Funguei um pouco e ofereci meu braço a minha sogra, que o aceitou. Começamos a andar até o chalé com um misto de nostalgia, porque um pouco de chocolate quente era o que Ivaar teria preparado para todos nós.

Era meio da tarde, e o sol me cegava um pouco, derramando-se sobre os galhos dos pinheiros

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Era meio da tarde, e o sol me cegava um pouco, derramando-se sobre os galhos dos pinheiros.

Eu estava sentado nos fundos da casa de Valquíria, nos degraus que vi Kaira descer tantas vezes para encontrar a mim e meus irmãos. Porém, dessa vez, eu observava Annika voar de árvore em árvore, ficando um tempo parada em cada uma.

Aquela tarde estava quieta, e o único barulho que eu ouvia era o bater de asas do pequeno corvo. Eu também estava em silêncio, mas não sabia bem como defini-lo. Encarava um ponto distante na grama um pouco mais seca.

— Glacier? — a voz de Kai alcançou meus ouvidos, chegando pela lateral da casa — Estive te procurando.

— Achei que estivesse com sua mãe, não quis interromper.

— Na verdade, estava no sótão. — ela se aproximou e eu estendi minha mão, ajudando-a a se sentar a meu lado. Passei meu braço por seus ombros. — Minha mãe está conversando com Cygnus, mas não estou conseguindo parar de pensar nela, em como pode estar afetada.

— É um abalo para todos nós, talvez saber um pouco mais de Ivaar vai ajudá-la a processar. — compartilhamos um suspiro — Você não quis participar da conversa?

Kaira sacudiu a cabeça.

— Achei que seria um momento mais dela, é uma dúvida que mamãe carregou a vida toda. Depois eu pergunto. — a voz dela diminuiu um tom — Acho que eu mesma não comecei a processar.

Eu a fitei, e nossos olhares se encontraram, cheios de ânsia para compartilhar nossas reflexões, mas não sabendo por onde iniciar. Por isso, beijei a testa de Kai e a puxei um pouco mais para perto, para que apoiasse a cabeça em meu peito.

Um barulho de asas chamou sua atenção. Annika foi para outro pinheiro, pousou em um galho, se aproximou de sua base e passou a lateral do bico gentilmente contra o tronco.

— É a Nikie? — Kai franziu um pouco o cenho — Achei que ela estivesse com Winter, mas isso explica por que você está aqui fora, só ela para te conseguir fazer ficar parado no mesmo lugar por mais de dez minutos.

O tom de provocação me fez rir suavemente e Kaira pintou um sorriso de canto.

— Mas o que ela está fazendo? Ela te explicou?

Eu assenti, subindo e descendo uma mão pelo braço da minha esposa, distraidamente.

— Está se despedindo. Ela disse que, como Ivaar era o espírito das Árvores, se ela acariciasse o máximo delas que conseguisse, poderia dizer que o abraçou várias vezes. É um outro jeitinho de lidar com isso, o dela.

— Nossa filha é tão habilidosa nisso, em tirar o peso das situações.

Ouvi Kaira fungar e não demorou para que ela enroscasse os braços em minha cintura, aprofundando o abraço. Tentei retribuir na mesma intensidade, engolfá-la em meu aperto.

Quando cai a última folha ✓Where stories live. Discover now