Segredos, Marcas da Alma e Segurança

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Harry acordou com uma sensação de queimação em sua cicatriz. Não era uma sensação desconhecida; aquele verão fora atormentado por sonhos estranhos e dores cabeça. Pelo menos ninguém havia morrido nesse sonho, pelo que ele conseguia se lembrar. Ele só podia estar feliz por não ter acordado chorando dos seus sonhos, porque se tio Válter acordasse e o ouvisse não teria uma reação nada agradável.

Com um gemido ele se sentou, seu corpo imediatamente protestando. A dor não era tão ruim até então, ele supôs, com a experiência em primeira mão que ele possuía, ele sabia que poderia ser pior. Suas costas, até onde ele podia ver, eram uma tapeçaria de vergões vermelhos, sangue seco e crostas. Agora que eles tinham sarado embora ele não estivesse muito preocupado com eles, a noite passada que foi realmente ruim. Válter certamente teria feito pior se não estivesse tão animado para se livrar de Harry mais cedo, ele ia passar o restante das férias com os Weasleys.

Harry estremeceu, forçando-se a deixar as memórias de lado. Não era inteligente insistir nessas coisas; para sobreviver, ele teve que compartimentar e seguir em frente. Focado no futuro... na Toca... na Copa do Mundo... em retornar a Hogwarts, ele podia engavetar seus medos. A compartimentação era uma habilidade que ele naturalmente desenvolveu quando criança, necessária para ir dos Dursleys para a escola e depois para Hogwarts. Era a única maneira de atravessar os anos, minuto a minuto.

Se não o fizesse, tinha certeza de que a vida acabaria por destruí-lo.

Então ele escolheu não se preocupar com isso. Suas costas eram fáceis de esconder, ele tinha três anos de experiência em Hogwarts a essa altura. Os hematomas visíveis estavam escondidos sob camadas de glamour, outra coisa que ele percebeu como fazer acidentalmente quando criança. As ameaças de Válter eram motivação mais do que suficiente para esconder a verdade de qualquer um.

Parte dele sabia que provavelmente poderia escrever para Sirius sobre isso também, mas não valia a pena. Dumbledore claramente não faria nada sobre isso, simplesmente não havia outro lugar para ele ir. Sirius... Sirius apenas faria escolhas que acabariam por separá-los. Pela correspondência com Remus, ele sabia que seu padrinho ainda estava lidando com os efeitos de Azkaban, e Harry havia lutado muito para deixar seu padrinho ser jogado de volta. Isso era melhor do que nada que foi o que ele teve até descobrir que era bruxo.

Pelo menos neste verão Edwiges teve mais liberdade. Harry olhou para as cartas empilhadas em sua mesa com um sorriso. As palavras de seus amigos eram um bálsamo, que o animavam a lidar com a tempestade de insultos verbais com que lhe atacavam diariamente.

Cedrico está preocupado.

Harry ignorou a voz irritante que o seguiu com a carta de Cedrico. Em primeiro lugar, ele raciocinou enquanto cautelosamente tirava sua camisola para vestir-se para o dia, Você está errado. Por que Cedrico se importaria? Ele começou a vestir as calças, movendo-se lentamente para evitar encostar nos arranhões. Segundo, não há nada com que se preocupar. Não é tão ruim quanto era. Está administrável. Calçou as meias do seu uniforme para evitar as usados de Dudley. Terceiro, não é da conta dele, é?

A mentira, de que ele viu apenas a morte de seus pais quando os Dementadores estavam por perto, veio fácil. Mencionar a verdade, falar sobre a escuridão do armário e a dor de... isso era muito mais difícil.

Pensamentos de amizade com o menino mais velho eram sedutores, ele tinha que admitir, mas se recusava a ter esperança de que fosse uma possibilidade real. Ele não sabia por que Cedrico havia estendido a oferta. Um senso de obrigação pelos eventos da primeira partida de Quadribol no ano passado ou ser colocado por amigos como uma piada pareciam possibilidades prováveis ​​de motivação. Harry não sabia por que alguém, muito menos Cedrico Diggory, iria querer ser amigo dele.

Amare: Juro Amor Perpétuo Where stories live. Discover now