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Depois de alguns minutos tentando me comunicar, finalmente achei um médico que fale inglês, mesmo que eu não entenda algumas coisas e ele se confunda nos tempos verbais, ainda é útil.

- Intoxicação alimentar. - O médico me informou. - Ela perdeu muito líquido porque vomitou demais, mas estamos resolvendo com soro, a febre já baixou e até onde sei não tem mais dores abdominais, ela está dormindo, pode ver ela se quiser, mas preciso que assine aqui antes.

O sistema público é de qualidade, já estive na Grécia antes, mas eu sei que um hospital particular é mil vezes mais seguro e eu teria resultados mais rápidos.

É sobre isso que o papel se trata, ela não vai passar muito tempo aqui, só vai ficar até o soro terminar, vai querer me matar por pagar sozinho, mas se depender de mim ela não vai saber.

Entrei no quarto, a bolsa que eu havia preparado está em cima da poltrona, tirei ela dali para eu poder sentar, eu não tenho muita coisa para fazer, o celular me deixa no tédio e eu não tenho muita simpatia por hospitais.

Antes de decidir dormir, levantei e fui até ela para verificar, estava menos pálida do que antes, beijei a mão dela, em seguida a bochecha, fiquei observando por um tempo.

Eu quebrei, quebrei a maldita regra, me apaixonei, não agora, mas desde o nosso primeiro encontro naquele restaurante, eu só estava tentando me convencer de que não era real, mas é, real demais para ser verdade, fico me perguntando o que ela sente, e se talvez, e só talvez esteja tentando fazer o mesmo que eu tentei, se convencer de que não é real.

Dormir é o que qualquer pessoa normal faria para se afastar dos problemas, mas não consegui, fiquei escrevendo músicas inacabadas, recebi algumas ligações da minha mãe, me informando sobre algumas coisas importantes e aposto que eu encontraria pelo menos três conhecidos da festa se saísse do quarto. Não sei bem quando dormi, mas quando acordei ela não estava mais deitada na cama, ótimo, a perdi de novo, a bolsa ao meu lado está aberta, o que indica que talvez tenha ido tomar um banho, mesmo assim, eu preciso verificar, me levantei, e quando estava indo em direção a porta ela se abriu.

- Bom dia, bom, já é uma da tarde, então eu acho que não é mais considerado um bom dia. - A abracei imediatamente, ela pareceu surpresa, mas retribuiu.

- Você está bem? - Perguntei, ela assentiu, sorrindo, dei um beijo nela, involuntário, quando percebi o que fiz me afastei. - Desculpa, eu não quis...

- Tudo bem, foi a emoção. - Ela sorriu de novo. - Obrigada por me trazer, eu estava péssima.

- Eu fiquei preocupado. - Confessei. - Sente dor ainda?

- Um pouco, e enjoo também, mas os médicos disseram que é normal. - Ela suspirou. - E eu só posso comer algumas frutas, legumes, ou sopa. - Ela fez uma careta, não contive a risada.

- Mingau e chá também são indicados. - Ela me olhou surpresa. - Eu pesquisei sobre alguns alimentos. - Ridículo confessar isso.

- Eu estraguei a sua viagem não é? Desculpa. - É péssimo saber e perceber que ela realmente se sente culpado.

- Você não estragou nada. - Jamais estragaria alguma coisa. - E nós ainda temos dias para aproveitar. - Cheguei mais perto e coloquei uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. - O que acha de um almoço digno? - Ela abriu um sorriso, do tipo que eu mais gosto.

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- O que ela disse? Eu perdi a última parte. - Perguntei sussurrando, estamos prestando atenção na briga de um casal na mesa ao lado.

Don't let me go • Harry StylesWhere stories live. Discover now