Cap. 9 - Elizabeth Detzel

Start from the beginning
                                    

Me tornar igual a Aimeé? Merda.

Todas as mulheres se juntaram em uma só e ficaram em frente à Elizabeth. Odiava tudo aquilo, mas fazer a fusão era necessária. Precisava do conhecimento daquelas mulheres. Precisava chegar ao topo do mundo.

Os corpos celestes entraram pela boca de Elizabeth, e seus olhos tornaram-se uma luz branca. Como filmes sobrepostos, as vidas, os amores, as dores, os anseios, os medos de todas aquelas mulheres sincronizavam com os da bruxa. Era perturbador.

Enlouquecedor.

Diego?

Sua mente focou na figura que amava. O via ao longo do tempo por óticas diferentes, sentimentos diferentes.

Seu corpo desfaleceu.

Uma multidão com todos os espíritos de sua linhagem estavam a sua volta. Pela primeira vez em, talvez, milênios eles puderam escolher sua líder.

Não consigo parar!

Um turbilhão a invadia e não conseguia controlar a gama de informação que os espíritos sincronizavam com ela. Sentia que seu corpo estava colapsando.

Diego!

Suplicava em sua mente. Ele era seu âncora.

Desmaterializou-se.

Nua e coberta de cinzas, Elizabeth caminhava pelo templo gótico que remonta ao século 15 como a rainha que havia acabado de se tornar. Os homens, vestidos em trajes religiosos que tentavam se aproximar e impedi-la de chegar ao seu objetivo não conseguiam tocá-la, estava protegida por uma redoma energética e qualquer magia ou arma que tentassem lançar sobre ela voltava-se contra o perpetrador.

Imponente, majestosa, seus cabelos eram incandescentes mechas vermelhas. Seus olhos uma luz tão branca que era capaz de cegar quem a olhasse diretamente. Aproximou-se de um pequeno livro e antes de tocá-lo, foi emboscada por vários homens munidos de artefatos mágicos. Olhou pra trás. E com um sorriso, um flash da luz iluminava seus olhos, os corpos caiam enquanto suas almas ainda não entendiam que já estavam mortos. 

Elizabeth voltou sua atenção ao pequeno livro e mesmo com todas as barreiras mágicas que o protegiam, o pegou, o abriu e toda a grafia existente nas páginas se transferia para sua pele como tatuagens feitas em fogo. Doía. Dilacerava. Queria colocar tudo abaixo e sem conseguir controlar totalmente sentimentos, razão e poder, acabou por destruir com fogo o lugar.

Desmaterializou-se outra vez.

Agora estava no repositório das almas de Diego. O lugar parecia uma enorme adega, repleta de garrafas. Cada uma tinha um rótulo catalogando de quem aquela alma havia sido, data e motivo de estar ali. Elizabeth se apoiava em uma das dezenas de estantes cambaleante. Estava fraca e cada materialização era um esforço sobrenatural no qual lutava para suportar. Aquelas almas equivaliam a no mínimo umas cinco ogivas nucleares.

A bruxa olhou para a fileira de garrafas que estavam a alturas de sua visão em uma das estantes, as abriu com um único gesto e absorveu. Seu coração batia acelerado, seus olhos reluziam brancos, cabelos em chamas, a pele marcada. Ela sentia tanto poder percorrendo seu corpo que parecia que explodiria a qualquer momento.

Permitiu seu corpo cair no chão. Estava exausta. Sua matéria não resistiria por muito tempo.

▪︎▪︎▪︎

Thiago não estava sabendo como lidar com uma adolescente eufórica em casa. Infelizmente não tinha a opção de pesquisar no google "como desligar um oráculo", então comprou tudo o que qualquer menina naquela idade cobiçava.

Terra Proibida - EssênciaWhere stories live. Discover now