16 - Apartamento novo?

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Estava quase dando nosso horário de almoço e iríamos todos juntos ao restaurante da esquina almoçar. Era um hábito da equipe e de praticamente toda a empresa.

Estava sentada em uma mesa com April, uma bem encostada a janela e próxima a porta de entrada, quando reparei em Andrew sorridente entrando ao lado de Cindy, sua assistente.

Era o seu primeiro dia de trabalho e pareciam bem íntimos, como se já se conhecessem há meses. Revirei os olhos ao vê-la tocar em seu braço, "sem querer" e fingir um descuido. O fuzilei com os olhos e senti vontade de esbofetá-lo pelas risadas soltas.

— Aconteceu alguma coisa? — Sra. April perguntou ao me olhar.

— Nada não. — Menti.

Infelizmente ela era tão curiosa, quanto a maioria das pessoas ali e seguiu meu olhar até chegar na mesa onde Andrew e Cindy estavam sentados, aguardando seus pratos chegarem.

— Ele está indo muito bem para o primeiro dia. — Sra. April contou.

— Com certeza está. Ele é ótimo em tudo que faz. — Afirmei.

— Em tudo é? — Perguntou risonha. — De fato é um pedaço de mal caminho, ainda mais com essa roupa social.

Engasguei com a água que estava tomando e ela voou da minha boca de encontro ao meu prato. Por sorte ja havia comido praticamente toda a comida que estava nele.

Com a minha atitude, acabei atraindo olhares das mesas a minha volta, inclusive de Andrew, que não soube decifrar meu olhar. Seus olhos estavam preocupados, e afastara sua mão que antes estava muito próxima da de Cindy em cima da mesa.

Nem ao menos havia saído seu divórcio com Samantha e ele já estava flertando com outra mulher em seu primeiro dia de trabalho.

Acredito que ele iria me dizer algo quando passei por ele durante o caminho até a empresa, mas o ignorei passando pelo mesmo sem olhá-lo.

— Você precisa aprender a disfarçar o ciúme. — Sra. April opinou.

— Não estou com ciúme. — Afirmei. — Nós somos apenas amigos.

Ela deu risada e adentrou sua sala, fazendo com que eu fosse para a minha.

Por sorte havia muito trabalho a ser feito, o que me fez conseguir evitar pensar muito em Andrew, o que teria me ajudado era não precisar ir até a sala dele, mas eu precisava pegar a lista com os novos anúncios de produtos com ele.

— O Andrew está disponível agora? — Perguntei a Cindy que ficava em uma mesa fora da sala dele.

— Pode entrar. — Avisou indicando a porta.

Dois toques antes e adentrei a sala.

— Cindy eu estava pensando em você agora, poderia... — Quando Andrew levantou a cabeça para continuar a frase se deparou comigo o olhando com as sobrancelhas arqueadas. — Ah, Valerie, é você, desculpe-me, achei que era Cindy.

— Sério? — Perguntei irritada.

— O que? — Perguntou confuso.

— Nada. — Balancei a cabeça negativamente. — Você poderia me dar a lista com os novos anúncios?

Andrew retirou um papel de dentro de uma pasta azul que estava sob a sua mesa e o entregou para mim.

Não agradeci, não disse uma palavra sequer, apenas sai pisando duro em direção ao elevador para retornar a minha sala.

Passei a controlar a minha respiração para me acalmar conforme andava, me ensinaram que poderia melhorar meu humor conforme minha respiração fosse correta.

— Valerie? Valerie? Valerie? — Alguém chamava o meu nome, e balançava o meu braço.

Escutava meu nome ser chamado e não conseguia me conectar a realidade. A voz estava longe como se a pessoa não estivesse perto, eu parecia estar perdida em outro mundo.

— Céu? — Insistiu, e agora eu tinha certeza que somente uma pessoa poderia estar ali me chamando.

— Andrew? Que foi? — Perguntei saindo dos meus devaneios.

— Todos já foram embora, faz mais de vinte minutos que estou aguardando você lá embaixo. — Explicou. — Temos que buscar Ethan.

O Andrew fora dirigindo como havia pedido a ele, estava sentindo fraqueza nas minhas pernas. Enquanto íamos até a escola de Ethan, liguei avisando que havia me atrasado no trabalho e logo chegaríamos, para tranquilizar o diretor.

— Você tem certeza que está tudo bem? — Andrew perguntou pela décima vez.

— Sim, só estou com dores nas pernas. — Respondi.

Não sai do carro para pegar Ethan, mais uma vez Andrew ficara responsável pelo ato.

— Oi mamãe. — Falou animado ao ser colocado em sua cadeirinha.

— Oi meu amor, como foi o seu dia? — Perguntei na mesma animação, olhando para ele.

Ethan foi até em casa contando um pouco sobre as atividades que havia realizado em sala hoje e em como estava orgulhoso por estar identificando bem as figuras.

Em termo de ensino, não era possível reclamar de sua escola. Não se passava um dia sem que ele aprendesse algo novo e compartilhasse conosco em casa. Seu progresso era nítido, muitas vezes pensava até que estava muito adiantado em alguns aspectos para a sua idade.

Permitimos que Ethan assistisse a televisão enquanto preparávamos rapidamente o jantar na cozinha, agora as tarefas sendo divididas em dois para acelerar o processo.

— Tenho uma novidade muito boa. — Andrew contou animado.

— O que aconteceu? — Perguntei curiosa.

— Finalmente achei um apartamento para mim. — Respondeu entre sorrisos.

Acredito que meu sorriso murchou no instante que aquelas palavras saíram da sua boca.

— Acredita que a o vizinho da Cindy colocou o apartamento dele para alugar na semana passada? — Falou contente. — Ele está todo mobiliado, então não precisarei comprar nada novo.

— Você será vizinho da Cindy? — Perguntei sem acreditar em suas palavras.

— Não é ótimo? — Ele realmente estava animado em suas respostas, não parecia estar forçando ou fingindo estar feliz.

— É ótimo. — Falei ao jogar a faca que estava na mão na pia.

Minha atitude assustou Andrew que deu dois passos par trás e arqueou as sobrancelhas. Respirei fundo e tomei um copo de água, em seguida voltei meus afazeres como se nada tivesse acontecido.

Andrew algumas vezes tentou voltar no assunto e tentar entender o que estava acontecendo, mas eu não estava com a mínima vontade de trocar uma palavra sequer com ele.

De volta ao NATAL 2Onde histórias criam vida. Descubra agora