CAPÍTULO 4

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AMAYA

Olho meu celular pela milésima vez, já são quase oito horas, estou a mais de meia hora tentando escolher uma roupa para usar, afinal de contas hoje é meu jantar de noivado, não é? Suspiro cansada, a quem eu quero enganar, estou ansiosa para conhecer Vicente pessoalmente. Como será que ele é?

Ah Meus Deus ele vai chegar a qualquer minuto com a família e eu ainda não decidi o que vestir! Entro no closet olhando cada peça que está ali, um macacão de paetês, novo me chama a atenção, ele é um tom de champanhe, mangas longas, mas curto nas pernas, realmente perfeito para a ocasião.

Termino de vestir a peça, coloco meu louboutin bege, me olho no espelho satisfeita com a produção, para finalizar coloco um par de brincos discreto e um correntinha fininha, só para dar um charme no decote profundo, vantagem de ter pouco seio. Me olho nos espelho pronta e bate a duvida.

- Será que pareço uma noiva? - Dou de ombros, quem se importa?

Vou em direção as escadas com o pensamento acelerado, afinal é só um jantar de negócios, uma mera formalidade, assinar um contrato e só! Eu e Vicente não estamos de acordo com esse casamento e mesmo assim ele vai acontecer.

O pensamento que mais me perturba é o de que, a partir de hoje eu estou noiva, prestes a me casar, e nem conheço o noivo! O casamento é um momento tão esperado, desejado pela maioria de nós mulheres e eu ali com cara de enterro. Quando alcanço as escadas vejo nossos convidados conversando com meus pais.

O senhor Albuquerque eu já conhecia de vista, ele está sempre no clube com meu pai e os outros amigos, que gostam de golfe ou tênis. A senhora Albuquerque é uma mulher elegante, não muito alta, esguia, os cabelos loiros bem peteados, diz que ela ama passar hora em um salão como minha mãe. A figura que me prende a atenção é ele, Vicente Albuquerque.

Vendo de perto é ainda mais bonito, alto, moreno, tem um cabelo estiloso, é forte na medida certa, provavelmente malha, a barba por fazer dá um charme a mais, um olhar penetrante, que deixa bem claro que ele é problema! Terei um marido lindo e não irei usufruir, precisamos entrar em um acordo para que ele não me faça passar por boba diante de todos, não quero ser a esposa traída.

- Paulo sua filha é linda. - Henrique agora meu futuro sogro, é o primeiro a me perceber descendo as escadas, os olhos de Vicente percorrem minhas pernas até encontrarem meus olhos, descarado!

- Obrigada.

- Essa é minha filha, Amaya.

- Boa noite. - Os cumprimento.

- Eu sou Henrique, e essa é Luiza, minha esposa. - A mulher me sorri estendendo a mão, ela não se faz de rogada ao me avaliar dos pés a cabeça.

- Como vai Amaya? - Minha futura sogra sorri sem mostrar os dentes, parecendo tão desconfortável quanto eu.

- Bem , obrigada.

- Você é realmente muito bonita. - Ela elegia.

- Obrigada.

- Esse é meu filho Vicente.

- Boa noite Vicente. - Estendo minha mão com um sorriso. Ele me analisa antes de pegar minha mão.

- É um prazer te conhecer Amaya.

Quando ele beija o dorso da minha mão direita, sinto um arrepio em meu corpo, todos os meus sentidos me avisando para acabar com essa palhaçada agora, enquanto ainda dá tempo de não sofrer.

- O prazer é meu senhor Albuquerque.

Ele sorri me mostrando os dentes brancos, perfeitos, revirando os olhos fala:

- Por favor só Vicente.

Retribuo o sorriso u pouco sem graça, não sei onde estou com a cabeça para interagir com ele assim.

- Claro.

- Vamos jantar? - Minha mãe pergunta.

Seguimos para a sala de jantar, onde estava tudo pronto nos esperando, a conversa é fácil, meu pai, Henrique e Vicente falam de negócios, discutindo soluções para tirar a empresa da situação em que se encontra, nossas mães falam sobre futilidades, salões que frequentam, spa, enquanto eu estou imersa em pensamentos.

- Não é Amaya? - Minha mãe pergunta. - Amaya?

- Hum?

Volto a prestar atenção na conversa das duas, ambas me olham com expectativa de uma resposta, que não vem, já que não faço ideia do que elas falavam.

- Estamos falando do casamento. - Minha mãe fala.

- E o que tem? - respondo evasiva.

- Meu bem, está tudo bem? - Ela pergunta.

Forço um sorriso, assentindo com a cabeça, está tudo bem, eu só acabei de conhecer meu marido a pouco menos de uma hora! Olho para Vicente conversando com nossos pais, a sensação de algo errado me corrói por dentro, é tudo tão estranho, que chega a ser bizarro.

- Tudo. - respondo.

- Uma boa esposa sabe fingir os melhores sorrisos, pelo jeito você aprende rápido. - Parece que sim, que estou aprendendo a ser uma boa esposa antes de me tornar uma. - Sua mãe e eu dizíamos como poderia ser a festa do casamento.

Limpo minha boca com o guardanapo, tomo um gole do vinho branco, para pausar a velocidade da minha mente.

- Olha Luiza, eu concordo com tudo, não vou discutir sobre muitas coisas, confio em você e na minha mãe.

Minha futura sogra ergue uma sobrancelha ao sorrir, parecendo ter ficado satisfeita com minha resposta. O jantar termina sem grandes acontecimentos.

Terminamos a refeição, nossos pais estão no escritório conversando, provavelmente discutindo os termos do contrato de casamento, nossas mães estão na sala, planejando o casamento, como se fosse algo normal. Então ele se aproxima.

- Eu espero que possamos nos conhecer melhor, já que estamos ficando noivos. - Sua voz soa rouca ao se aproximar de mim.

- Que seja. - Forço um sorriso sem mostrar os dentes.

- Porque não nos encontramos amanhã, sozinhos para conversarmos, acho que precisamos esclarecer algumas coisas, sobre esse casamento.

- Com certeza precisamos.

- Que tal almoçarmos juntos amanhã?

- Pode ser.

Vicente sorri, ele se aproxima um pouco mais para falar alguma coisa, mas é interrompido por seu pai que se aproxima, chamando para irem embora.

Subo as escadas ainda em choque, sem conseguir assimilar tudo que aconteceu aqui. Tomo um banho, coloco meu pijama, deito em minha cama de olhos fechados, o sono não vem, sem que eu perceba sou inundada por tantos "se", que acabo dormindo.

Esposa por contrato.Where stories live. Discover now