Amor & Ódio • Jikook

Perigo Ardente

A caixinha de som tocava "Cruel Summer - Taylor Swift", da playlist compartilhada de Jungkook com seus amigos; Taehyung, Hoseok, Yoongi e Chae-Won. Tinham o costume de, desde que o pequeno grupo se formou, de dia 1 de janeiro criarem uma playlist com músicas que gostavam, como forma de se manterem conectados um ao outro, mesmo que distantes.

Durante os meses seguintes do ano, caso um deles conhecesse mais alguma música que adorasse – o que, francamente, acontecia com certa frequência – eles somente precisavam adicioná-la e tudo ok.

— Pudim, você não comeu nadinha hoje, e está deixando seu pai muito preocupado! — Jeon desabafou com a gatinha, como resposta, a felina apenas virou a cabeça, não dando a mínima.

Para piorar, Rocambole também estava estranho, ele era o mais brincalhão dos dois. Sempre se aventurava entrando no quarto de Sun-kook para brincar com Kitty, uma poodle fofa, adotada pelo garoto poucos meses depois de nascer. Por mais controverso que parecesse suas espécies se darem bem, eles costumavam bagunçar todo o quarto de Sun, deixando-o emputecido.

— Acho que irei levar vocês dois ao veterinário, porque se passarem mais um dia desse jeito, terei um infarto! — exclamou, olhando para eles.

Não querendo demorar mais que o necessário, trocou de roupa, pondo uma mais apresentável, e colocou os felinos em suas respectivas caixas de transportes, saindo de casa ao ter a confirmação de que o carro havia chegado.

O caminho não durou muito, logo estava entrando no consultório e agendando a consulta, sentando-se para aguardar sua vez.

— E então, o que os trouxe aqui? — O veterinário responsável sorriu para Pudim e Rocambole, acariciando suas pelagens.

— Pudim não está comendo direito, e Rocambole está todo cabisbaixo, tentei brincar com ele e tudo, fiz o mesmo com Pudim, nada adiantou, acho que estão doentes — Jungkook explicou, preocupado.

— Farei alguns exames de rotina para ver como estão, às vezes pode ser por causa da alimentação que não os fez bem, mas terei certeza com os resultados em mãos, tudo bem?

Jeon balançou a cabeça em afirmação, esperando o tempo necessário para que tudo fosse feito. Enquanto isso, não deixou de pensar se havia, por engano, feito algo de errado que os tenha afetado de alguma forma. Não conseguiu pensar em nada, o que resultou em nervosismo.

— Os exames não mostraram nada de anormal nos seus gatinhos, senhor Jeon, pelo menos não fisicamente. Eles aparentam estarem bem.

— Mas eu tenho certeza de que não estão, os conheço, Rocambole não para quieto, vive aprontando alguma coisa, mas agora ele só quer ficar deitado no sofá da sala. Pudim é mais na dela, mas sempre come no horário certinho, e hoje ela nem quis saber de comer quando coloquei a ração na tigelinha. 

— Onde eles costumam ficar normalmente?

— No meu quarto, mas saem pra brincar na casa, ultimamente eles ficam perambulando mais pela sala, às vezes vão ao quarto do meu irmão.

— Quem convive com você além de seu irmão? — perguntou, querendo entender melhor.

— Nossas mães. E um tempo atrás também tinha um sujeito que vivia lá, e ele costumava brincar com meus gatos quando eu estava fora e… — foi parando de falar ao passo em que ligava os pontos. — É o que eu acho que é?

— Eles estão sentindo saudade — respondeu o veterinário, sorrindo — As pessoas tendem a achar que gatos não se importam pela forma deles agirem, acham que eles não se apegam, que não sentem amor... Mas eles sentem, de maneiras mais sutis, e às vezes sequer percebemos. Eles são um pouquinho mais reservados, e normalmente não mostram sinais desse tipo, mas pode ser que aconteça.