5.Semana do saco cheio e iogurtes de mamão com banana

15 0 0
                                    

"And I'll never make it without you
I need a second chance
Cause I want to make it about you
I'm making my last stand
It took a moment to say
It wasn't you it was me
I couldn't let you in
Now I'm ashamed I pushed you away from me
Now I'm afraid it's too late to save again"



"E eu nunca vou conseguir sem você
Eu preciso de uma segunda chance
Porque eu quero fazer isso sobre você
Eu estou fazendo minha última resistência
Levou um momento para dizer
Não era você, era eu
Eu não podia deixá-la entrar
Agora eu estou envergonhado eu empurrei você para longe de mim
Agora eu tenho medo que seja tarde demais para salvar novamente."
– Last Stand, Adelitas Way

Eduardo

De volta ao meu apartamento me pego encarando o mesmo ponto vazio na parede por meia hora. Discutir com Cecília acabou com qualquer disposição que eu tivesse de cumprir com obrigações simples como planejar minhas próximas aulas. Ou mesmo pensar em qualquer outra coisa que seja. Mas agradeço mentalmente por não precisar de fato dar aula pelos próximos dias.

Deus abençoe os feriados estúpidos de cidade do interior. Era a semana do saco cheio especial de Arâmio. O que significava que além da semana do saco cheio propriamente dita, tínhamos outra só nossa e estava acontecendo neste momento.

- Nós realmente somos estranhos. – Digo para mim mesmo.

Então reavalio o peso dessa frase na minha cabeça. A forma como minha versão mais jovem ansiou tanto por sair dali e eventualmente acabou voltando e se tornando parte disso. Ao mesmo passo que Cecília se afastou cada vez mais e mais de quem era nesse lugar.

No fundo eu estou mais irritado comigo mesmo. Por ter deixado a frustração de tudo falar mais alto sem muita necessidade. Quer dizer, eu queria desabafar sobre muitas coisas mas não precisava ser naquele momento, na biblioteca.

Mas escutar Cecília fazer comentários vazios sobre a cidade ou nossa amizade do passado acabou sendo demais. Se eu realmente conhecia seu jeito, sabia que ela poderia até querer dizer algo mais, mas optou por simplesmente não dizer.

Não parecia mais haver espaço entre nós dóis para mais um abismo. Não. Já era suficiente como estava.

De qualquer forma eu sabia que não conseguiria ficar bravo por muito tempo com Cecília. Ela voltando a falar disso ou não. Sequer falando comigo ou não.

Não tinha muito o que dizer sobre isso. Amar ela era simplesmente muito mais forte.

**

Acordo com meu celular vibrando sobre a mesa de cabeceira. Nem me lembro em que momento desisti de trabalhar e simplesmente fui dormir. Custa um pouco mais de esforço para meus olhos abrirem e apenas atendo.

- ...Alô? – Resmungo, ainda deitado.

Não tenho relógios pela casa e não penso em olhar para o celular então apenas miro a janela. Ainda completamente escuro.

- Eduardo...

Levo um segundo para reconhecer que é Cecília.

- É o Bê...- Sua voz chorosa diz do outro lado da linha.

- Onde você está? – Pergunto, me levantando o mais rápido que consigo. Calço o tênis mais próximo.

- Num hospital em Siena...- Ela diz. – É uma...cidade bem do lado.

- Sei onde é. Estou indo aí.

**

Cecília

Sinto a mão pesada do meu pai sobre meu ombro e quando olho para ele seu olhar triste se direciona para minhas mãos inquietas que vez ou outra arranhavam os pulsos de nervoso.

Dizendo que Te Amo [✓]Where stories live. Discover now