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Acontece que eu precisaria participar de eliminatórias antes da festa do peão de Barretos começar. Eu tinha que subir no ranking e estar entre os 30 melhores para poder competir na arena. Eu não percebi quando chegou, mas quando faltavam algumas semanas para o evento lá estava eu como uma pilha de nervos ligada no 220.

Se eu contar aqui que me lembro de cada detalhe daquelas eliminatórias eu estaria mentindo, porém a parte mais difícil foi lidar com o "olho gordo" dos outros competidores. Eles desdenhavam e diziam que ali não era lugar para filhinho de papai. Eu sorria e piscava um olho metendo o foda-se, mas em diversas vezes me perguntei o que eu estava fazendo ali... Tadeu não me deixou desanimar, porém. E eu mostrei para eles que merecia sim estar ali, tanto que desbanquei vários deles e fiquei em 17° lugar no ranking. Agora era esperar o tão aguardado dia.

Tadeu havia me moldado bem mais que um mero peão; eu também tinha me tornado quase um ninfomaníaco; o que não vem ao caso, mas eu queria falar. E eu não era assim antes dele. Não que venha ao caso, mas queria deixar claro novamente, enfim, etc, rs.

Nesse meio tempo ele conheceu meus amigos, meu pai e o Rafael. Ele adorou o aras e todos os cavalos que tínhamos. Tadeu era um homem fácil de agradar, ele gostava do simples. Curtia a lida na fazenda e de cuidar dos animais. Status nunca subiu à cabeça dele e isso me deixava ainda mais encantado.

Meu pai gostou bastante de conhecê-lo, mas ficou preocupado de como eu sairia no final dessa história porque, segundo ele, eu estava de quatro pneus arreados pelo peão e a gente não tinha nada oficialmente. Rafael por outro lado me aconselhou a viver o momento e me entregar de corpo e alma; esse conselho eu estava vivendo todos os dias.

Em outra ocasião saímos para um bar no centro e lá rolou uma situação interessante.

Estávamos numa mesa com nosso grupo, a certa altura da noite com alguns mais bêbados que os outros, eu na turma dos mais. Tadeu só bebeu algumas garrafas de cerveja porque iria nos levar de volta para casa. Aí precisei ir ao banheiro e quando voltei um rapaz que eu já tinha ficado no passado me abordou e sugeriu que saíssemos dali para um lugar mais tranquilo. A verdade é que se fosse em outra época eu teria arrastado ele para a lateral do bar, no escuro, e lá teria rolado umas sacanagens no maior estilo public-sex, mas, no entanto, eu estava casadinho com o homem dos meus sonhos. Homem esse que no momento que eu negava a investida pela quarta vez colocou o braço na minha cintura e me puxou para si perguntando com a voz impostada "qual é o problema?", o rapaz sumiu depois de dizer gaguejando que não era nada e juntos voltamos para a mesa.

Eu pra lá de contente por Tadeu ter mijado no território e ele com a cara amarrada pela audácia do menino em dar em cima de mim mesmo percebendo que eu estava acompanhado, palavras dele.

Naquela noite, depois do bar, Tadeu entrou em mim para marcar. Não só o meu corpo, mas a minha alma. Naquele momento eu percebi, que sim, eu estava apaixonado e no ápice do tesão, segurando os cabelos de sua nuca eu sussurrei as tão temidas palavras, e isso foi como um fósforo sendo riscado em gasolina. Gozamos minutos depois e dormimos daquele jeito mesmo.

No outro dia foi um pouco estranho, mas ambos sabíamos o que tinha rolado na nossa intimidade e estávamos "de boa" apesar de um pouco constrangidos. Eu muito mais, diga-se de passagem.

Porém a gente não tinha tempo para pensar nessas coisas porque, como eu disse lá em cima, o campeonato estava se aproximando e o Tadeu estava me matando de tanto treinar. Pois ele teve a capacidade de renovar a minha matrícula na academia da cidade; academia essa que eu só pagava e não ia porque era gostoso naturalmente.

Fortaleci as pernas, os braços e os troncos. Já conseguia ficar os 8 segundos em cima do Sulista muito de boa e mudamos para um cavalo mais bravo, depois para outro. Agora esperar qual cavalo eu iria pegar no sorteio no dia do campeonato oficial.

A verdade é que esse meu sonho juntou várias pessoas em um objetivo: me ver ganhar; ou ao menos ver o Tadeu em ação, mesmo que nos bastidores. A notícia de que ele estava treinando um sucessor foi como fake news solta pelo bozo, ganhou o mundo. E isso me deixou ainda mais nervoso *rs, como Analu gosta de colocar nos finais das mensagens.

Mas o que eu podia, e ia, fazer era ficar relaxado e tranquilo para aguentar a pressão que já estava esmagando o meu peito faltando ainda tantos dias para a ação.

— Faz uma massagem em mim, hoje, meu chucro — pedi manhoso, deitado em sua cama, de cueca e pronto para dormir. Ele concordou sem protestar e pegou um hidratante que eu tinha deixado ali. Espalhou pelas minhas costas e se sentou na minha bunda. Gemi satisfeito com a força imposta por ele.

— Tu tá pronto, cê sabe né? — perguntou, deixando um beijo na minha bochecha.

— Eu sinto que tô, mas ainda assim fico nervoso. Olha só onde te meti. — Ele sorriu.

— Eu achei que nunca mais ia me meter nesse meio. Tava feliz em criar esses cavalos frescos, mas te ver montar e ficar o tempo necessário em cima dos bichos parece que me deu vontade de viver de novo. Tua conquista é como se fosse minha, entende?

Me forcei a virar para cima e ele ficou sentado em meu colo.

— É uma conquista sua também, mô. Nada seria possível de você não desse tão duro comigo; e não tô falando nada de sexual — rimos. — Você é um ótimo professor e eu espero aprender muito mais com você.

Ele se inclinou e me beijou de leve.

— Você também me ensinou algumas coisas — rebolou fazendo meu amiguinho acordar. Mordi seu lábio inferior.

— É? E que tal tu me mostrar o que aprendeu?

Forcei o corpo e fiquei por cima dele, esfregando meu pau no dele e arrancando um gemido dolorido por ter mordido o queixo dele (eu amava). Mas o que aconteceu ali fica só para a gente mesmo, me matem.

***

— Senhoras e senhores — começou o locutor. — Sejam vem vindos ao grande rodeio de 2020! Olhos atentos na arena, porque vocês serão testemunhas do maior show pirotécnico já visto na história!

E uma música de raiz tocada na viola começou a sair pelos alto-falantes. À medida que a música ganhava entonação fogos de artifícios saiam sincronizados com a música. Realmente, aquele ano eles tinham se superado. A energia que emanava da arena era surreal e eu a tomei todinha pra mim. Os outros competidores estavam tão nervosos quanto eu, mas nenhum deles ali era estreante. Eu tinha dado um tiro no escuro e eu iria acertar o alvo.

O Grande DesafioOnde histórias criam vida. Descubra agora