Capítulo 5

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"Você mata por onde passa,
Mas eu faço os céus caírem."

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Suas asas farfalharam por trás de suas costas, não em um movimento gracioso ou simplório, mas rígido e brusco, Zilá odiava o toque, a sensação de algo se aproximando, conseguia abominar qualquer coisa que chegasse perto de suas sensíveis asas, os arrepios que se instalaram em seu corpo foram involuntários e extremamente irritantes. Quando ainda era jovem, Zilá teve um destaque maior entre as mulheres que treinavam, ela tinha força, tinha vontade. E tinha asas, asas que ela sempre lutou para proteger.

Com 10 anos, Zilá quase fez sua primeira vítima, ela treinava desde o primeiro momento em que pode ficar de pé depois das queimaduras, ela viveu entre as crianças de soldadas maiores, de ladys da corte ou filhas de condessas, algumas não gostavam de como Zilá crescia rapidamente em suas habilidades. Alguém a tocou, e não foi em sua perna ou em seus pequenos braços que já seguravam facas e lanças, mas foram suas asas. Naquele dia, Zilá quase esfaqueou uma lady, estava perto de ser uma assassina com apenas 10 anos de vida, felizmente, sua treinadora a impediu.

Durante todos os outros anos que se seguiram, ela teve que aprender muitas coisas, para chegar onde ela chegou, ela teve que entender e colocar seus ensinamentos em prática.

Uma guerreira nunca vai perder a calma. Sua treinadora disse naquele dia. Uma mulher com poder sobre seus sentimentos. É a maior e a mais forte arma desse mundo.

Ressitando as palavras rígidas em sua mente, da mulher que um dia foi sua treinadora, da mulher que um dia foi capitã, e da mulher que um dia confiou em Zilá e em sua habilidade sobre os próprios sentimentos, para enfim passar o posto e honra para a garota das sombras.

— O que significa isso? — Ela murmurou, alisando sua túnica preta, enquanto sentia Shadow retirar um fiapo de papel de seus belos cabelos escuros.

Suas sombras se intensificaram por suas asas, fluindo de seu corpo com mais rapidez e agilidade, alisando seu pescoço e seus ombros, acariciando seus cabelos e rodeando a membrana em busca de alguma maneira, acalmar a Amante das Sombras. Zilá soltou uma respiração lenta, jogando o último papel vermelho para longe, ela então, levantou a cabeça e olhou para tudo o que rodeava.

O cômodo estava enfeitado, repleto de luzes e cores vivas, envolventes e chamativas, na mesa do centro, ela podia ver um bolo tanto quanto podia ver pendurado na lareira uma boa tentativa de letras recortadas.

— Uma festa? — Ela debochou ao encontrar os olhos de sua mãe.

Talvez todos estivessem esperando uma reação maior, Azriel estava esperando algo maior. No fundo de sua alma escura, por mais que tentasse negar, ele estava realmente se preparando para receber um apertado abraço, esperava ver o brilho nos olhos avelãs de Jasmin, o sorriso e as covinhas delicadas, mas a frieza era como um balde de água fria jogado sobre sua cabeça. Rhysand tinha razão, sua irmã era igual a Azriel.

— O bilhete dizia que sua saúde estava decaindo. — Disse, sua voz severa como a capitã que foi por anos. — Existe alguma explicação?

Shadow se agitou sobre o ombro estreito de Zilá, movendo suas unhas enquanto tentava se estabelecer no lugar com segurança, não desejando sair quando perceberá a clara movimentação que se aproximava de sua dona. Suas garras de ferro se apertaram, danificando minimamente o rico tecido que cobria o busto de Zilá, a coruja se curvou para frente, abrindo suas asas negras e seu bico alaranjado em pura ameaça.

Amante das Sombras | ᶜᵃˢˢⁱᵃⁿWhere stories live. Discover now