--- Faz sim.--- Responde vendo-a revirar os olhos.--- E é muito lindo, da vontade de morder...

--- Boba...--- Suspira balançando a cabeça.--- Você tirou a roupa dela pra contar os dedos dos pés?

--- Tirei...--- Sorri franzindo o nariz.--- Os pezinhos parecem uns pãozinhos, da vontade de morder.

--- Sua mãe é maluquinha pinguinho de gente.--- Desvia o olhar de Wanda para a bebê em seus braços.

--- Own, você disse que eu sou mãe dela.--- Sorri pondo a mão em seu coração.

--- Mas você é, não é?

--- Sou.

(...)

Pra você guardei o amor que
nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir
Quem acolher o que ele têm e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

--- Eu não acredito que vou pra casa.--- Murmura terminando de abotoar sua jaqueta vendo Wanda andar pelo quarto cantarolando.

--- Eu ainda acho que você devia ficar aqui mais um pouco, você ficou muito mal.--- Comenta olhando para Scarlett em seus braços.--- Tava tão pálida que parecia um papel.

--- É, mas ela tá aí não, tá?--- Ergue o olhar para a mais velha.--- Saudável, forte e sugando todas as minhas forças vitais. E bom, estamos no meio de uma pandemia, ainda, ficar em um hospital sem necessidade não é bom.

--- É verdade...--- Se aproxima da cama sentando ao lado de Natasha.--- Eu e Scarlett temos um presente para você...

--- Ah não, Wan, se for fralda você pode trocar.--- Umedece os lábios olhando para a bebê no colo da mesma.

--- Não é fralda...--- Sussurra passando Scarlett para os braços da mãe.--- Por que você não conta os dedinhos dela?

--- Ah, amor... Eu sei que ela tem cinco dedinhos em cada mão.--- Resmunga passando o nariz pela cabeça da bebê coberta pela touca.

--- Só conta os dedinhos dela.--- Morde o lábio nervosa.--- É rapidinho.

--- Tá...

--- Não, da outra mãozinha.--- Olha para a ruiva em expectativa.--- É rápido, prometo.

--- Aí meu Deus...--- Balança a cabeça sorrindo.--- Eu não acredito que você tá me fazendo fazer isso e...

--- Foi meio difícil de convencer ela a segurar isso.--- Aponta para o anel na mão da bebê.

--- Wanda...--- Olha para a maior que sorri nervosa.--- Isso... Isso... Você...

--- Eu quero casar com você...--- Se arruma na cama pegando o anel da mão de Natasha.---  Se você quiser casar comigo é claro, você tem todo o direito de falar não, afinal só tem alguns meses e...

--- Eu quero casar com você.--- A interrompe fazendo Wanda arregalar os olhos.--- Eu aceito, Wanda.

--- Aceita?

--- Aceito...--- Se inclina dando um selinho na maior que parecia petrificada.--- Você vai se mexer?

--- Eu tô em choque ainda...--- Sussurra contra os lábios de Natasha que sorri se afastando.

--- Tá bom, no seu tempo.--- Fala deixando seu olhar cair na garotinha em seus braços.

--- Eu vou me casar com você...--- Pega a mão livre de Natasha colocando o anel em seu dedo anelar.--- Você disse que aceita, né? Isso não é um sonho.

--- Não é um sonho, eu vou casar com você, Wanda.

PandemiaWhere stories live. Discover now