Cap 39 || Brigas

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- Como foi a visita pelos apartamentos? - Mamãe perguntou, ela, vovó e eu estávamos na sala conversando.

- Encontramos o nosso apartamento. - Disse empolgada batendo palminhas. - Mas foi terrível, o Lucas não gostava de nada, achava tudo caro, tudo grande demais. - Disse e revirei os olhos. - E depois ainda reclamou de mim. Disse que eu colocava defeito nas coisas sendo que eu só reclamei de um ou outro.

Mamãe e vovó riram.

- Isso é tão comum. - Vovó disse.

- Mas eu nunca vi o papai ou o vovô reclamando dessas coisas.

- Mas eles reclamam e muito. Mas isso é ótimo, o dia que eles pararem de reclamar é porque algo deu errado. - Vovó disse.

- Acredita em mim, meu amor. Sua avó me deu exatamente esse conselho quando seu pai e eu casamos e deu certo. - Mamãe disse e deu de ombros.

- Que ódio, porque eles são assim? - Disse e me joguei no sofá.

- Eles quem? - Papai perguntou aparecendo na sala com vovô e Lucas. - Aposto que já estão falando de nós.

- Se acostuma filho, vai ser sempre assim. Você vira de costas e elas falam de você. - Vovô disse.

- Eu não disse. - Vovó cochichou para mim e levantou do sofá. - Bem, para de encher a cabeça do menino com essas coisas.

- Vamos comer, o jantar está pronto. - Mamãe disse após Carla falar com ela.

Todos seguiram minha mãe até a sala de jantar, eu prestava atenção em todos os passos que ela dava, logo eu serei a anfitriã recebendo pessoas na minha casa.

O jantar era um risoto de camarão, Lucas logo me olhou, ele já entendeu que frutos do mar me faziam mal, eu sorri para ele.

- Tá tudo bem, Malu? - Mamãe perguntou.

- Sim, só que frutos do mar me dão enjoo. - Respondi.

- Eu posso preparar alguma coisa para você, Malu. - Carla disse aparecendo na sala de jantar.

- Eu ficaria feliz, Carlinha. - Eu disse e ela saiu para a cozinha.

Todos ficaram conversando, eu olhava sem parar para a comida morrendo de nojo. Foi quando eu decidi ir para a cozinha fazer companhia para a Carla.

- Oi Malu. - Carla disse sorrindo. - Estou preparando uma salada Caesar para você.

- Você é perfeita, Carla. - Disse sentando na bancada da cozinha. - Por acaso você não está disposta a pedir demissão para a mamãe e trabalhar com o Lucas e eu?

Carla sorriu.

- Sua mãe surtaria. - Ela respondeu arrumando as folhas no prato.

- Eu estou surtando comendo comida de restaurante todos os dias. - Bufei.

- Posso indicar alguém para trabalhar com vocês.

- Eu adoraria.

- Como está a gravidez? - Carla questionou cortando o pão.

- Ótima, tirando toda a exposição. - Disse desanimada.

- Sua mãe me contou, deve ser horrível. E o namoro?

- Estamos nos dando bem. - Respondi sorridente.

- Vocês parecem mais apaixonados agora. Não sei explicar, mas da outra vez que vocês vieram aqui vocês pareciam meio assustados. - Carla disse e eu fiquei impressionada porque é exatamente isso.

- Nós estávamos assustados com a gravidez. Agora nós já escolhemos nossa casa, já aceitamos a vida juntos. - Disse boba.

A verdade é que nunca imaginei o Lucas e eu, a vida nos jogou nessa situação e agora estamos nos acostumando.

- Eu entendo vocês. Achei meio repentino a forma como as coisas aconteceram. - Ela disse e sorriu de maneira confortante.

- Você me entende melhor que qualquer pessoa.

Carla terminou a minha salada e eu voltei para a sala de jantar, me surpreendi quando vi Lucas bebendo vinho com os outros. Sentei ao seu lado e ele sorriu.

- Lucas, você tá bebendo? Como vamos voltar para casa? - O questionei.

- Deixa o menino, Malu. Vocês podem voltar de uber. - Vovô disse.

Eu apenas olhei para o Lucas com os olhos semicerrados.

O jantar correu bem, mas eu não falei mais nada. Só comi minha salada e respondia quando alguém me perguntava algo. Parece que o Lucas e o bebê são os assuntos favoritos da minha família.

Depois do jantar os meninos foram para o escritório do papai, eu fiquei na sala com mamãe e vovó, elas conversavam, mas eu estava cansada.

Quando eu não aguentava mais estar ali fui até o escritório convidar o Lucas para ir embora, assim que entrei no corredor ouvi as risadas deles, caminhei lentamente e quando abri a porta vi pequenas taças emcima da mesa do escritório e uma garrafa no meio.

- Vocês estão bebendo? - Questionei cheirando o copo do Lucas.

- Um licorzinho, amor. - Lucas respondeu.

Eu apenas o olhei.

- Filho, bem vindo a vida de casado, ela já está implicando com o fato de você beber uma coisinha. - Vovô disse para o Lucas.

- Vovô, acontece que Lucas e eu precisamos voltar para casa e se ele beber nós não conseguimos.

- Durmam aqui. Sua cama ainda está no seu quarto. - Papai disse.

- Parece que não vamos ter escolha, né? - Disse olhando para o Lucas e ele desviou o rosto.

Saí do escritório irritada, fui em direção às escadas e então passei por mamãe e vovó na sala.

- Vocês não vão embora? - Mamãe perguntou.

- Não, aparentemente meu namorado resolveu beber. - Disse irônica e subi as escadas.

Entrei no meu quarto e bati a porta. Eu estava morrendo de ódio. Troquei de roupa e coloquei um pijama que ainda estava aqui, tirei a maquiagem e deitei.

Não sei quanto tempo, mas Lucas ainda demorou para vir para o quarto, quando ele entrou eu virei de costas para o seu lado da cama. Ele foi em direção do banheiro e depois deitou do meu lado, eu continuei de costas.

- Você vai me ignorar? - Lucas perguntou.

- Vou, se você ficar em silêncio é mais fácil.

- Ótimo Maria Luiza, muito maduro da sua parte. - Lucas disse.

- Maduro mesmo é beber e não poder voltar para casa.

- Eu não vou discutir com você. - Lucas disse.

- Ótimo, então não precisava nem falar comigo. - Disse e me virei de frente para ele pela primeira vez.

- Não tô falando mais. - Ele disse e virou de costas para mim.

O olhei e virei de costas para ele.

Ficamos por minutos nos ignorando.

- Você está é com ciúmes de mim, porque sua família gosta de mim. - Lucas interrompeu o silêncio.

- Quê? - Minha voz saiu como um grito.

- Vai dizer que não?

- Vou, isso não faz nenhum sentido.

- Da um beijinho em mim então. - Lucas disse e eu o ouvi sorrir.

- Posso te dar um soco, pode ser?

- Você não consegue me dar um soco, suas unhas quebrariam.

- Ah vai se foder. - Disse irritada.

- Ah Maria Luiza, para com essa graça, deita aqui perto de mim. - Lucas disse e me puxou para ele.

- Tira a mão de mim. - Disse e me afastei dele.

Lucas suspirou.

- Boa noite, amor. - Ele disse e deitou na cama.

Fiquei por minutos deitada de costas para ele, mas então minhas costas doeram e eu virei em sua direção.

- Boa noite. - Eu disse e ele sorriu.

Idiota - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora