DEPOIS DE A ESCOLHA: DE VOLTA AO CASTELO.

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Era estranho que os rebeldes observassem tão bem o castelo, ou tivessem tantos aliados dentro do mesmo, a ponto de saber coisas que nem mesmo Maxon sabia. Em minha caderneta, que por sorte peguei antes de correr em direção a passagem secreta para o abrigo, estava uma lista de pequenos eventos que o palácio e os monarcas tinham nos próximos quinze dias. Compromissos importantes do Rei, visitas que a Rainha receberia, entregas que chegariam para a cozinha, e dezenas de pequenos atos que poderiam nos ajudar em nosso plano.

Hoje, ensaiaríamos dança, e logo após, Kriss teria um encontro com as costureiras que fariam seu vestido. Informação essa que também recebi de Geórgia. Isso me daria cerca de uma hora para que eu telefonasse para Nicoletta, combinasse algumas coisas com ela, e logo após o jantar, passasse as informações da conversa para Maxon. Ele tentaria as passar para August. Era um telefone sem fio arriscado, e como Geórgia disse, precisávamos ser mais que perfeitos.

Ter uma missão me fez ganhar um pouco mais de vida. Fez sentir-me útil. Eu não estava mais ali apenas para ser uma convidada de Kriss e aprender a como me comportar em seu casamento, mas para ajudar o País. O meu país.
Passei um pouco mais de maquiagem, e ajeitei o vestido cumprido que Agnes havia trazido. Senti falta de usá-los em Clermont. Lá era quase sempre frio, e embora Angeles também já não estivesse mais tão quente como costuma ser nos meses de verão, o sol ainda podia ser aproveitado.

A maior parte das meninas já estavam no grande salão, o que também fazia-me sentir um pouco mais alegre. Aquelas garotas exalavam diversão. Me aproximei de Celeste, que folheava uma revista. Seu vestido era muito mais que impecável. As roupas da realeza lhe caiam extremamente melhor que as que eu havia a visto vestir nos últimos meses. Era como se ela tivesse nascido para ser daquele lugar, coisa que só agora eu tinha coragem de assumir abertamente em meus pensamentos.
Tossi para que percebe minha presença, e quando me viu, algo nela se acendeu, e ela fechou a páginas revista.

— Sinceramente, achei que estar aqui novamente seria mais empolgante. — Confessou ela. — Estão todas entediadas. Até as que estiveram por pouco tempo durante a seleção.

Sei que estava puxando assunto para disfarçar o que quer que estivesse lendo. Me sentei ao seu lado.
Não demoraria muito para que isso acontecesse, digo, em relação as meninas. Balancei a cabeça em concordância.

— Talvez viver aqui pra sempre seja isso. Não ter muitas festas as quais participar. — Falei, tomando a revista de suas mãos.

A abri, e bastou folhear algumas páginas para encontrar o que a mantinha entretida.
Uma matéria sensacionalista, com um título um tanto ridículo.

"Monitorados de perto para que não fujam da linha, os apaixonados Principe Maxon e Senhorita América Singer, ainda não se encontraram dentro do enorme castelo de Angeles."

Logo mais abaixo, uma espécie de montagem carregava uma foto minha ao lado direito, e Maxon ao esquerdo, com um grande X que aparentemente era o que representava o nosso distanciamento. Kriss, em uma de suas piores fotos com o semblante estressado, ganhou o meio da montagem, dando a entender que era ela quem nos vigiava.

Comecei a rir.

— É esse tipo de notícia que você tem consumido, Senhorita Celeste?

Ela também tinha um sorriso engraçado no rosto.

— Ah, América. Você sabe que não me aguento! — Brincou. — Não deixa de ser uma verdade, não é? Você e Maxon já se encontraram sozinhos, desde que chegamos?

Percebi que não havia contado pra Celeste do nosso encontro nos jardins, no primeiro dia. Assim como não havia contado sobre ontem. Ninguém poderia saber. Era arriscado colocar tudo que August e Georgia nos pediram em jogo apenas para manter Celeste informada, ainda que uma amizade dependa de confiança. Para todos os efeitos, Maxon e eu estivemos em abrigos diferentes até que seguranças aleatórios abrissem, após o ataque.