- Você é engraçado motorista! - Disse Dooham em tom irônico. - Desculpe pelo motorista. Mas porque disse suposto psiquiatra? - James Dooham parecia incomodado com as palavras de Santiago.

- Sim, suposto psiquiatra, você não ouviu errado não! - Respondeu Santiago olhando com raiva para Dooham. - Algumas coisas me permitem levantar a sua qualificação profissional meu jovem.

- E quais seriam essas coisas motorista?

- Percebo que tem um senso de humor muito evoluído e gosto disso. Falando no que realmente interessa, não vi nada sobre você no hospital; não existe nada, nada sobre você! Você estava no meio da estrada, muito estranho, um médico ficar esperando a carona no meio da estrada, ainda mais naquela região de Blackpool. E uma ultima constatação: Você não tem aparência nenhuma de médico, me desculpe, mas parece muito mais um policial, militar, do que um psiquiatra.

- Como previ você é daquelas pessoas que gostam de dar opiniões sem nenhum fundamento, sem nenhuma prova, além de ter um preconceito com a aparência, julgando assim as pessoas de acordo com ela, a aparência. - Retrucou Dooham cruzando novamente o braço e mirou novamente para frente.

Santiago nada falou, voltou a prestar atenção na pista, até que seu celular tocou.

- Pronto! - Falou Santiago atendendo ao telefone móvel.

- Já esta voltando Santiago? - Indagou a voz.

- Sim, senhor; Doutor David. Já estamos voltando, creio que dentro de no máximo uma hora estaremos em East Sussex.

- Magnífico! Quando chegar, não venha para o hospital. - Ordenou David.

- Como é? Não é para ir ao hospital? Por qual motivo doutor?

- Nada em especial. Não questione, apenas faça o que eu mandar.

- E onde devo ir?

- Vá para o Prato de Arroz. Assim que chegar, me ligue que irei ao encontro de vocês.

- Tudo bem doutor.

- Perfeito! - Disse David desligando o celular.

Assim que desligou, David desceu do carro, ele estava fora de East Sussex, porém, nas intermediações da cidade. O lugar era um pouco diferente, porém habitável, algumas casinhas simples espalhadas pelo terreno meio deformado, o sol ardente e entre algumas árvores uma construção de porte médio chamava a atenção, um prédio de três andares, com a pintura um tanto quanto desbotada, a grande porta de entrada feita de madeira um pouco envelhecida, as janelas eram velhas, porém com apenas algumas pequenas trincas; no alto do prédio, uma placa identificava o local: "Forensic Institute - Peter Murry".

Aquele Instituto Médico Legal foi batizado em homenagem ao pai de David, o senhor doutor Peter Murry, dono do hospital, morto misteriosamente em um dos quartos do grandioso Hellingly. Desde a criação do IML, Peter nunca pisara no local, mesmo quando era preciso ir até o Instituto, David mandava algum funcionário do hospital resolver as coisas. Ninguém sabia ao certo porque o médico não gostava de ir até lá, talvez por sempre criticar o trabalho dos legistas ou apenas tentava evitar lembrar-se da barbaridade que aconteceu com Peter.

David adentrou o IML; na recepção havia apenas uma adorável moça de nome Elisa, tinha os cabelos ruivos, não era muito magra; seus olhos eram claros e tinha uma voz doce:

- Olá doutor David, tudo bem com o senhor?

- Sim Elisa, tudo bem e com a senhorita?

- Pode me chamar de você doutor David. Eu estou bem. Posso ajudar em alguma coisa senhor? - Perguntou a moça olhando para o médico.

A Outra Face do MedoWhere stories live. Discover now