Os Lobos e Ninguém

⬚ ▪︎ 𝐂apítulo 𝟒 ▪︎ ⬚

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❝  Largou o noivado  ❞

Foi só Doza completar dezasseis anos para que os seus pais junto de um unicórnio fizessem um acordo. Acordo este que era ter um relacionamento com o sobrinho deste unicórnio, que mais tarde vem a saber que o nome dele é Sere'mi, e que o nome do tio é Ermin, ambos com o mesmo apelido Rain. 

Ela para ser honesta não sentia nenhuma atração pelo unicórnio, pelo contrário. Ela começara a odiá-lo por o mesmo tentar mandar, oprimir, e humilhar ela, mas sem sucesso por conta da personalidade forte da potra, que sempre dava uma patada na cara dele quando tentava fazer uma coisa dessas, o que acabou por o relacionamento ser tóxico. Mas os pais e o tio não se importavam, o que importava era que aquele "relacionamento" era bom para os futuros negócios e estarem bem vistos pela sociedade. E Doza estava pouco se fudendo para essas duas coisas que os adultos queriam.

No meio de tanta toxicidade e desgostos, a potra acabou por conhecer a meia-irmã de Sere'mi, a Nemia, já que são irmãos de mães diferentes.
Nemia Milo era uma pônei terrestre tal como ela, a cor de pele é rosa escuro moderado e a crina é amarelo linho, olhos castanhos claros e sardas, e usa uma pulseira de prata com feitios. Ela costumava ser muito na dela, mas era visível que estava triste e com pena da outra pônei que estava a ser forçada a aquele tipo de coisa. Poderíamos dizer que as duas formaram uma amizade mútua, já que a jovem Milo também sofria nas patas do seu tio.

Era simplesmente desgastante ter sempre que defender-se de pôneis que apenas a botavam para baixo. Mas isso iria mudar.

A sua mãe falou que iria preparar o noivado para ela e o "namorado", para depois meses depois prepararem um casamento arranjado. Doza sendo ela mesma, protestou em vão com os seus pais, que não deram a mínima para aquilo e que já estava tudo planeado. O noivado ia acontecer em quatro dias.

Doza sentia-se completamente destruída por dentro, e para desmoronar-se em lágrimas, ficou em um hotel naquela noite para poder estar sozinha e em paz por pelo menos uma noite, já que até mesmo as suas noites eram terríveis, a começar pela parte em que tinha que dividir a cama com um unicórnio que basicamente a maltratava-a. Ao chegar no apartamento, deitou de focinho na cama e apenas chorou, e chorou tudo o que tinha para chorar, e depois que parou de chorar, descansou o corpo e deixou-se estar ali até adormecer. Mas o procedimento é interrompido com o bater da porta.

--Entre…-falou com a voz embriagada e suspirou pesado. Ouviu a porta a abrir e fechar, e ficou surpresa ao ver Nemia ali.-Nemia, o que tu…?

--Não te preocupes, eu vim em paz.-disse com uma voz doce e calma e aproximou-se um pouco da cama onde estava a potra.-Posso…?

--Claro, senta aí.-viu a pônei sentar na cama e olhar para ela.-Como soubeste que eu estava aqui?

--Eu moro no prédio ao lado e eu vi-te por acaso, então decidi ver se estava tudo bem contigo.

--Eu tenho cara de que estou bem?-perguntou sem graça.

--Claro que não, tu estás bem mal.

--Obrigada por entenderes-me.-falou num tom agradecido e enterrou novamente o focinho na almofada.

--Eu já soube do noivado que vais ter. É realmente triste e forçado.-suspirou.-Se pudesses fazer algo para sair do noivado, o que farias?

--Fugia para bem longe, para que ninguém daqui vá atrás de mim, e para ter o sossego de volta à minha vida.-confessou, virando a cara para que pudesse olhar nos olhos da outra.-Eu simplesmente largava o noivado.

Nemia olhava nos olhos de Doza, e conseguia ver aquela fraca esperança no fundo da sua alma de que iria sair daquele pesadelo algum dia. Era realmente doloroso de ver.