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Yasmin: horas mais tarde, ainda em três de dezembro de dois mil e vinte e três, mas a noite.

"Ai Ísis, você me salvou, mesmo." - Agradeci sorrindo de novo, e a manicure só deu uma risadinha e continuou lixando as minhas unhas. Ela colocou a bolsinha de esmalte no chão, do lado da cadeira onde está sentada e eu olhei pra ver onde a Sarah estava, já imaginando que ela pode vir mexer. - "Gabriel, fica de olho na Sarah e não deixa ela vir aqui."

"Aham." - Gritou, passando de boca cheia pela sala e não deram três segundos pra nossa filha passar correndo atrás dele.

"Ele tá nervoso pra final amanhã?" - Ísis perguntou, me olhando de lado. Eu comecei a rir.

"Tá mas fica fingindo que não tá." - Respondi e vi de canto de olho a Sarah passando correndo pelo corredor. - "Gabriel, você tá olhando a Sarah?!" - Gritei, e ele respondeu:

"Aham." - Só que a Sarah tava bem do meu lado. Ela se abaixou e meteu a mão na bolsa de esmaltes, mas eu não podia me mexer muito porque agora estava com as duas mãos na cabine porque é procedimento do alongamento.

"Tem certeza?" - Perguntei e estiquei a perna, pra tampar a bolsa. Sarah me olhou sapeca e saiu correndo disparada pro quarto. Devem ter se passado uns vinte minutos e eu tava achando o apartamento silencioso demais pra ter Sarah e Gabriel juntos dentro. - "Tá tudo bem aí?" - Gritei, olhando pro corredor na esperança de um deles aparecer.

"Aham." - Gabriel disse de novo, e botou o rosto na fresta da porta. - "Só teve um probleminha, mas tá tudo bem já..."

"O que foi?" - Perguntei e ele saiu todo do quarto, aparecendo no corredor com a Sarah no colo. - "Meu Deus." - Foi tudo que saiu da minha boca quando vi a minha filha toda pintada de esmalte.

"Cadê o vermelho?" - A Iris perguntou, revirando a bolsa. Daí me olhou, e seguiu meu olhar pra uma Sarah completamente pintada de vermelho. O nariz, os braços, a barriga, a fralda e os cabelinhos pretos. - "Ah, achei."

"Eu te pedi pra olhar ela não foi?" - Eu reclamei, passando a mão no rosto e esfregando.

"Foi amor, mas... Eu não sei como ela fez isso, sério. E eu tava olhando." - Se defendeu todo engraçadinho, sem parar de rir e a nossa filha achando a maior graça com ele.

"Você vai limpar ela." - Declarei.

"Eu? Mas amor eu não sei." - Neguei com a cabeça e fechei os olhos, já agoniada. Acabou que eu nem fiz as unhas dos pés que ia fazer, só as mãos e nem deu pra pintar, só passar um brilho. Peguei a Sarah e fui pro banheiro com Gabriel achando a maior graça, tirou até foto da menina toda pintada.

"Passa aqui e tira." - Eu disse, indicando que ele colocasse ela dentro da banheira pra água ir amolecendo e depois apontei pro removedor de esmalte e pros algodões. O problema foi que ela começou a chorar, porque não queria ficar quieta dentro da banheira e só queria brincar. - "Boa sorte." - Desejei saindo do banheiro.

Mas é claro que eu fiquei do corredor escutando. - "Sarinha você tá muito atentada." - E ela deu um grito, e ele começou a ficar nervoso. - "Ô filha, desculpa. Desculpa. Foi a mamãe, não sou eu." - Fiz uma careta, que merda é essa que ele tá dizendo pra essa menina?! - "Por mim eu ia deixar você assim até sair naturalmente, mas a sua mãe ficou brava." - Dei uma risada fraca, ele queria que eu achasse bonito? - "Imagina se ela descobre que eu te dei coca cola."

Não aguentei e entrei no banheiro já brigando: - "Você fez o que? Tá maluco Gabriel?" - Desfiz a minha cara de brava quando notei ele rindo tanto que os olhinhos castanhos ficavam minúsculos.

"A curiosidade matou uma gatinha, Yasmin." - Alertou, me deixando entender na hora que ele estava falando coisa só pra ver se eu entrava no banheiro ou não, empurrei seu ombro e lhe dei um beijo no rosto. Quanto mais ele me enchia o saco, mais eu o amava. - "Me lembra de te contar essa história, tá Sarinha?!"

Procuro Alguém - GabigolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora