2 . You bring me home

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As semanas passaram rápido no meu novo lar.
Ia me acostumando com a nova rotina, com os afazeres de uma casa que eu cuidava, pela primeira vez, sozinha.

Não era fácil, meu trabalho como advogada tributarista me consumia bastante, mas tinha vantagens. Eu conseguia trabalhar de casa algumas vezes por semana o que me permitia horários flexíveis e mais tempo com a minha Carolzinha.

Mais uma vez, ela me surpreendeu positivamente. Apesar da pouca idade, de sua maneira infantil, entendia a situação.

A tristeza me pegava em muitas noites e eu as passava em claro.

Eu não sabia bem como voltar a ser a Laura, sem o Felipe. Todos nossos amigos eram compartilhados, a família dele sempre foi a minha também. Nós estávamos juntos desde do início da minha adolescência. Acho que não tive tempo para me formar e me construir enquanto indivíduo. Sempre foi Laura e Felipe. Mas não mais. Então, era difícil.

A solidão batia a porta e nesta quinta feira, ela estava muito forte.

Decidi ligar para minha irmã e ver se teria companhia para uma noite de vinhos.

- Oi amada! - sua voz era animada - Como você está? - com um tom preocupado e acolhedor.

- Oi querida! Estou indo, hoje estou me sentindo tão sozinha. Carol tá na casa do Felipe... - minha voz embargou por estar longe da minha pequena.

- Eu tô de plantão, mas eu saio às 19h. Anima de bebermos umas e afogar essas mágoas?

- Não quero atrapalhar, Lu!

Esse era um fato sobre mim. Eu tenho pavor de incomodar os outros, já que prezo muito pelo meu sossego.

- Aaai menina! Até parece né! Se eu não quisesse ir, não teria falado nada.

- Mas e o Kaique? Deve estar doido de saudade de você...

- Ele entra no plantão hoje, 24 horas, a gente não vai se ver mesmo. Mas, vamos dar uma fugidinha no sábado para uma casinha linda, no meio do nada. Agora, anda logo, prepara as coisas e faz uma comida bem gostosa para sua pessoa preferida.

Outro fato sobre mim, como uma boa taurina,  eu adorava cozinhar para as pessoas que eu amava. Era uma das minhas formas de demonstrar que me importava. E ver as pessoas comendo, me dava uma sensação de bem estar.

Me animei por ter minha irmã comigo e sabia que precisava comprar alguns itens para fazer um risoto e sua sobremesa preferida, torta de limão.

Me arrumei rapidamente, verificando que tinhas algumas horas até ela chegar.

Fui ao supermercado escolher os ingredientes que precisava e três garrafas de vinho. Melhor sobrar do que faltar né...

Quando cheguei em casa, com os braços carregados pelas sacolas plásticas repletas de compras, abri a porta com dificuldade e coloquei tudo nos seus devidos lugares e o vinho para gelar.

Decidi tomar um banho rápido e começar a preparar tudo.

Já limpa e cheirosa, com minha roupa de ficar em casa, um short rasgado e uma camiseta branca larga que cobria o que eu usava por baixo, eu estava confortável.

Decidi que uma taça de vinho seria minha companhia até que Luísa chegasse, e para me animar, coloquei minha playlist no Spotify para tocar.

O cheiro de cebola fritando na manteiga invadia meus sentidos e o vinho me relaxava. Eu dançava lentamente e cantarolava enquanto Harry Styles cantava para mim pelo meu celular.

Eu me sentia feliz, pela primeira vez naquela semana.

Completamente distraída, levo um pequeno susto quando escuto a campainha, confiro o relógio e percebo que ainda está muito cedo para ser minha irmã.

A próxima porta Where stories live. Discover now