Prólogo || Ele

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"Senhor, me salve, minha droga
é o meu amor. Vou usa-lá pelo
resto da minha vida."

— Don't Blame Me - Taylor Swift

•••

Eu vou matá-lo.

Não sou e nem nunca fui uma pessoa agressiva, mas pensamentos assassinos tomaram completamente minha mente assim que minha madrasta contou que foi demitida.

Como ele teve coragem de fazer isso com Rosie? Eu sabia que ele não era a melhor pessoa do mundo, mas demitir uma idosa depois de 12 anos de serviço era inaceitável.

Minha madrasta é meu mundo e eu estou disposta a fazer qualquer coisa para vê-la saudável e feliz. Falta poucos anos para ela conseguir a aposentadoria, logo poderia sair daquele lugar.

Ela anda muito fraca e não conseguiu ir ao trabalho nesses últimos três dias.

Apenas três dias sem ir ao trabalho, e aquele filho da puta resolveu demiti-lá. Não tive a oportunidade de conhecer o infeliz, mas de uma coisa eu tinha certeza: ele iria se arrepender.

Eu iria até lá e faria ele contrata-lá de volta. Não me importava com o fato de ele ser um assassino ou a puta que pariu. Ele teria que me matar pra fazer eu sair sem o que eu quero.

Sai do carro pisando duro em direção a porta da mansão à minha frente.

— Afaste-se — a voz grossa e severa do guarda não teve efeito nenhum em mim além de me deixar mais enfurecida.

Ele devia ter aproximadamente 1,90 de altura; estava vestido como se acabasse de sair de um exército segurando a arma na frente do peito.

— Quero falar com o seu chefe.

— Só com ele? Eu posso ser tão divertido quanto. — Arqueou uma sobrancelha e abriu um sorriso malicioso. — O que uma garotinha tão bonita quer com Mancini? Dinheiro? Cocaína?

E eu pensando que não conseguiria ficar com mais raiva do que já estou.

— Eu quero ter uma conversa em particular com ele.

Algo vibra em seu bolso. Ele tira um celular de lá e o coloca no ouvido, acenando com a outra mão para que eu me afastasse. Me afasto e observo ele conversando com alguém do outro lado da linha antes de desligar e franzir o cenho olhando pra mim.

O guarda se vira e digita um código no painel fazendo a porta se abrir com um click.

— Entre — ordena.

Esse maldito achava mesmo que tinha alguma altoridade sobre mim? Meu sangue ferveu só de pensar em ter alguém mandando em mim.

Pode ser que eu estou exagerando um pouco, mas quando eu estou estressada, qualquer atitude de um homem me faz ficar ainda mais furiosa.

Outro homem apareceu na minha frente assim que eu entrei na mansão. Este vestia um terno preto e aparentava ser muito mais velho do que o guarda que me recebeu.

— Me siga.

Sigo ele enquanto averiguo o corredor em que passamos. É uma mansão com um aspecto rústico. O papel de parede marrom com símbolos que eu não compreendia. Tive que andar mais rápido para acompanhar o homem que andava com uma expressão de ódio no rosto que, por alguns segundos, me deixou ansiosa.

Ao final do corredor se encontrava uma porta de madeira rústica e elegante.

Ele segura a maçaneta, abrindo-a e dando espaço para eu entrar.

Okay, eu sei que entrar em uma sala que eu não conheço com um estranho não é a decisão mais segura a se fazer, mas a raiva deixa as pessoas inconsequentes.

Entro no cômodo sem pensar muito com o homem de terno logo atrás de mim.

Imediatamente me arrependo da minha decisão.

Um homem com o rosto coberto de sangue se encontrava ajoelhado no chão com uma arma sendo apontada para a sua cabeça. Ele chora e implora por sua vida para o homem que segurava a arma; este usava um terno preto igual ao do que me guiou até ali.

O medo se alastrou pelo meu corpo, substituindo a raiva que me consumia. Fico paralisada com a cena, mas mesmo assim, não consigo desviar os olhos.

— Eu não qu-...queria, eu juro! — O homem ajoelhado berrou.

— Suas mentiras valem pouco para mim, então trate de guardá-las para si mesmo — o que segurava a arma diz com a voz assustadoramente calma. — O que eu quero saber, é quem estava com você.

Que porra tá acontecendo aqui?

— S-s...se eu falar, você vai me d-...deixar ir?

— Sim — responde o homem de terno.

O rosto dele era extremamente bonito, cabelo loiro liso com o maxilar marcado e os olhos azuis frios como gelo. Seu corpo era gigante e os músculos eram notáveis mesmo com o terno que devia valer meu guarda roupa inteiro.

— Nicholas French e Naomi Tank.

Assim que as palavras saíram de sua boca, o barulho do tiro se fez presente no cômodo.

Ele cai completamente no chão, fazendo o sangue se espalhar pelo tapete.

Me recuso a olhar para o corpo sem vida à minha frente já sentindo meu estômago se contorcer. Eu quero gritar, mas minha voz fica completamente presa na minha garganta e o medo se intensifica ainda mais sobre mim.

Me viro para a porta procurando um meio de fuga, mas há outro homem tapando a porta. Este era realmente gigante, apenas seu braço era do tamanho do meu rosto.

No que eu me meti, porra?

Me viro para a frente novamente, percebendo finalmente que este lugar se tratava de um escritório. Há uma mesa de frente para a porta e, atrás dessa mesa, está ele.

Encostado na cadeira, com as pernas abertas e os olhos fixos em mim com um sorriso predador enfeitando seus lábios.

Engulo em seco

De primeira impressão, pensei ser um cigarro o que estava entre seus lábios, mas olhando melhor, percebo que é um cabo de pirulito. Ele usa uma blusa preta social com o primeiro botão aberto e calças da mesma cor.

Não sei como o reconheci, mas eu tenho certeza absoluta que ele é o Jackson Mancini.

O homem com quem eu vim conversar.

O loiro com a arma era bonito, mas Jackson era deslumbrante. Seu rosto era perfeitamente simétrico e fazia contraste com os cabelos pretos lisos caindo sobre a testa. Ao mesmo tempo que seu rosto me causava calafrios, ele me atraia de uma forma doentia.

Aquele sorriso me causaria sonhos, mas os seus olhos os transformariam em pesadelos.

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