— Chores sua dor, yala soora, derrame sua agonia, permita - se colocar para fora seu desespero. Chores, minha criança, chores... — Gritei destruída nos braços daquela senhora. Meu corpo debilitado convulsionando de desespero. Soluçando em agonia, sentia – me soterrada em lama, afogando – me. Estava estilhaçada em mil pedaços e nada nesse mundo poderia reparar a minha perda.

O que eu faria agora?

Tudo que um dia amei foi tirado de mim...

Quão desventurada sou eu?

O que fiz aos Deuses para merecer tanto infortúnio?

Tudo que eu pensava agora era estar ao lado da minha filha. Meu mundo ficou tão escuro e frio, sentia – me outra Kassandra, uma descrente, devastada e sem luz. Uma versão disforme e catastrófica do que um dia eu fui. Eu sentia – me oca, uma casca vazia e imprestável. Enquanto a senhora Ninsina me consolava em seu abraço apertado olhei pela varanda o firmamento nos tons terrosos da manhã e transportei minha mente para um outro lugar, um outro mundo. Um mundo onde minha Alba brincava na areia com seus cabelos cor de carvão, chamava – me de mamãe e corria comigo enquanto sentíamos a brisa pacífica em nossos rostos.

Eu darei um jeito de chegar até você minha Alba. 

Não existia mais nada que me prendesse aqui nesse mundo sombrio, cheio de sangue e dor. Tudo que eu queria agora era voltar ao meu sonho e lá permanecer.

 Tudo que eu queria agora era voltar ao meu sonho e lá permanecer

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Mardok

Estava a dois dias inteiros sem dormir, desde que voltei ao palácio fui assolado com verdades que não queria enxergar. Eu sentia – me em minha pior versão, a apatia me tomava tudo que eu esperava era Kassandra acordar... Kassandra acordar para me punir, me odiar, para que eu pudesse remediar o mal que fiz.

Eu tinha noção que ela queria a criança, eu ainda não sabia quais sentimentos eu tinha ao certo em relação a essa perda, agora que eu sabia com toda a certeza que a criança perdida era minha. Aubalith se encontrava as voltas com a organização de uma comitiva que iria tentar renegociar com Anatólia e a formação de uma nova legião formada para dizimar os insurgentes.

Eu tentava colaborar com o que podia, mas eu não conseguia me concentrar, nem treinar, nem comer ou dormir direito enquanto Kassandra estava debilitada e quase morta naquela cama, a cama que a possuí diversas vezes, que da minha forma doentia a amei. Eu passava muito tempo trancado na minha sala de reuniões — Onde tenho dormido desde que voltei ao palácio — Não queria que Kassandra acordasse e tivesse que me encarar sem preparo.

Nem eu saberia como encará – la depois de tudo, fechei meus olhos e esfreguei a barba crescido no meu rosto tentando diminuir minha agonia. Ouvi batidas na porta e autorizei a entrada do servo que parecia aflito.

— Meu soberano. — O servo fez uma reverência e falou de forma atropelada.

— A... Menina acordou. O senhor pediu que fosse... — Não deixei o homem terminar e sai com rapidez indo em direção a minha ala e ao meu quarto. Assim que me aproximei da porta ouvi os gritos e lamentos. Até aquele momento eu não entendia o quão devastada Kassandra ficaria ao saber do aborto.

Da guerra ao AmorWhere stories live. Discover now