— Vejo que não queres crer em mim. Olhe em meus olhos, Kassandra, encare – me e saberá que tudo que te digo és a mais pura e verdade. — Novamente seu poder me rodeava. Era tão difícil resistir a ele, mesmo depois de tudo eu o amava. Sabe – se lá o quão tola eu era para ainda nutrir sentimentos por ele.

— Não existe expiação para mim, nuri, e para ser completamente honesto se pudesse obter eu não a quereria. A única coisa que eu faria diferente em minha vida seria acolher a ti e a nossa criança. Mas de resto não arrependo – me de nada. Matei, torturei, desbravei, criei um império... E gostei de todos os meus feitos. Gosto do medo e do pavor que imponho, e aprecio a sensação que a matança me causa. Quero morrer da mesma forma com a qual vivi, pela ponta da espada. — Respirei fundo olhando – o como que em transe.

— Não preciso mentir para ti. Falhei contigo em muitos aspectos, mas nunca menti. Sempre soubestes quem eu era e do que eu era capaz. Não mudei minha essência sombria e a devassidão da minha alma e nunca mudarei. Mas minha escuridão se afeiçoou a sua graça. Meu demônio és obsessivo por ti. Não sou e nunca serei o que queres ou o que precisas, mas contra tudo tu me tens. Então, Kassandra, se estou a dizer que não tem possibilidade de Aurya estar a espera de uma cria minha, és a mais pura verdade. — Encarei – o suspirando e o deixei tomar – me em seu abraço.

— Na verdade não acredito que a prostituta esteja grávida. Até onde todos sabem Aurya é estéril, não me convence que logo agora ela milagrosamente conseguiu conceber. Mandei meus soldados levarem – na para averiguação e tudo se esclarecerá. Mas não quero que você pense mais nisso. Apenas uma última vez confie em mim, não existe outra mulher ou qualquer possibilidade de uma criança que não seja sua. — Engoli em seco com sua fala e fechei os olhos exausta emocionalmente. Era tudo demais para mim, meu coração ainda estava sangrando.

Dei – me conta ali nos braços do meu nêmesis, do meu captor que ele havia realmente tomado tudo de mim, até mesmo meu direito a não amá – lo. Meu corpo e até minha mente buscavam escapes para me fazer querê – lo. Odiava essa parte minha que queria apenas esquecer tudo e jogasse em seus braços e confiar, mas a outra parte minha, a cheia de dor, queria apenas que ele sumisse, que morresse, que deixasse – me em paz.

Eu me tornei uma massa confusa e ambígua. Apenas poeira sendo levada da forma que convinha ao vento, sem rumo, sem destino... Sem propósito.

Senti o imperador beijar o topo da minha cabeça e me apertar contra ele aproveitando – se do meu torpor, ainda que parte minha o odiasse eu sentia – me amparada em seus braços. Era tão contraditório que o senhor das minhas dores também fosse o único que conseguia aplacar um pouco do meu amargor, da minha tristeza.

Eu precisava redescobrir quem eu era... Precisava saber quem era Kassandra sem o Mardok, precisava me refazer e juntar os cacos de mim mesma, e algo me dizia que eu só poderia fazer isso sozinha.

Não poderia sustentar mais esse tipo de relação de uma forma ou de outra eu precisava me afastar. Mesmo que por pouco tempo...


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Da guerra ao AmorOn viuen les histories. Descobreix ara