Meu Professor

Capítulo 3

A noite foi longa. Não parava de pensar no quão ignorante e prepotente ele era.

Mensagens:

Pedro: [G-day, love]

Rainha: [ Fui resolver umas coisas, boa aula. Eu te amo.]

Anônimo: [Oi, tudo bem?]

Fui respondendo as mensagens e notei que tinha uma mensagem de uma pessoa que eu desconhecia. Sem foto. E no nome estava "Fire".  Mas respondi.

Mirela: [Oi, quem é? Como conseguiu meu numero?]

Anônimo: [ Acabar com a graça? Mas com certeza você deve estar pensando que sou um maníaco, but não sou.]

Mirela: [Tirando o fato do meu filme preferido ser "Pânico". Tá. Mas você é da escola?]

Anônimo: [ Sort of, nos vemos na escola, Mirela.] - Mais ou menos.

Sim, é sinistro. Mas não parece ter "maldade".
Fui para o Colégio e encontrei a Alissa na porta da minha sala.

- Oi, tudo bem? - diz Alissa. - Trouxe cafeína, precisa? - pergunta.
- Eu normalmente preciso sempre. - digo enquanto pego o café. - Você está bem? Estava me esperando? - pergunto.
-  Sim- suspira e continua-, quero saber se pode fazer parte do comitê pro baile antes das férias - diz ela.
- Mas já? As férias não é daqui 6 meses? - pergunto-, mas topo. - finalizo.
- Sim, mas tudo tem que ser perfeito.

Alissa é a menina perfeccionista que toda escola tem, a menina que todo mundo quer andar. A típica loira, olhos claros, simpática, enfim, mil e uma qualidades. A que todo mundo quer agradar. Eu no entanto não curto muito "bailes", organizações, sou mais de ficar em casa, assistindo e normalmente chorando porque eu amo um filme clichê.

Fui ao banheiro e entrei na sala de aula.

"No Brasil você costuma entrar atrasada em aula?". Pergunta o professor. Aquele bendito professor. Sr Phillipe.

- Perdão - digo.

Senti que todos estavam me olhando. Ele continuou explicando a matéria.

- Façam os exercícios da página 23. Dúvidas se direcionem a minha mesa. - diz ele.

Ele sentou na mesa dele e eu estava de frente para ele.

"Will, depois você pode me ajudar?"  Perguntei para o Will.
"Claro, quer estudar em casa?"
"Perfeito"

- Está com dúvidas, brasileira? - pergunta Phillipe que continuará a dizer- mas claro não de bons modos, porque é muito feio deixar o cachorro urinar na casa do vizinho. - conclui.
- Não, obrigada pela preocupação, não estou com dúvidas. - digo.
- Okay, só estava preocupado. - diz ele.

Minha respiração começou a ficar lenta. Ficar de frente para ele, ver ele concentrado. Comecei a suar e ele começou a mordeu o lábio concentrado enquanto escrevia.
"Tenho que ir, já volto" digo enquanto saio às pressas.
- Não quer pedir licença? - diz ele
- Sim, por favor. Licença.  - digo.

Eu fui direto ao banheiro. Lavei o meu rosto. Passei um pouco de água no meu cabelo. Eu estava pensando nele. Na boca dele. No toque dele. Apesar dele ter mil defeitos.

Anônimo: [ Você está bem?]
Mirela: [Afinal, quem é você?]

Anônimo: [ A pergunta deveria ser: Aonde você está?]
Mirela: [Se você for um psicopata diria que está em frente ao banheiro.]

Ele só visualizou. Voltei para a sala. Sr Phillipe levantou da mesa e foi em direção à porta.

- Podemos conversar aqui fora Mirela? - pergunta ele.
- Sim.

- Turma, continuem fazendo o exercício, deixe a folha na minha mesa, fiquem em silêncio. - ele diz para a turma e aponta em direção a saída da sala para mim.
Ele ficou me olhando em silêncio.
- Você me chamou aqui, então deve ter algo para me dizer, certo? - digo para quebrar o silêncio.
- Sim, acho que temos um problema mas não precisamos deixar isso interferir na sua competência em minha aula.
- Mas como assim? - pergunto.
- Você saiu sem pedir licença - diz ele
- Eu passei mal, eu não queria ter agido assim.
- Mas você está bem agora? O que houve? - pergunta.
- Não sei lhe dizer. - digo.
- Você tá suando por que? - pergunta
-Ahn?
- Seu cabelo atrás tá encharcado - diz apontando e  mordendo os lábios -, enfim Mirela, espero que tenhamos nos resolvido.
- Posso voltar? - pergunto.
- Por gentileza - finaliza

Voltei para a minha mesa, terminei o dever e deixei na mesa do Sr Phillipe.
Olhei para o Will que estava ao meu lado.
- Pode ser hoje às 4pm? - pergunto.
- Fechado. - diz ele.

- Mirela, vem na minha mesa. -  Phillipe me olhou com uma expressão que eu nunca tinha visto antes: raiva.
- Oi, tô aqui.
- Perfeitamente, você tirou D, você errou praticamente tudo. - diz ele
- Impossível, posso ver?
- Você verá sua prova em breve.
- Me desculpa, eu juro, eu sabia tudo. - digo
- Ta liberada por hoje - finaliza rispidamente.

Pego minhas coisas e vou para minha casa. Eu nunca havia tirado uma nota ruim. Não que eu seja uma nerd, mas sempre fui de me dedicar em tudo. Sou intensa em tudo que me proponho a fazer. Isso me frustrou.
- Não vai tomar café? - diz minha mãe.
- Eu não estou me adaptando aqui, eu queria voltar para o Brasil - digo.
- Filha, tudo é difícil no começo - diz ela
- Claro, você não estuda, não precisa trabalhar, ou seja, não precisa tentar conversar e fazer amizade.
- Filha, amizade é consequência das nossas ações. - diz ela.

Engoli o café, peguei o carro e fui para a casa do Will.
Quando você vai mal em algo você tem duas opções.
1 - Taca o famoso "foda-se" e tenta melhorar.
2- Taca o foda-se e melhora.

Fiquei em frente da casa do Will. Ela era linda.

- Oi, vai ficar aí fora? - Will abre a porta me assustando.
- Como sabia?
- Que você está aí fora? Temos câmera.
- Claro, da pra entender. - Falo enquanto olho para a casa.

A mãe do Will. A Sra Evans estava na cozinha.
- Mirela? Oi, prazer em te conhecer. Will falou muito de você - diz ela.
- Ah, nossa. Prazer em te conhecer também.
- Bom, vamos subindo - diz o Will.
- Vou levar cookies para vocês. - diz ela.

- Desculpa pela minha mãe. - diz ele.
- Ah, não, imagina. Ela é uma fofa! - digo

Começamos a estudar, vocabulários, pronúncias e verbos. Eu achava que conseguia me comunicar bem mas segundo o Will eu me perco na conversa. E ele tem razão. Eu me esforçar para aprender não quer dizer que eu seja boa.

- Okay, chega de aula. - diz ele.
- Isso, por favor, esses sons de "Th" me mata. - digo e começamos rir.
Will chegou bem perto de mim, ficou de frente para mim. Estávamos nos aproximando. Senti calafrios, apesar de eu mal conhecer ele.
- Os cookies - entra a Sra Evans no quarto com uma bandeja cheia de cookies recheados de chocolate.
Will se afasta rapidamente.
- Ah, eu acho que vou indo, minha mãe precisa do carro. - digo enquanto me despeço.