10 | Mamy

2.7K 172 44
                                    

Quando acordei, decidi dar uma corrida, é bom poder sair em um lugar onde ninguém vai te fotografar, já que a casa é uma das únicas ali, isolada, particular.

Voltei caminhando, e refletindo, passamos três dias divertidos, talvez, e só talvez, uma parte de mim não quer que isso acabe.

Quando cheguei, a primeira pessoa que avistei na cozinha foi ela, parece até ironia, como se meus pensamentos aparecessem na minha frente.

- Não vi você sair. - Sinto a animação dela, arrumando algumas coisas em um prato. - Onde foi? - Dei um passo na direção dela, pude ver Rose arrumando a mesa, estava agindo assim por causa da mãe?

- Fui correr. - Falei a abraçando por trás.

- Isso é...- Ela se virou, ainda envolvida pelos meus braços. - Suor?

- Sim, como eu disse, fui correr. - Realmente, minha regata estava grudada no corpo.

- Você está nojento. - Ela me empurrou pelo ombro, não com as mãos, mas sim com as pontas dos dedos, fiquei observando a cena enquanto era empurrado para longe.

- Você é uma fresca. - Retruquei.

- Eu não sou fresca, você que é nojento e pensa que todos tem que ser. - Olhei para ela, fingindo que estar ofendido. - Vai tomar um banho.

- Está me tratando como se eu tivesse cinco anos? - Perguntei sarcástico.

- Às vezes parece que você tem. - Ela falou debochada, abri a boca em um perfeito "O".

- As duas crianças podem parar? - Dylan falou entrando na cozinha.

- Ok, eu vou tomar um banho, mas não por que você mandou, e sim porque eu quero. - Falei, como se tivesse vencido uma batalha, ela me olhava debochada, venceu, porque para falar a verdade, eu não tomaria banho, comeria primeiro e depois faria isso.

* * *

- Quer que eu dirija? - Perguntei assim que coloquei todas as malas no carro.

- Se você não se importa... - Ela disse entrando no carro.

Dei partida, lembro do caminho, mas poderia perguntar se fosse o caso.

- Não foi tão ruim quanto eu pensei. - Ela apenas suspirou. - Tirando a parte que ela pensou que eu só quero me beneficiar com você.

- Se beneficiar?

- Sexualmente. - Falei rápido, e breve.

- Você interpretou assim? - Ela não falou com raiva, mas eu senti que precisaria medir cada palavra.

- Sim, pelo menos foi o que pareceu. - Ela pareceu pensar por um momento. - Mas não importa, ela pareceu gostar de mim...se ela soubesse que estou a pouco mais de um mês sem fazer nada, inclusive, como você lida com isso?

- Lido com o quê? - Ela se fez de desentendida, péssima ideia.

- Com a abstinência. - Falei óbvio.

Ela não respondeu, apenas revirou os olhos.

- O quê? Você tem um vibrador? - Perguntei rindo.

- Como você consegue ser tão inconveniente? - Um pouco de vergonha misturada com raiva.

- Foi só uma pergunta, nada de mais. - Me defendi.

- Não comece com os joguinhos, você sabe que nunca é só uma pergunta quando vem de você. - Não posso negar que está certa, quando se trata dela nunca era só uma pergunta.

- Sabe o que eu acho de todo esse seu estresse? - Fiz uma pergunta retórica. - Falta de sexo, mas sabe, podemos resolver isso quando chegarmos.

- Você é bem melhor calado. - Ela disse por fim. - Eu vou dormir, só me acorde se for algo de estrema importância.

Não discuti, ela está nitidamente cansada e já não vale mais a pena irritar ela. Faltam pelo menos meia hora para chegarmos no apartamento, senti meu celular vibrar, tirei rápido do bolso e olhei de relance.

Dona Anne, minha mãe, nos falamos por mensagem durante esses dias, ela costuma ligar. Senti necessidade de atender, mas estou em uma situação meio complicada, não posso atender e simplesmente segurar o celular enquanto dirijo, mas também não quero colocar no vivo a voz e acordá-la. Foi por isso que parei no acostamento.

- Liz, eu vou atender uma ligação. - Ela apenas murmurou um "uhum".

Sai do carro e olhei para o celular, o nome do contatos em letras bem grandes escrito "Mãe" na tela.

- Harry, querido! - Ela exclamou animada. - Tudo bem com você?

- Sim mãe, tudo perfeito. - Apoiei as costas na porta fechada.

- E a sua namorada, como vai? - Suspirei e olhei para o céu antes de responder.

- Ela está bem, disse que está ansiosa para conhecer vocês. - Ela não disse, mas sei que minha mãe fica feliz de escutar essas coisas.

- Foi exatamente por isso que liguei. - Franzi o cenho, ela não pode ver, é uma mania que tenho. - É sobre a Grécia.

- Ah, claro, a Grécia. - Fingi saber do que ela está falando.

- Você esqueceu, não é? - Escutei ela respirar fundo.

- Sinceramente, não faço ideia do que está falando. - Rimos juntos.

- O casamento da sua prima, Ella. - Levei a mão ao rosto.

- Mãe, sobre isso, eu não...

- Você vai sim. - Soou como uma ordem. - Não vai faltar ao casamento de um parente, ela te convidou a meses, está animada com a sua presença.

Eu não vejo meus primos a algum tempo, geralmente nos encontramos nas festas de fim de ano, nos divertimos e conversamos como se nos víssemos todos os dias.

- Tudo bem, eu vou. - Falei firme, mas secretamente não quero ir.

- Leve a Elisabeth, vamos adorar a presença dela.

Não respondi de imediato, fiquei um pouco mais tranquilo ao lembrar que provavelmente ela teria que ir junto.

- Ela com certeza vai adorar a notícia. - Falei por fim, posso sentir o sorriso da minha mãe.

Falamos mais um pouco e desliguei. Quando entrei no carro tomei um susto, a um minuto ela estava dormindo, agora está acordada devorando um pacote de doritos.

- Essa coisa é fedorenta. - Reclamei do cheiro da comida, eu realmente não gosto do cheiro que essa coisa tem.

- Qual é, não seja tão chato, pega um. - Ela me ofereceu, neguei. - Você não vai ficar menos definido. - Dei uma risada nasal.

- Eu não gosto dessa coisa, não é pelo meu corpo.

Ela revirou os olhos e voltou a comer, dei partida no carro.

- Quem era? - Perguntou sem dar muita importância.

- Minha mãe. - Ela pareceu surpresa, já que eu nunca falo muito da minha família. - Gosta de casamentos? - Intercalei meu olhar entre ela e a estrada.

- Bom, já faz tempo desde o último, mas sim. - Franzi o nariz, ela estava olhando para dentro do pacote de salgadinho.

- Então vai gostar de saber que vamos em um. - Ela parou de comer e me lançou um olhar curioso. - Minha prima vai se casar, na Grécia.

- Ai meu Deus, sim. - Comecei a rir da reação dela. - A resposta é sim para a Grécia.

- E quanto ao casamento da minha prima? - Fingi estar ofendido.

- Felicidades para ela. - Deu de ombros, fingindo desdém.

Eu poderia ficar bravo, mas não poderia já que eu mesmo não quero ir, mas a felicidade dela de estar indo para a Grécia já basta.

_________________________

Don't let me go • Harry StylesWhere stories live. Discover now