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"Eu só quero ver o quão bonita você é
Você sabe que eu vejo
Eu sei que você é uma estrela
Onde você for, eu sigo
Não importa a distância
Se a vida é um filme
Então você é a melhor parte, oh
Você é a melhor parte, oh
Melhor parte"
|Best Part (feat. HER), Daniel Caesar|


Faith Hall

ANTES:

23 de setembro de 2003.

Somerville era conhecida por sua enorme plantação de girassóis. A maior em todo o estado.

E por isso, anualmente, tinha o festival dos girassóis. Eram comidas típicas, pessoas vestidas e fantasiadas de girassóis. Eu particularmente odiava tudo isso. Mas era obrigada a ir, porque o meu pai gostava dessa baboseira. Ele até vestia roupas amarelas.

Menos eu. Eu estava fantasiada de mim mesma e estava passando de bom.

Quando chegamos na plantação de girassóis, praticamente toda a cidade estava aqui. Todos mesmo. Até os professores da única escola na cidade. Meu pai foi na frente e eu o segui, com uma enorme carranca. Ele parou para conversar com uns amigos e uma mulher apertou a minha bochecha, até arder.

— Como ela cresceu, Dom — murmurou a mulher, mostrando todos os dentes da sua boca para o meu pai.

— E a cada dia que passa, ela está mais parecida comigo — meu pai disse, dando uma risada.

Era mentira dele.

Eu não tinha nada dele. Nadinha mesmo. Desde os meus olhos castanhos, até as unhas dos pés, eu era idêntica à minha mãe. E era por isso que o meu pai dizia que eu parecia com ele, porque se dissesse a verdade, ele lembraria da minha mãe. Eu o fazia lembrar dela. Por esse motivo, Dominic Hall me negligenciava e, na maioria das vezes, era rigoroso comigo.

Por isso eu pintava os meus cabelos de rosa, porque assim eu me parecia menos com ela. Meu pai não se importava com o que eu fazia ou deixava de fazer no meu corpo. E eu aproveitava isso e tingia os cabelos de rosa, porque eu tinha esperança de parecer menos com ela e talvez assim, ele me olhasse como olha para Grayson.

Ele o olha como se ele fosse o seu ídolo. Meu pai deixava Gray fazer tudo o que quisesse, meu irmão nunca teve algo negado a ele. Enquanto eu tinha o básico de tudo, Grayson tinha tudo do bom e do melhor. Ele tinha um carro do ano, dinheiro garantido para pagar a sua faculdade e um apartamento que o meu pai deu a ele, assim que meu irmão completou dezesseis anos.

Eu queria que o meu pai fizesse por mim, a metade do que faz por Grayson.

Grayson também percebia o que o nosso pai fazia. E muitas vezes, ele pedia dinheiro ao nosso pai para comprar algo que eu estava precisando. Porque se eu pedisse, ele não daria a mim.

Meu irmão era um mimado, mas cuidava de mim. E eu o amava por isso.

— Concordo com você — a mulher finalmente soltou a minha bochecha e senti a minha pele formigar de alívio.

— Gatinha, vai passear — meu pai sorriu falsamente.

Ali eu entendia que era uma ordem clássica: some das minhas vistas. Eu não entendia o porquê dele me levar para os lugares com ele sendo que, todas as vezes, ele me mandava passear e me deixava sozinha, em lugares que eu nem conhecia. E de novo, não era diferente.

Eu odiava essas festividades. Odiava tudo que o meu pai me obrigava a fazer e a maioria das vezes, ele sabia que eu detestava e eu tinha a impressão que ele fazia por prazer. Por saber que eu odiava. Era como um jogo sádico para ele. Meu próprio pai era a pior pessoa para mim.

FALLING FOR LOVE #1Where stories live. Discover now