Quebra de Rotina

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No ano de 2019, eu, Marco Jeong, vivi uma experiência extraordinária. Naquele momento a minha vida estava desmoronando e nem percebia, mas pude mudar o rumo da minha jornada graças aos acontecimentos que vou narrar aqui.

Depois de um desentendimento com o meu chefe as coisas mudaram por completo. O meu rendimento no serviço deixava a desejar e todo dia era uma exigência diferente, mas não podia culpá-lo pelo que me disse, pois fui eu que atrasei com a análise dos indicadores de performance e financeiros da empresa. Ele tinha toda razão em exigir mais de mim, principalmente depois dessa falha. Era isso que eu pensava.

Mesmo assim não me sentia bem. Eu precisava descarregar a pressão. Me dirigi ao almoxarifado para me esconder enquanto a minha mente atordoada remoía todas as coisas que meu chefe tinha falado minutos antes. Não queria que ninguém me visse abalado daquele jeito. Se alguém aparecesse enquanto estivesse lá eu ficaria muito constrangido, mas não me importei com a existência desse risco.

Entrando no almoxarifado, me ajoelhei e consegui desafogar meu nervosismo e minhas emoções. Meus pensamentos se embaralhavam me fazendo acreditar que tudo estava perdido, e não conseguiria terminar a tarefa e seria demitido depois de dois anos trabalhando naquela empresa por um motivo idiota desses. Seria humilhante.

Ao sair do local eu fiquei confuso ao reparar em uma coisa. Havia uma porta do lado direito do local que tinha acabado de sair que nunca tinha reparado que estava ali. Inclusive ela tinha um design diferente do resto do ambiente. Era arredondada e feita com tábuas de madeira não pintadas. Passei a minha mão por cima dela para analisar a textura da porta enquanto me perguntava se deveria descobrir o que havia lá dentro. Um pouco antes de eu empurrar a porta para conseguir entrar o meu celular começou a tocar.

— Quem fala? — perguntei ainda fitando a porta e encostando a minha cabeça sobre ela. Era do hospital onde meu filho ficou internado. O médico responsável me disse que o quadro de saúde dele piorou e que precisava falar comigo pessoalmente o mais rápido possível, já que eu era a única pessoa responsável por ele. Para conseguir ir até lá precisava aborrecer meu chefe mais uma vez naquele dia e assim fiz mesmo temendo a sua reação.

— Você precisa sair antes do fim do expediente mais uma vez nesse mês, Marco?

— Sim, seu Arnaldo. O neurologista do meu filho disse que queria me ver imediatamente. Desculpe-me mais uma vez pelo incômodo. — respondi mexendo minhas mãos suadas.

— Desculpe-se dando mais e melhores resultados. — Ele respondeu seco.

— Eu posso ir?

— Vai cuidar do seu filho! E volte logo!

Mesmo envergonhado eu fui embora pensando em muitas coisas ao mesmo tempo enquanto observava as ruas pela janela do ônibus. No prejuízo no trabalho, na piora da saúde do meu filho. Quase esqueci onde descer de tão confuso e tive que gritar para o motorista abrir a porta novamente. Ele abriu a porta, mas percebi que estava irritado por ter gritado de volta algo que eu não entendi.

Ao chegar no hospital, eu não vi o médico por onde passava e por isso pedi informação aos enfermeiros, mas ninguém sabia me dizer onde ele estava. Até que um outro enfermeiro veio na minha direção.

— Boa tarde, tudo bom? Você sabe me dizer onde está o doutor Gael? — perguntei

— Ah sim! Acabei de sair do quarto de um paciente que ele está atendendo. O senhor precisa de alguma coisa com ele?

— Ele me ligou dizendo que queria falar comigo imediatamente por causa da saúde do meu filho.

— Ah, então o senhor é o pai do paciente do 208? — Eu assenti — Nesse caso é para o senhor ir para a sala de espera, pois ele tem que checar o estado de outros pacientes. Desculpe o transtorno, mas é que ele imaginou que o senhor só conseguiria chegar mais tarde.

A PortaWhere stories live. Discover now