8

134 8 0
                                    

Era sábado de manhã. Para ser mais exata, eram quase oito horas quando os burburinhos começaram, e Lula correu para me chacoalhar na cama.

— Senhorita, levante-se. Você precisa correr para um dos abrigos.

Abri os olhos rapidamente. Pelo jeito era uma invasão rebelde. Sinceramente, achei que já haviam parado com isso, já que os rebeldes do norte já tinham obtido contato com Maxon, e uma de suas simpatizantes estava também no poder. E os rebeldes do sul, bem, eles costumavam se preparar mais para ataques letais, como disse Maxon para mim uma vez. Sem contar que não estavam bem vistos aos olhos do Rei. Eles não se arriscariam tão facilmente. Mas ao que tudo indica, tudo havia voltado ao "normal". As mudanças não vigoraram.

Vesti meu robe rapidamente e calcei as pantufas, mas antes de ir, corri até a mesinha onde ficavam meus documentos de estudos, e peguei uma caderneta e uma caneta. Não sabemos quantas horas ficaríamos no subterrâneo, então eu gostaria de me manter distraída.

O corredor estava vazio, exceto pela correria de um ou dois guardas na direção oposta da minha. Olhei fixamente para o monumento com a figura de Gregory Illéa que enfeitava a parede, e corri para apertar um botão escondido entre as suas mãos, sendo exatamente aquele lugar que nos dava a passagem para o esconderijo real.

Estava tudo indo muito bem, até que senti  a silhueta de alguém se aproximando, e em seguida, colocando um pano sobre meu nariz e minha boca. Senti a caderneta cair no chão, gritei, mas isso só fazia com que eu inalasse ainda mais o que quer que seja que estivesse naquele pedaço de tecido, e mesmo me debatendo, percebi uma fraqueza fora do normal percorrendo meu corpo. Era isso. Daquela vez, com certeza eram rebeldes do sul, e eu estava capturada, presa sob as mãos deles, que podiam fazer comigo o que bem entendessem.
Percebi meus sentidos se esvaírem lentamente, e assim, parei de me mover, pois um sono profundo havia me atingido.

Minha cabeça latejava. Eu estava deitada no chão frio, forrado com um carpete encardido. Ouvi vozes, então voltei a fechar os olhos, tentando recapitular meus sentidos.

— Como quer que eu confie em vocês se quando precisam fazer contato, me sequestram dessa forma? Vocês não pensam antes de agir? Estão encrencados!— Era Maxon. Eu reconheceria sua voz em qualquer lugar. Ele estava bravo, suas palavras eram duras. Estava dando broncas em alguém.

— Você não respondeu às minhas cartas, e muito menos tentou fazer contato de alguma outra forma. Se passaram onze meses. E de qualquer forma, estamos em um esconderijo do castelo, babaca!

August. Era ele. Meu corpo estava tremendo, e mesmo que o que estivesse acontecendo ali fosse óbvio, minha cabeça doía tanto que estava difícil raciocinar.

— Esse país pertence a minha família, meu caro, eu não tenho obrigações com vocês. — Vociferou o príncipe. — Tem câmeras pelo palácio, se vocês estiverem sido filmados, dê adeus as suas vidas!

Passos de um lado para o outro ajudava a entender que era mais que uma conversa, aquilo era um briga das feias.

— Deixe de ser um menino mimado. Cresça! Nesses onze meses tem virado mais um bebadozinho medíocre do que treinado para ser um futuro Rei! Não somos seus inimigos, você sabe disso.

— E o que você tem a ver com isso, por acaso devo algo a você? Acho que esquece que para todos os fins, sou sua alteza real! — Aquilo era grosseiro. A cada dia que eu passava no palácio, observava Maxon mostrando o quanto podia ser rude, se quisesse.

— Acho que você é quem esqueceu quem é o herdeiro verdadeiro do trono por aqui!

Aquilo era demais pra mim. Suas vozes irradiavam nervosismo, grosserias e uma tensão de briga. Mexi minhas pernas, na esperança de que percebessem que eu estava acordando.

DEPOIS DE A ESCOLHA: DE VOLTA AO CASTELO.Where stories live. Discover now