Dentro de vinte minutos, o chaveiro chegou. Agradeço pelo café para o meu vizinho e saí do seu apartamento.

ME FALA QUE DESSA VEZ VOCÊS TRANSARAM!? — London pergunta imediatamente, assim que atende a ligação em vídeo.

Empurro a porta com o pé e jogo os saltos no mesmo instante, indo para o sofá e me deitando nele.

QUEM TRANSOU? — Cindy aparece ao lado dela.

— Eu não transei com ninguém… e nem vou fazer isso com ele. — respondo, me ajeitando no sofá. — Só tive que dormir no chiqueiro dele porque perdi as minhas chaves. — digo.

Isso foi o destino e você não aproveitou. — London diz. Eu rolo os meus olhos.

Se fosse em outros tempos você tinha transado no momento em que ele falasse: oi. — Cindy relembra rindo e eu mostro o meu dedo do meio.

Ele nem precisaria falar, na verdade.

— Vão cagar. Outros tempos, ainda bem que mudei. — me levanto, indo para trás do meu balcão e encostando o celular para a minha direção enquanto procuro o saco de pão de forma. — E outra, se ele quisesse, tentaria algo...

relembrando que nenhuma das duas vezes que nos encontramos bêbedos, ele não tentou me beijar ou algo do tipo.

— Eu acho.

Ele pode ser tímido. — fala Cindy.

Ou ele pode achar que você não está interessada.

— E eu não estou mesmo. — digo simples e arranquei uma gargalhada das mesmas. Rolo os olhos e suspiro.

Claro que não está. Você só ficou obcecada por ele... pelo apartamento, e passou limpar por puro hobbie e toc… uhum, não está não. — retruca Cindy e eu paro em frente a câmera, com as mãos na cintura.

O que isso tem a ver?

Olha, eu jamais limparia a casa de um homem sem mais e sem menos… E assume logo, ele é mó gatinho.

— Não coloquem palavras na minha boca. — volto a preparar o meu misto quente. — Ele é bonito? Sim, é impossível negar isso. Mas eu não estou interessada nele. Eu limparia tranquilamente o apartamento de qualquer pessoa naquelas condições.

Encerro o assunto sobre o vizinho minutos depois e as obriguei a contar sobre a noite das mesmas com os amigos do Hacker. E descubro que a London beijou o tal do Aaron.

Quase duas horas depois, encerramos a ligação e eu fui arrumar a minha casa. Mesmo ela não estando muito bagunçada, eu faço questão de organizar absolutamente tudo e passar pelo menos uma vassoura e pano por cada cômodo.

O restante da tarde, entreguei alguns currículos pelo bairro e também online, assisti séries e filmes. Preparei algumas besteiras para comer e à noite, fui para o apartamento das minhas amigas.

[...]

Já faz alguns dias que bebi como se não houvesse um amanhã. Cantei Justin Bieber para todos do bar, perdi a minha chave e uma das pior coisa me aconteceu: dormi no chiqueiro que o meu vizinho chama de apartamento.

Todas as vezes que eu acordo de ressaca afirmo que nunca mais eu vou beber, mas eu sei que não passa de uma grande mentira. Entretanto, isso não quer dizer que vou parar de falar.

E no final de semana passado saiu essa mesma frase.

Desde aquele dia, não o vi e não trombamos mais pelo o caminho como todas as vezes. Não sei se ele está passando mais tempo fora de casa ou se foi porque eu o acordei aos gritos, e o mesmo está evitando me encontrar. Mas agradeço por isso, porque estou morrendo de vergonha de encará-lo.

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