era moldável, como se encaixasse na dor singular de cada um deles, se moldando ao redor dos dois homens, apertando os peitos e trazendo uma dor ímpar aos âmagos.

A penumbra se alojou sobre os homens, ambos presos em suas próprias mentes conturbadas e culposas, trazendo à tona as razões das tendências alcoólicas e melancólicas daquela noite em especial.

— Um galeão por seus pensamentos. — Remus resolveu cortar o silêncio e sua linha de raciocínio antes que acabasse chorando em frente ao homem, seria humilhante.

Remember ◆ SnupinWhere stories live. Discover now