11.

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O coração dela trovejava dentro do peito, as mãos se esfregavam rapidamente, buscando um calor há muito distante. Algo parecia estar errado, uma sensação que combinava com o estômago revirando.

Aquela voz pequena e distante em sua mente a mandava embora, como sempre havia feito. Recuar, fechar, erguer os muros, Nestha aprendeu a viver a partir desses lemas desde muito nova. E agora toda sua mente e corpo quase a forçavam a se retirar.

Mas ela ficou, permaneceu ali e bateu na porta marrom enquanto sua consciência a mandava embora e seu coração parecia pronto a pular de sua boca, rumo a qualquer caminho desconhecido que pudesse encontrar.

Seus sentidos pareciam mais aguçados, por isso Nestha podia quase distinguir cada som que a porta emitia ao ser destrancada. Se se concentrasse, talvez realmente conseguisse fazer essa diferenciação entre os tons. Porém, naquele momento só conseguia pensar que era ele. Ele. Cassian. Era ele quem destrancava a porta, a pessoa atrás daquele muro entre eles.

Ela não sabia, mas Cassian havia estranhado as batidas. O homem, sentado em seu sofá, mexia no celular distraidamente quando se deu conta que não esperava ninguém, mas aparentemente alguém exigia sua atenção. E quando virou a maçaneta, tendo revelada a figura de Nestha parada a sua frente, os olhos castanhos se encheram de surpresa por um instante.

Se não imaginava o porquê de alguém bater em sua porta tão tarde, muito menos adivinharia que a pessoa era Nestha em carne, ossos e cabelos castanhos caindo em cascata como poucas vezes ele viu.

— Oi — ele disse baixinho, ainda surpreso, a olhando como se fosse uma miragem.

Respirando fundo, ela o encarou, os seus olhos cinzentos fixados nele. Uma rápida observação e ela captou todos os detalhes sobre Cassian e forma como ele estava relaxado naquele momento, trajando somente um short de moletom negro.

— Oi — respondeu, se sentindo uma boba, embora fosse a única coisa que conseguia formular.

Afinal, o que estava mesmo fazendo ali? Como deixou que um ímpeto sentimental fizesse seus pés se mexerem traçando um caminho direto até ele? Era como se finalmente voltasse para a realidade, as lembranças da conversa com Feyre a atingindo em cheio.

Ele a amava, Feyre disse aquilo, não? Nestha só conseguia pensar nisso, que Cassian gostava dela para além do acordo.

A testa dele continuou franzida, no rosto masculino parecia haver tentativas de entender o motivo de Nestha estar parada ali, porque seu coração tinha gravado bem a imagem dela indo embora, dela virando as costas dizendo que aquilo nunca daria certo.

— Você... você esqueceu alguma coisa? — seu tom estava muito mais fraco do que em qualquer vez antes e ele engoliu em seco.

O rosto de Nestha caiu como se ela tivesse levado um tapa, era como se a ardência houvesse marcado sua bochecha. Fazia semanas que eles não se falavam, ele havia até mesmo ligado algumas vezes e agora a respondia assim?

— Não — ela se virou — Não deveria ter vindo aqui — falou saindo.

Cassian fechou o rosto instantaneamente, segurando o pulso dela antes da mesma se virar.

— Você veio até aqui sem me avisar, como quer que eu reaja? — perguntou, e era possível sentir toda a mágoa por baixo daquela pergunta.

Era como se ele fizesse mil perguntas através daquela, dez mil porquês entoados ali.

— Você ficou atrás de mim até agora — Nestha levantou o queixo, o seu sinal de orgulho — Deveria estar um pouco mais feliz.

O olhar dela se endureceu e Cassian viu, em meio aos redemoinhos de tempestades que eram os olhos de Nestha, que ela voltava ao velho jogo de usar palavras como escudo. Isso o fez soltar um suspiro.

Call me by NesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora