capítulo extra

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— Me diga novamente, por que você precisa me seguir? — Akane questionou, a irritação clara em sua voz.

— Eu não estou te seguindo, estou te acompanhando. — Teru cantarolou em resposta, colocando as mãos na nuca e olhando para o céu enquanto caminhava a seu lado.

— Eu não preciso ser "acompanhado" até em casa, Pres.

— Que tipo de encontro seria, se eu te deixasse voltar sozinho?

— Aquilo não foi um encontro. — Akane estufou o peito, cruzando os braços e encarando Teru.

— Passamos o dia inteiro nos divertindo juntos e eu até consegui presentes para você. — Para dar ênfase, Teru levou uma mão ao bolso do casaco e tirou um pequeno camarão de pelúcia, balançando na frente da Akane. — E depois eu te convidei para minha casa e jantamos juntos.

— Sim, aí começamos a falar sobre sobrenaturais e todos os problemas que teremos pela frente por causa deles. E foi seu irmãozinho que fez o jantar.

— Isso são apenas detalhes. Eu te convidei para um encontro, e você aceitou ir comigo. — Teru exibiu um sorriso confiante e irritante, que Akane adoraria desmanchar com um tapa.

Já passava das onze da noite, e os únicos sons presentes eram os de seus próprios passos enquanto ambos caminhavam pela calçada.

Diferente de sua configuração habitual — Teru liderando o caminho e Akane o seguindo com uma expressão irritada —, eles estavam caminhando lado a lado, próximos o suficiente para que seus braços se encostassem ocasionalmente. Akane continuou lançando olhares irritados para Teru, mas ele ignorou, sabendo que Akane poderia facilmente acabar com isso criando espaço por conta própria, mas ele não o fez.

Uma brisa fria soprou, fazendo os braços de Akane arrepiarem. Contra sua vontade, ele se lembrou de horas mais cedo, sentado ao lado de Teru, o observando comer doces como uma criança animada.

— Por que você está fazendo isso? — Dessa vez, seu tom de voz não foi acusatório. É um fato que Teru é diabolicamente inteligente e todas as suas ações acabam fazendo parte de um plano maior. Ainda assim, o presidente costumava sair de seu caminho e fazer coisas desnecessárias apenas pelo prazer de provocar Akane.

— É o meu trabalho. — Teru o encarou, e Akane reprimiu um arrepio.

O "trabalho" de Teru exige descrição. Sua aparência inocente de bom garoto era essencial para que ninguém desconfiasse que ele passava as noites lutando e exorcizando sobrenaturais malignos. Mas mesmo quando ele sorria inocentemente para seu papel, seus olhos sempre brilharam de uma maneira diferente. Sob a luz certa eles faziam Teru parecer, ironicamente, sobrenatural.

— Sou humano novamente, — Akane disse, desviando o olhar. — você sabe disso.

— É mesmo? O relógio continua no seu bolso. — Seu sorriso doce parecia envenenado.

— Presidente Minamoto, por que você está fazendo isso?

— Você já não fez essa pergunta antes? — Teru sorriu levemente, levando a mão até o rosto – a imagem perfeita de inocência. Akane nem piscou. Teru sabia exatamente ao que Akane se referia. — Eu já disse, Aoi. Fiz isso porque gosto de–

— Você estava mentindo, me provocando. Não tem como você gostar da Ao-chan. — Akane se irritou, agarrando o braço de Teru. Ele estava ciente das consequências que isso poderia ter, mas não se importou o suficiente no momento. — Por que você quer nos ajudar a reabrir as fronteiras? Por que você traria de volta os sobrenaturais se eles são o que você mais odeia e jurou exterminar?

algodão doce ٠❁͘  terukaneWhere stories live. Discover now