Capítulo 3

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Callie.

Acordei cedo, como sempre. A rotina pesada de trabalho que eu tinha no Brasil sempre me fazia acordar às cinco da manhã. Não precisava nem mesmo do maldito galo, apenas um feixe de luz e eu já estava desperta e ligada no 220.

Decidi fazer a faxina no meu quarto, limpei todas as casas de aranha e tirei toda a sujeira. Tentei colar algumas pontas soltas do papel de parede com durex, e até que deu certo.

Por último, descarreguei minha mala, guardando as roupas e sapatos no closet.

Por volta das dez horas, Jonny acordou. Eu já estava jogada no chão limpo, conversando no WhatsApp, quando ele entrou no meu quarto e se jogou ao meu lado, suspirando dramaticamente.

— O que vamos fazer hoje? — Perguntou.

Eu não queria fazer absolutamente nada, mas tentei não parecer tão sem sal por preferir ficar em casa olhando o teto.

— Por que não sai com seus amigos? — Sugeri.

— Eu não tenho amigos.

O olhei, mas ele não parecia triste.

— Tipo, nem unzinho?

— Eu não suporto gente — bufou. — Vou te dar um pé na bunda em alguns dias também, relaxa.

Tudo bem. Eu estava quase me acostumando com ele.

Meu celular acendeu com uma mensagem de Emily. No privado, ela me mandou uma foto só de biquíni e me perguntou se eu tinha gostado. Bom, nela ficou lindo demais.

É, precisava queimar o meu maiô urgentemente.

Me peguei imaginando se podia usar um biquíni assim. Eu queria parecer como Emily. E esse parecia um bom começo para o meu projeto.

— Onde eu consigo um desses? — Perguntei, mostrando a foto ao Jonny.

— Uau, gata. Vai vestir um desses pra quem?

A pergunta me deixou sem jeito, mas não era assim que eu queria reagir.

— Bom, já que eu sou sua melhor amiga temporária, então acho justo que me ajude em uma coisa.

As engrenagens na minha cabeça começavam a rodar rápido demais, em uma velocidade perigosa. Eu sempre fui muito geniosa, mas estava apostando todas as minhas fichas nesse novo plano.

— Tipo o quê?

— Tipo um projeto — comecei. — Precisamos reformar uma coisa.

Sorri. Ele estreitou os olhos.

— Que seria?...

Eu.

- Esta falando mesmo o que eu estou pensando?

Seu sorriso aumentava gradativamente, e eu me peguei sorrindo em resposta.

- É. Meio que não dá pra se adaptar a nova vida nesse país, sendo a antiga eu.

- Eu entendo perfeitamente. Você precisa de uma mudança radical, não é mesmo?

- Basicamente, desde que cruzei a fronteira. - Eu me virei de braços, apoiando os cotovelos no chão. - Olha, isso significa muito pra mim. Mudar. Eu vivi toda a minha vida sendo chata e calada, e sem graça. Uma pessoa comum e tradicional. Mas isso aqui é L.A., ninguém em L.A. é tradicional.

- Você tem um ponto. Mas tem que estar disposta a isso. Não adianta apenas mudar o cabelo, tem que mudar seus medos e seu jeito de pensar.

— Você é ator. Pode me ensinar a interpretar um papel.

Amor RussoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin