Capítulo 26 - Vai Nascer

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Cebola Pov.

Corremos por dentro da floresta até alcançar a estrada onde o carro estava estacionado. Eu já estava muito cansado pelo esforço de correr e carregar a Mônica em meus braços, houve alguns momentos que me ajoelhei no chão para respirar um pouco, mas quando eu olhava para ela gritando de dor logo me levantava para continuar a correr.

Entramos dentro do carro, pus a Mônica no banco de trás deitada no colo de Dona Luisa e Magali, Cascão foi comigo no banco da frente. No momento que saímos pude ver pelo retrovisor que Seu Souza estava nos seguindo em alta velocidade e logo poderia ultrapassar-nos.

- Ele está nos seguindo - Avisei a todos.

- E agora? O que fazemos? - Perguntou Dona Luisa.

Olhei pelo retrovisor novamente mas dessa vez foi para ver como Mônica estava e a medida que via a dor em seu rosto todo meu corpo era tomado de uma Adrenalina absurda. Olhei para o lado e vi uma pequena estrada de terra.

- Segurem a Mônica! - Avisei e imediatamente virei a direção do carro para a esquerda e todos começaram a gritar com o susto. Rapidamente o carro foi descendo estrada abaixo até eu conseguir pará-lo e continuar conduzindo.

- Cara! Que loucura foi essa? - Perguntou Cascão com a mão na cabeça.

- Eu... Eu...

- Que se dane! Continua dirigindo. - Ele falou.

- CEBOLA! - Magali gritou - O BEBÊ ESTÁ NASCENDO!

Imediatamente parei o carro e desci, corri logo para abrir a porta e Magali desceu também.

- Mônica! Meu amor aguente firme por favor! - Ela estava com a cabeça deitada ainda no colo de Dona Luiza.

- Precisamos fazer o parto dela agora! - disse Magali.

- Como vamos fazer isso? - Perguntei nervoso.

- AAAAAAAAAAAAI - Mônica gritou de novo. - EU NÃO ESTOU AGUENTANDO MAIS!

- Meu amor! Respire fundo... Por favor...

- Eu posso ajudar vocês? - Uma voz soou atrás de nós.

Nos viramos assustados para ver quem era e vimos uma senhora com uma cesta na mão.

- A senhora pode? - Perguntei. - Minha namorada está em trabalho de parto...

- Eu sou parteira há trinta anos, vamos pegue a moça e leve para minha casa que já é bem aqui perto.

Peguei a Mônica nos braços e Cascão trancou o carro, andamos um pouquinho até chegarmos a um pequeno sítio, entramos por uma porta que dava entrada para um alpendre e em seguida para dentro da casa onde nos encontramos numa sala de jantar com uma cozinha ao lado. A frente havia um portal que dava entrada para a sala de visitas e os quartos.

- Rapaz, vá por ali - ela apontou para o portal - Entre na primeira porta a sua direita e ponha ela na cama. E você moça - Falou com Magali - Vá ali na cozinha, debaixo da pia tem uma bacia e no armário ao lado há panos, traga-os para mim. - Ela olhou para Dona Luisa - Imagino que a senhora seja a mãe ou a sogra dela.

- Sou a mãe..

- Ótimo, você vai me ajudar no parto da sua filha, venha comigo.

Entrei no quarto onde tinha uma cama de casal e uma de solteiro ao lado encostada na parede. Deitei a Mônica na de casal.

- Meu amor... Você vai ficar bem.. - Eu disse segurando em suas mãos. Meus olhos estavam encharcardos de lágrimas.

- Cebola... Tá doendo muito... - Ela estava sofrendo demais.

- Meu amor... Nosso bebê vai vim ao mundo! Vamos ser pais... Vai dar tudo certo! Respire por favor... - Eu passava a mão suavemente limpando o suor de sua testa.

- Aaaai....

Dona Luisa e a senhora que nos ajudou entraram no quarto.

- Bom papai, hora de você sair um pouco de perto. - Disse a senhora.

- Eu quero ver o nascimento do meu filho!

- E você verá! Mas se afaste um pouco! - Ela chegou perto da Mônica. - Ela está sangrando a quanto tempo?

- Achamos ela a um pouco mais de 20 minutos daqui, mas não temos noção de quanto tempo ela sangrou... - Respondeu Dona Luisa

- Isso não é muito bom! - Disse a senhora.

- Como assim não é bom?? Meu filho vai nascer?? Ele está bem??

- Cebola... Eu sei que você está nervoso, mas acho que seria melhor você ficar lá fora... É melhor para você e pra Mônica. - Disse Dona Luisa vindo ao meu encontro.

- Aqui está a bacia! - Magali entrou imediatamente no quarto.

- Rápido! Posso ver a cabeça da criança! - Disse a senhora. - Faça força minha filha! Seu bebê ainda está vivo mas se você não se esforçar não sei se conseguirei salvá-lo

Mônica começou a fazer força enquanto gritava muito, Magali estava em pé ao meu lado e Dona Luisa estava próxima a cabeça da Mônica passando a mão em sua testa.

- Faz força meu amor! Por favor.

- CEBOLA! - Gritou Magali para mim. - Fique calmo! Facilite as coisas. - Naquele momento ouvi o choro do bebê.

- Meu filho... - Comecei a chorar mais ainda.

- É um menino - Disse a senhora - Um menino muito guerreiro, nasceu com muita saúde. - Ela deu o bebê para Dona Luisa.

- É a sua cara Cebola... - disse Dona Luisa chorando. E logo ela colocou ele nos braços da Mônica que sorria e chorava.

- É meu amor... Ele é a sua cara...

Me aproximei deles enquanto Dona Luisa, a senhora e Magali saíram do quarto.

- Ele é lindo... - Falei.

- É... Muito obrigada por tudo..

- Eu que agradeço, você foi a melhor coisa que me aconteceu Mônica... E agora nós temos nosso filho... Aqui... Com a gente... - Nos beijamos. - Você está bem?

- Estou... Dolorida, mas estou bem... Estou muito cansada.

- Lamento por tudo que aconteceu, foi muita pressão em cima de você... Você não merecia o que eu...

- Não diga mais nada, você não é culpado do que aconteceu... Você também foi a melhor coisa que me aconteceu! E eu passaria por tudo de novo para ter nosso filho.

- Melhor ela descansar - Chegou a senhora no quarto - Vamos dar banho no bebê e você também deve tomar um, sua mãe e sua amiga vão lhe ajudar... Venha papai, vamos banhar seu bebê.

- Temos que partir logo... - disse.

- Melhor vocês passarem a noite aqui... Já está escuro lá fora e é ruim de andar na estrada, e como eu disse, ela precisa descansar, foi um parto muito difícil. Tenho mais três quartos disponíveis, e vocês podem se acomodar perfeitamente.

- Agradeço muito - Disse

A senhora era muito simpática, ela sorriu para mim e pegou o bebê nos braços e fomos ao banheiro do outro quarto para banhá-lo enquanto Dona Luisa e Magali foram ajudar a Magali a tomar banho.

Amor de OutonoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora