A Conversa

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Fui até a casa de Eddie Munson, mas não tinha ninguém. Provavelmente seu tio tinha acabado de sair pra trabalhar, e talvez o rapaz saiu pra fumar na floresta, então decidi ir até lá. Eu já havia decorado o caminho de onde sempre ficamos conversando, Eddie me disse que gostava de ficar lá quando precisava de um tempo sozinho...

Quando me aproximei percebi que minha teoria estava certa. Munson estava sentado em cima da mesa de madeira, não me viu pois estava de costas. Ele estava com sua guitarra e um bloco de anotações também, e tinha acabado de apagar um cigarro quando eu me aproximei e sentei ao seu lado.

"Oi.." Falei, timidamente.

"Isa!!" Disse Eddie ao se virar pra mim, surpreso. Vi seus olhos brilharem e ele abriu um sorriso tão lindo.. Antes que eu dissesse mais alguma coisa ele me abraçou forte. "Não faz mais isso comigo.."

"Me desculpa Eddie, eu não devia ter feito aquilo..." Falei, retribuindo o abraço na mesma intensidade. "Achei que você não ia querer falar comigo de novo.."

"Você tá brincando?! Eu sempre vou te querer por perto, Isa. Porque eu te-"

"Mas a gente precisa conversar, né?" Interrompi, separando o abraço devagar e coloquei minha mão em cima da dele.

"É, é mesmo. Eu preciso te falar umas coisas, e eu espero que você me deixe explicar agora." Disse pacientemente.

"Sim, mas primeiro sou eu quem te deve explicações..." Falei isso e o entreguei a carta. "Você não precisa ler agora.. Eu só escrevi porque achei que você estaria bravo comigo.. Enfim, eu prefiro falar.."

"Hah, você fez uma cartinha" Disse Eddie, sorrindo igual besta enquanto olhava o envelope. "Que fofa, eu juro que vou guardar pra sempre."

"Não precisa disso tudo.." Falei rindo e olhei pra baixo, corando.

"Tá bom, tomatinho, pode me falar o que você queria, eu não vou mais interromper e vou prestar atenção." Disse olhando pra mim e sorrindo levemente.

"Tomatinho?! Ah Eddie, porra.." Comecei a rir mais.

"Desculpa.. Continua." Ele falou segurando o riso.

"Tá, é sério!" Eu disse ao respirar fundo. "Eu sei que não tem uma boa justificativa pela forma que eu agi aquela noite, mas eu preciso dizer que foi porque, talvez, eu tenha sentido um pouco de ciúmes... Quando eu te achei depois de ter saído, eu vi você conversando com aquela menina e não quis atrapalhar, então quando eu fui sair pra pegar uma bebida eu vi vocês se beijando-"

"Peraí!" Munson me interrompeu. "Ah, nada, depois eu falo.."

"Enfim, aquilo me deixou surpresa, foi muito do nada, e eu fiquei com raiva porque você sempre demonstrou que... Sabe, talvez eu tenha confundido as coisas, eu sempre confundo.. Mas é, eu basicamente fiquei com ciúmes e na hora eu não sabia direito o que eu tava sentindo e o porquê de eu estar com tanta raiva, aí eu acabei explodindo com você. E é difícil falar o que eu sinto porque eu tenho medo de você não sentir o mesmo.. E eu não quero que a gente se afaste.. É isso." Falei isso tentando parecer calma, mas eu estava muito nervosa.

"Isa.." Começou Eddie, segurando a minha mão enquanto olhava nos meus olhos. "Aquela hora, quando você saiu de perto, aquela garota veio falar comigo.. Ela é muito chata, insuportável, e vive me incomodando desde o ano passado.. Quando eu vi que você tava demorando eu tentei te procurar só olhando, nisso eu me distraí e ela me roubou um beijo.. Eu acho que você saiu e não viu que eu a afastei na hora, perguntei se ela tava doida e.." Ele deu uma risadinha. "Não fica brava comigo, mas eu disse que era comprometido, que meu coração já tem dona."

"Sério?" Perguntei, aliviada.

"Sério. Depois disso eu fui te procurar, eu ia te contar o que aconteceu mas, né... Eu acabei ficando um pouco bravo na hora, porque você me deixou confuso, eu pensei que você me considerava, infelizmente, só seu amigo. Mas depois que eu fui pra casa a raiva passou, e eu só fiquei triste porque não queria te perder.. Mas tá tudo bem agora!" Disse a última parte ao perceber que eu me senti mal por ele, me deu mais um abraço e um beijinho na testa.

"Eu não quero que você ache que essas coisas que eu te falo são mentiras, ou brincadeiras." Começou Eddie. "Talvez eu seja um pouco exagerado... Mas desde o começo, eu sempre quis ter algo com você, e quanto mais nos aproximamos, mais meus sentimentos por você aumentam, Isa.. E isso, isso é amor. Então se você sente qualquer coisa por mim, pode me falar, sem medo de eu me afastar de você." Ele falava isso de um jeito tão confiante, como se soubesse que meus sentimentos por ele, são como os dele por mim.

Eu sorri olhando pra ele, meu coração se encheu de alegria com aquelas palavras, cheguei a me perguntar se não desmaiei no meio do caminho e estou sonhando.. Mas era tudo real.

"Sabe, eu nunca fui muito boa em demonstrar sentimentos, em falar deles.. Mas eu posso te dizer que, quando eu cheguei aqui eu estava triste e só pensava em como eu queria voltar à vida que eu tinha antes.. Mas eu te conheci, e percebi que mudar de país com a minha mãe foi a melhor coisa que eu fiz em toda a minha vida! E toda vez que eu te vejo meu coração dispara, sempre que estamos juntos eu vejo sentido na vida.. E quando não estou contigo, você não sai da minha cabeça, Eddie. Eu nunca senti isso antes mas é tão bom.." Quando terminei de falar eu me senti mais tranquila, ainda mais vendo o sorriso bobo de Munson aumentar a cada frase que eu dizia. Algo muito raro aconteceu também, ele corou.

"Eu sei o que é isso, eu não consigo e nem quero parar de pensar em você, nem por um minuto." Disse Eddie, se aproximando mais.

Eu fiquei em silêncio, já sabia o que devia acontecer agora, e dessa vez eu não ia impedir.

Eddie colocou meu cabelo atrás da orelha, uma mão em minha cintura. Eu coloquei uma mão em sua nuca e tomei a atitude.

Mas nossos lábios mal se encostaram. Fomos interrompidos por um garoto que chegou correndo.

"Oi! É aqui que tão vendendo maconha?!" Ele diz animado.

"OPA!" Disse Eddie que desceu da mesa apressado. "10 gramas por 20 dólares!" E pegou uma maleta que estava debaixo da mesa. O menino pagou Munson e este o entregou um saquinho que havia tirado da maleta, aí o menino foi embora.

"Que porra foi isso?" Perguntei, surpresa.

"Ah, eu tô precisando de dinheiro.." Respondeu Eddie, rindo.
"Mas, onde foi que paramos mesmo?" Perguntou com um sorrisinho ao se sentar ao meu lado de novo.

"Já tá escuro, melhor eu ir pra casa." Respondi tranquilamente, descendo da mesa.

"Claro, eu te acompanho até sua casa." Disse ele, me seguindo.

"Não precisa, obrigada. Amanhã conversamos melhor.." Falei ao pegar minha mochila, e sorri pra ele.

...

:)


Our Year - Eddie MunsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora