Capítulo 2

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Durante o dia, entre assinar papéis e reuniões com pessoas extremamente chatas e da qual não tinha a mínima vontade de interagir, Kara mal conseguiu se concentrar nas suas obrigações. Para a sua sorte, tinha Diana Prince na sua vida e deixou que ela se encarregasse de coordenar as reuniões.

Mesmo não conseguindo render no trabalho como deveria, continuou na El-Tec até seu horário de costume. Depois das 18h, quase todo o prédio ficava silencioso e precisava do silêncio para pensar em seus próximos passos. Sua tentativa até teria sido efetiva se seus pensamentos não fossem invadidos pela petulância de Lena.

Às vezes, é muito difícil compreender o motivo do destino colocar constantemente em seu caminho uma pessoa que tem o prazer de destruir sua vida. Kara não entendia porque o universo fazia ela e Lena se reencontrarem várias e várias vezes ao longo dos anos. Se pudesse entender a razão disso, seria muito mais fácil evitá-la, assim pensava. Mas por mais que tentasse, lá estavam elas se cruzando de novo, e a morena a infernizando.

Em toda sua vida, nunca tinha conhecido uma pessoa tão baixa quanto Lena. Ela era um ser humano da pior espécie. Sua fala mansa, seu sorriso contido e seu olhar profundo fazia qualquer um se enganar com ela. O que não sabiam é que ela era igual a uma cobra, só esperava a hora de atacar e te envenenar. De longe ela não parecia perigosa, na verdade, parecia até inofensiva demais, mas era de perto que ela mostrava as suas presas em um bote certeiro.

Pensar nessas coisas até a fazia sentir dó de Jack Spheer e Andrea Rojas fechando seus acordos bilionários com um Luthor. Mal sabiam eles que nas letrinhas miúdas do contrato tinha escrito que ao assinarem seus nomes, estariam vendendo suas almas para o diabo.

Os dois ocorridos em uma semana a haviam deixado de mãos atadas — pelos menos por enquanto, sabia que tinha que agir rápido. Nem conseguia sentir raiva de Jack ou Andrea, entendia como os negócios funcionavam e, na maioria das vezes, era uma questão de mais investimento e outros benéficos. Seu compreendimento para as dimensões de negócios só não se aplicava a Lena. Com essa não havia compreensão nenhuma.

Por volta das nove da noite, Kara chegou em casa extremamente exausta e com uma dor de cabeça infernal. Parecia até que seu cérebro estava pulsando e a cada pulsação todo ele doía muito mais. Passou tanto nervoso e pensou tanto durante o dia que agora sua mente doía. Tudo o que mais queria era tomar um bom banho, comer alguma coisa — de preferência bem gordurosa — beber uma boa taça de vinho e esquecer da existência de Lena Luthor.

Se sentando no sofá de casa, jogou a cabeça para trás sentindo a frustração a atingir em cheio e seus olhos marejarem. Odiava se sentir assim. Odiava sair por baixo de qualquer coisa que tivesse relação com um Luthor, ainda mais se esse Luthor fosse Lena. Odiava Lena Luthor com todas as suas forças.

— Víbora — murmurou deixando algumas lágrimas caírem que poderiam ser da dor na cabeça, da frustração ou da raiva acumulada em seu peito.

— O que é vríbora, mamãe?

Ao levantar a cabeça e olhar em direção a voz, encontrou um garotinho sorridente de cabelos dourados, olhinhos redondinhos e verdes, vestido em um pijama de dinossauros e pantufas de ursinhos. De repente, todo o sentimento ruim de seu peito desapareceu como num passe de mágica.

Geralmente, quando chegava em casa, Nicholas já estava dormindo. Ele acordava cedo para ir para escola e tinha bastante atividades durante a tarde. Ele podia ser uma criança muito hiperativa, então preenchia o seu dia para que ele extravasasse e também não pudesse sentir tanto a sua ausência. Desde que assumiu a El-Tec tinha se afastado de seu filho, mas quem poderia julgá-la? Essa era a vida de uma mãe solo.

Se Nicholas ainda estava acordado — muito bem acordado — às nove da noite sendo que teria aula no dia seguinte, certamente era porque Eliza, como a boa avó babona que era, havia o enchido de doces depois do jantar. Se duvidar, deu doces para ele jantar. Sua mãe não sabia ter limites quando o assunto era o neto.

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