I. Bingo!

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Paula só conseguia sorrir de orelha a orelha enquanto eu contava os fatos da noite anterior, porém seu sorriso foi morrendo lentamente após a reta final dessa loucura descabida.

- Então você transou com o cara, não sabe se usaram camisinha, saiu antes dele acordar e agora você que não atende as ligações dele? González! - Bufa, massageando as têmporas. - Eu estou feliz por ter esquecido o Mark e o... incidente. Mas você vacilou.

- Um aborto espontâneo com um mês de gestação porque a mãe do seu atual namorado é uma vaca não é um incidente, Paula. - Dou de ombros, dando um gole em meu café com leite. - E bom... não era pra acontecer, ele vai superar isso. Eu superei a paixão platônica, certo? Demorou, mas superei, então ele consegue superar essa noite.

- Você é uma puta, sabia? - Nega com a cabeça. - Não pode agir assim...

- Mas vou. - Digo decidida, olhando para a tela do notebook. - Eu tô curtindo estar solteira... tô curtindo tudo isso.

- Mas tá abusando da sorte! Escuta bem, Angel, e observa. - Suspira e eu a olho, já enfezada com o assunto. - Você tem fibromialgia e bebeu feito um opala ontem, tá cogitando voltar a fumar, transou com sua antiga paixão ontem e o Mark ainda tá atrás de você, eu realmente não sei se esses balanços na sua vida são mesmo benéficos... na verdade, tenho certeza que não são.

- Paula, eu não vou voltar a fumar e a minha vida tá na mais pura paz, sem ninguém me encher a paciência ou fazer cobranças... e eu vou tomar uma pílula. Só não pretendo ver o Andrew tão cedo.

- Isso não vai prestar, González.

- Vai... vai sim. Tá tudo sob controle, Bittencourt.

🍒💛🍒

Um Mês Depois

Olho para o smartwatch em meu pulso e suspiro percebendo que jogar conversa fora com meu melhor amigo me rendeu a perda de trinta minutos do meu almoço, Tom é um verdadeiro tagarela fofoqueiro, e sempre me prende em longas conversas. Marcamos de ir em um restaurante depois do expediente, comida japonesa, ele está me devendo sushi a algum tempo e eu resolvi cobrar.

- Tá atrasada, González. - Nikki sorri de canto enquanto cruza os braços.

É estranho ser conhecida em uma rede de fast food?

- Nikki, meu anjo, culpe o Tom. - Rio, dando de ombros.

- Pensei que ia ir na lanchonete do Ezra de novo.

- Eu preciso sair dessa de fast food e você sabe, geralmente levo lanche pra Beatrice.

- Aquela sapequinha faz esse lugar girar. Vou agradecer depois. - Brinca e gargalho, a xingando. - O de sempre?

- Sim, o de sempre.

Ela anui e passa o pedido enquanto me sento em uma das mesas. O dia está frio, o que me deixa um pouco tensa. Eu sinto que vou entrar em uma crise em breve, e isso me frustra, não gosto de estar em uma constante corda bamba, não é justo.

- González.

Paraliso ao ouvir a voz de Andrew, os pelos da minha nuca se arrepiam e eu tenho certeza que fiquei mais branca do que um papel. Ergo a cabeça e Andrew está se sentando a minha frente, aparentemente irritado.

- Você tá bem? Porque eu tô uma pilha desde o seu sumiço. - Bufa, passando a mão no cabelo. - A gente transa e você simplesmente desaparece, ainda bem que consegui que Thomas me dissesse onde você trabalha e esse lugar é praticamente do lado.

Aquele maldito! Eu vou esfolar ele inteiro quando o ver de novo.

- Andrew... não é pra tanto, eu me cuido, você deve fazer o mesmo... é algo embaraçoso que podemos esquecer. - Digo devagar, um pouco embaraçada com a situação.

- Esquecer!? - Ele parece desconcertado. - Você se lembra se usamos camisinha!? Pelo amor de Deus, Angela, nós precisamos falar sobre isso.

