Capítulo 9

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Jane abria livro por livro, pesquisando no índice e indo para o capítulo que mencionava dardos. Enquanto isso, ao seu lado, Samuel apenas falava umas palavras, segurava a capa do livro e o abria exatamente na página em que o dardo seria citado. Nada justo!

A maior parte dos livros apenas acrescentava o dardo aos itens que poderiam ser usados pelos ciganos ou por qualquer outro povo místico. Entretanto, para os ciganos, o dardo era muito usado porque dava a força necessária a um objetivo. Assim como a flecha, ele ia direto ao alvo sem qualquer chance de desvio - quando bem administrado - e isso era muito respeitado.

- Não estamos tendo muito sucesso. - Jane concluiu depois de abrir dez livros e ler praticamente a mesma coisa.

- O segredo da pesquisa é a paciência. - ele se limitou a responder isso com a esperança de que estaria injetando uma dose de ânimo na companheira.

Jane passou para o próximo livro e depois de seguir seu passo-a-passo, começou a ler o capítulo 7.

"Engana-se quem pensa que os dardos foram usados originalmente pelos ciganos. Eles foram difundidos pelas bruxas e se tornaram, com o tempo, patrimônio do povo cigano."

E esse trecho colocou a mente de Jane para trabalhar, mesmo que ela não soubesse que estava trabalhando. Jane costuma ter grandes pensamentos quando não pensa muito sobre eles...

- Samuel? A única coisa que eu tenho notado, em comum, é o fato de que os dardos não são usados unicamente pelos ciganos. Será que não devemos procurar nos livros de bruxos com o assunto de dardo? Talvez encontremos a origem. - ele parecia tentar entender de onde Jane tinha tirado esse pensamento. - Dá uma olhada nisso. - ela se aproximou dele, segurou o livro sobre o outro que ele lia e movimentou os dedos sobre o trecho que despertou seu pensamento.

Samuel não se deu ao luxo de pegar o livro. Deixou que Jane continuasse segurando e leu o trecho. Alguns instantes depois, foi ao computador e fez a pesquisa recomendada por Jane. Dois resultados.

- Já falei o quanto você é perfeita, Jane? - ele pegou a folha na impressora e os dois livros foram parar na frente deles. Um para cada um. - Não quer trabalhar comigo? - ele sentou em frente a ela e não ao lado como estavam antes. Jane pretendia ignorar e encaminhava sua mão para pegar o livro, achando que ele não estivesse falando sério, mas Samuel a segurou. - Eu estou, literalmente, me achando um merda diante de você. - ela revirou os olhos. - Você não me leva a sério, não é?

- Você não está fazendo uma dedução quando pode ler os meus pensamentos, não é? - ela afastou a mão e pegou o livro.

- Ok! Você parece que me odeia de graça. - Jane puxou a capa e sentiu como se o livro estivesse pegando fogo porque suas mãos estavam esquentando gradativamente. Ficou passando-o de uma mão para a outra, enquanto lia as duas pequenas frases centralizadas na primeira página.


"Queime as mãos e impeça de ler

aquele que o segredo não puder proteger."


E então, como num passe de mágica, sua mão ficou vermelha como um tomate e Jane jogou o livro para longe. Samuel, que lia o seu livro, não entendeu nada.

- Jane? - ela levantou, em desespero, apesar de tentar não demonstrar.

- Tem um banheiro aqui? - escondeu as mãos atrás do corpo e observou quando Samuel indicou o final do corredor e, enquanto ela caminhava a passos largos, ele falou:

- Tinha algum bicho no livro? - não teve resposta.

Samuel puxou o livro e se surpreendeu. Era um livro de feitiços e ele jamais poderia ter deixado Jane, uma humana, pegar em um. Ela não deveria estar ali no terceiro andar, mas isso não era uma violação, mas ler livros de feitiços era. Ainda mais sendo ele a permitir isso. E foi então que o pesquisador entendeu o porquê de Jane ter saído daquela maneira. Levantou em um pulo e correu na direção do banheiro.

A Maldição Gricem (Livro 2 - Saga A Herdeira)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora