- Como eu? Eu não estou em um relacionamento ruim. Quer dizer, eu e Victor temos problemas como qualquer casal, mas se eu não estivesse com ele quando Victor me mostra seu lado mais difícil, então não seria amor. O amor não foge dos defeitos. Ele aprende a lidar com eles e são nesses momentos que descobrimos se nossos sentimentos pela pessoa são de verdade ou não.

- Não estou dizendo que seja seu caso. - Genevieve balança a cabeça de maneira efusiva, parecendo chateada por pensar que me ofendeu. - Me desculpe se soou como se eu estivesse falando sobre você. Eu me expressei mal. Quis dizer que muitas pessoas se sentem como você descreveu. Mas eu concordo em partes com o que você disse.

- Em partes? - questiono.

- É que se uma pessoa te magoa mais com os defeitos dela do que te faz feliz com suas qualidades, então não acredito que ela deveria lidar com isso. Não vale a pena. - Genevieve balança a cabeça descartando o assunto. - Enfim, me diz, você já tem alguma outra ideia para o projeto?

Eu nego. A apresentação está se aproximando e até agora não tive nenhuma ideia que tenha me agradado.

- Então pronto! Vamos ter música, teatro e seria incrível se você recitasse o poema. Fecharia com perfeição o ciclo da arte.

- Ciclo da arte?

- É assim que eu chamo. Diga logo que sim.

Sua determinação animada me contamina. Genevieve me encara com uma expressão que não me deixa muita escolha a não ser concordar.

- Você ganhou, eu vou ler.

Ela chacoalha as mãos e eu entro no embalo.

- Vou te ajudar a acertar todos os sinais.

Genevieve guarda o meu caderno de volta e depois se despede. A casa não está bagunçada, então não preciso fazer muito nesse aspecto a não ser arrumar a mesa lá de fora com uma toalha branca de renda. Coloco pratos, talheres e duas taças em cima dela. Acho que eu deveria pôr algo para decorar no centro, mas, pensando bem, um vaso de flores só irá atrapalhar quando eu for colocar as travessas ali.

Coloco um avental, meus fones de ouvido e minha playlist para tocar. Preparo um suco natural com as amoras frescas que comprei no mercado e deixo a jarra na geladeira.

Também comprei carne moída e queijo para fazer uma lasanha. Começo a preparação, cozinhando a massa e o molho, depois coloco as camadas em um refratário e deixo descansar um pouco antes de levar ao forno, pois ainda falta pelo menos uma hora até Victor chegar e quero que a comida esteja fresca para ele e o queijo derretendo.

Pego quatro maçãs pequenas na fruteira, um pote no armário e alguns ingredientes para preparar um bolo de maçã. Tiro as cascas e corto a maçã em cubinhos. Bato os ingressos no liquidificador para a massa e depois junto todos eles numa forma e a levo ao forno.

Uma canção agitada explode em meus ouvidos quando minha lista acaba e passam a rodar as sugestões do aplicativo. Eu começo a mover os quadris para lá e para cá, cantando junto enquanto lavo a louça. Estou ensaboando um copo quando sinto duas mãos em minha cintura me puxando para trás e fazendo meu corpo se chocar contra uma estrutura dura. Algo faz cócegas em meu pescoço e giro, dando um gritinho e um pulo, fazendo o copo cair das minhas mãos e se estilhaçar todo no chão.

- Caramba, Victor! - Soco o seu peito e um pouco de espuma mancha sua camisa cinza. - Não faz mais isso!

- Então não dança mais assim porque você me deixa louco - ele diz com uma voz sensual e um sorrisinho de canto.

Rolo os olhos.

- Nunca mais te empresto minhas chaves.

- Desculpa, linda, não foi minha intenção te assustar. Você estava dançando tão maravilhosa e animada, que eu não resisti. - Victor aponta para o chão. - Me deixa te ajudar com essa bagunça.

Quase Doce Where stories live. Discover now