- Eu tomei a... pílula.

Engulo em seco na última parte porque não tenho absoluta certeza disso. Minha memória tem sido cada vez pior desde a fibro, então esqueço algumas coisas. E eu não me lembrava. Olho para Andrew que falava mas eu não entendia, e foi nesse momento que minha mente zumbiu, eu me senti enjoada e perdida enquanto hiperventilava e minha visão embaçava, eu não tomo anticoncepcional por ele mexer com meu corpo de maneira muito negativa, mas estou arrependida até meu último fio de cabelo depois de hoje. Andrew estala os dedos a minha frente e parece chamar alguém após meu corpo começar a tombar. Eu queria mesmo saber que merda eu fiz pra merecer isso.

ANDREW

Um hospital. Era onde estava nesse exato momento, aguardando notícias de Angela González. Eu não esperava que isso fosse acontecer um dia, mas tem um dedinho meu nesse acontecimento. Eu dei informações e recebi informações. Angel tem fibromialgia e vem ao hospital mais vezes do que eu esperava, mas tem uma nova possível situação que pode estar aqui agora e eu sei que eu tenho mais do que um dedinho nela.

Merda.

- Acompanhante de Angela Suzanne González. - Ergo minha mão um pouco e me aproximo, apreensivo. - Por aqui. - Ele segue em direção aos quartos e eu o acompanho, inquieto. - Ela sofreu um desmaio, a pressão dela baixou demais e isso provavelmente é em decorrer da gestação em progresso.

- Gestação...? - Engasgo levemente com minha própria saliva, meu coração disparando.

- Sim, Angela está grávida de umas três semanas, por aí. E isso em junção com a fibromialgia será um grande desafio, monitoramento constante e um equilíbrio na vida serão essenciais. - Ele para em frente à porta e eu faço o mesmo, de abrupto, o olhando com atenção. - O relaxante muscular atual será mantido e iremos ver quais outros medicamentos serão permitidos a partir de agora, tudo correrá bem, senhor...

- Garfield. Andrew Garfield.

Ele me olha e analisa brevemente, depois simplesmente dá de ombros e abre a porta do quarto.

- Você é o namorado dela?

- Não... - Digo embaraçado. - mas sou o pai do bebê dela e possivelmente a pessoa mais indicada pra ajudar ela nesse momento. - Sorrio amarelo e ele novamente dá de ombros, dando meia volta e seguindo para o sentido oposto.

Eu respiro fundo e adentro o quarto, encontrando Angela sonolenta deitada na cama. Ela se espreguiça levemente e me olha, piscando algumas vezes.

- Oi, González. Se lembra de como chegamos aqui? Eu pesquisei e vi que nevoeiro mental, esquecimento... podem acontecer pela fibro. - Sou direto, e me arrependo instantaneamente mas o fato de estar nervoso e digerindo a última notícia me deixa um pouco sem filtro.

- Não e... como sabe da fibro? - Franze o cenho. - Doutor Maywheder, só pode. - Pigarra, se sentando devagar enquanto me aproximo e a faço retroceder o movimento com cuidado.

- Fica deitada, por favor. - Digo um pouco exasperado, como se Angela fosse de porcelana e ela me lança um olhar de desagrado. - E sim, foi ele, mas descobri que teria descoberto mais rápido se tivesse olhado seu perfil do TikTok.

Ela revira os olhos e olha para o pulso, dando falta do inseparável smartwatch que basicamente nunca é retirado. Eu tateio no bolso da jaqueta e pego o mesmo, entregando. Ela apenas aceita, como se tivesse certo costume com o procedimento de retirada do mesmo e não faz perguntas, e ficamos em silêncio por alguns instantes até a mesma me olhar, morder o lábio e suspirar pesarosa.

- Eu esqueci algo importante e agora estamos em apuros, não é? - Questiona.

Eu não diria dessa forma, González. Mas... bingo!

O Pai Do Meu Bebê 《ANDREW GARFIELD FANFIC》Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon