Celeste

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Antes de mais nada, essa história é uma autoria própria, plágio e crime!

      

"Quando eu era pequeno, amava ver as estrelas, minha amiga, Celeste, era fascinada pela Lua, principalmente a cheia. Pra ela, nem mesmo o Sol com todo seu brilho era mais belo do que à Lua, e eu até concordava com o argumento dela, sobre apesar de o Sol iluminar tudo com sua luz, a Lua era o caminho na escuridão, era o que te guiava em meio as sombras, a perfeição estava nela.
Eu amava vê-la falar assim, na verdade eu amava tudo nela, o sorriso largo com a covinha se sobressaindo no canto direito, os cabelos castanhos caindo na altura da cintura, os olhos verdes que brilhavam a luz da Lua, ela era perfeita, mas foi tirada de mim, e eu nem pude falar o que eu sentia, ela nunca soube".

Acordei com o repetitivo e irritante toque do despertador. Eram 10hrs, último dia do ano, todos em festa, menos eu.
Se o destino não tivesse acabado com a minha vida, hoje eu e Celeste estaríamos comemorando o aniversário de 17 anos dela, provavelmente no Green Park, comendo algodão doce e jogando video-game o dia todo. Mas como hoje eu já não tenho mais ela, repito as mesmas coisas dos 5 anos que se passaram, fico na cama o máximo que eu posso, tento não lembrar dela o máximo que eu posso, e quando chega a hora da virada, já estou dormindo.
Enquanto me vestia, descidi fazer diferente esse ano, e jurei a mim mesmo que seria a última vez que ficaria assim. Eu iria me despedir de Celeste e iria viver minha vida, viver uma nova vida.

Enquanto o dia se arrastava, dei uma passada na casa de Lucy e contei à ela minha decisão.
_ Até que enfim, Dam. Não quero parecer insensível, mas você não pode deixar de viver por que não tem mais ela.
_ Eu sei, eu tenho que fazer isso.
_ Dam, eu sei que, em qualquer lugar que ela estiver, ela vai estar feliz por você. E mais, Diego, Simon e eu vamos estar com você.
_ Obrigado Lucy... As vezes não sei como estaria sem você.
_ Provavelmente um fumante depressivo. - ela falou debochando e rindo de mim.
Sorri também, e por mais raro que fosse, era um sorriso de verdade.

Pouco antes de o sol se por, tomei um banho, vesti-me e desci para a cozinha. No armário, peguei uma cesta e enchia-a de vários doces, inclusive os preferidos de Celeste.
Uma hora depois, eu estava subindo um pequeno morro adentrando o bosque de Chester Bring's. Enquanto andava, a cidade ficava cada vez mais longe, a Lua já estava a um ângulo de 60 graus, olhando de onde eu estava, parecia um balão branco amarrado à uma linha em cima da torre do relógio. As estrelas, cada vez mais brilhantes, já se estendiam por todo o céu.
Depois de uma longa trilha, cheguei à antiga casa da árvore. Apesar de muito velha, ainda estava igual. A porta, com um desenho do céu, que Celeste havia pintado, a escada de madeira, as laterais da casa, ainda estava tudo igual.
A maior parte da casa foi feita por Brian, um garoto de 16 anos que na época era nosso vizinho. Hoje em dia não tenho notícias dele, viajou com a família para Londres um ano antes de Celeste morrer. Acho que ele não soube do incidente, se soube, nunca quis voltar.

Depois de entrar e reorganizar algumas coisas que ainda estavam na casa. Na pequena varanda, ainda estava a pequena cadeira de metal de Celeste, ver aquilo me apertou o coração.
Estendi uma toalha de mesa no chão ao meu lado e abri a cesta. Depois de colocar tudo para fora, comi pedaço de gelatina de morango. Até hoje eu odeio isso, mas Celeste vivia me fazendo comer. Era a preferida dela.
Olhei o relógio, quase meia noite, os fogos de artifício estouravam na cidade. As cores eram bonitas, mas eu ainda preferia a simplicidade das estrelas.
Cinco minutos para a meia noite. Meu cular vibrava com as mensagens, provavelmente dos grupos de whatsapp que eu nem conversava.
Três minutos. Meus pais me ligaram, me pediram pra voltar rápido pra poder passar a noite com eles.
Um minuto. Espero que esse seja um novo recomeço.
Cinqüenta segundos. Fechei os olhos, fiz um desejo, um ultimo desejo.
" Esteja comigo"
Pronto. Os estouros dos fogos acabaram com o silencio da cidade. Até no bosque os barulhos eram insurdecedores.
Olhei pra lua brilhante, agora no seu maior ponto. Sorri, pois naquele momento eu sentia realmente que Celeste estava comigo.
_ Feliz ano novo!

Sob a luz das estrelasWhere stories live. Discover now