"estou, foi só..." ele parou, respirou fundo. "um pesadelo."

jungkook fez um som de compreensão e se aproximou mais dele, a lua alta no céu brilhava sem parar, os cobertores se acumularam nas suas pernas num indício da noite de sono interrompida.

tomou alguns minutos para namjoon se estabilizar de novo, seu peito subir e descer num ritmo normal e suas mãos pararem de tremer como folhas. aos poucos as memórias do pesadelo iam enfraquecendo, já não tão vívidos quanto antes, e ele sentiu que poderia respirar normalmente de novo.

"você precisa de alguma coisa?" namjoon negou a oferta com um suspiro cansado e tentou se acomodar de novo nos cobertores. não poderia se dar ao luxo de perder uma noite preciosa de sono por causa de um pesadelo aleatório.

com o tempo passando rápido, o mais velho se pegava cada vez mais ansioso. em pouco menos de uma semana para finalizar as preparações da viagem de trem, não faltava muito para finalizar o valor necessário para pagar as passagens e eles não poderiam procrastinar ou relaxar nos últimos momentos.

"você vai voltar a dormir?" jungkook perguntou curioso, se curvando para conseguir olhá-lo nos olhos.

"sim, temos muito trabalho pra fazer pela manhã." tentou sorrir e não preocupar o garoto, mas pela expressão de tristeza dele não deu certo.

namjoon se deitou novamente, suspirando pesado enquanto forçava sua mente a esquecer as cenas do pesadelo e o sentimento de incapacidade que lhe atormentava sempre que lembrava de seo-jin. mesmo depois de anos ele não conseguia se livrar da culpa, do peso, da frustração de não ter sido capaz de salvar seu único amigo. a vida nos subúrbios sempre foi ruim, mas nada impedia de ficar pior.

jungkook se acomodou ao seu lado, os grandes olhos azuis brilhavam mesmo com o quarto escuro e parecia refletir as estrelas piscando no céu. namjoon se forçou a relaxar um pouco no colchão, uma parte de si aliviado que não estava só num momento como aquele. geralmente ele gostava de se ver como alguém independente e capaz de se virar sozinho pela vida, mas nos últimos dias ele encontrava um conforto gigantesco em ter alguém do seu lado.

aquilo tanto lhe aquecia por dentro quanto lhe aterrorizava — nada era pior do que ter algo que era apegado arrancado de você.

"quer que eu cante uma canção de ninar pra você?" namjoon sorriu com a oferta, tomando como uma brincadeira para aliviar o clima, mas ao se virar e ver que jungkook estava sério e determinado a realmente fazer isso, ele parou. em poucos segundos considerou a proposta e assentiu, movido por pura curiosidade do tipo de canção de ninar que ele deveria ter no seu acervo.

"fique a vontade."

jungkook sorriu largo, imediatamente se colocando na melhor posição para que pudesse cantar. ele murmurou sob a respiração consigo mesmo, num debate sobre qual canção seria a melhor para fazê-lo dormir tranquilamente. enquanto escolhia, suas mãos se ocupavam em arrumar o cobertor de namjoon de forma que só seu pescoço e cabeça ficassem descobertos. o mais velho não protestou, pelo contrário, deixou com que jungkook fizesse o que achasse melhor enquanto se fazia ficar confortável nos travesseiros.

"essa canção a senhorita han costumava cantar pra mim. ela dizia que era uma história sobre uma garota que tinha longos cabelos com o poder de curar qualquer pessoa de qualquer coisa se cantasse essa música." ele explicou com um tom nostálgico, deitando de lado com a cabeça apoiada em uma das mãos, a outra enrolava alguns fios curtos do cabelo de namjoon nos dedos.

"seria útil você ter um poder desses." murmurou num falso tom zombeteiro, fazendo jungkook apertar os olhos e puxar uma das mechas que estava segurando com um pouco de força em vingança.

enrolados ⋆  namkookWhere stories live. Discover now